Taissa.
Acordei e abri as janelas, dia cinzento, frio, portanto vesti minha blusa de moletom e segui rumo ao banheiro e depois à cozinha.
Laura vomitava, talvez estivesse de ressaca, embora não a tivesse visto saindo noite passada quando cheguei.
— Taissa — chamou Ana, séria.
— O que mãe? — Peguei café e fui sentar à mesa.
— Com quem estava ontem? — questionou, a expressão fechada.
— Fui no enterro do pai da Maria, sabe disso — Respondi.
— Não foi isso que eu perguntei, não se faça de sonsa e responda — Exigiu, ríspida. Bebi mais café.
— Depois fui até à casa do Rubens e...
— Fez o que? — Quase gritou, arregalando os olhos por trás do óculos.
— Não tenho que falar sobre isso com você! Deveríamos ter tido essa conversa há vinte anos atrás! Mas eu não pude contar com você — Quase engasguei com o café.
— Não te quero perto desse homem! O que houve com Dahn? Por que tem sempre que se envolver com gente que eu não gosto? — Demonstrou seu nítido desapontamento.
— Dahn e eu terminamos há um tempo mãe! Será que a senhora pode superar? Eu já superei, a vida segue, e o que Rubens e Laura tiveram, é passado! — Perdi o controle.
— Eu não me conformo! Suas decisões ainda vão arruinar sua vida! Por que acabaria um relacionamento tão bonito? Vocês eram amigos de infância...
— EU NÃO AMO DAHN, NÃO IMPORTA O QUE VOCÊ E O RESTO DO MUNDI DIGA, NADA VAI ME FAZER AMÁ-LO ASSIM, EU JÁ TENTEI E NÃO CONSIGO, INFERNO! — Interrompi, querendo explodir de tanto ódio.
Nós duas nunca nos demos bem, discordavámos em várias coisas, agora se meter na minha vida? Isso eu não iria aceitar de jeito nenhum! Não quando Ana nem sequer havia me criado.
Quem tinha esse direito era Naomi, minha avó, não ela.
— Ele nunca me inspirou confiança! Será que uma vez na sua vida irá me dar razão? Tudo que eu digo a você é pelo seu bem! Pare de ser tão cega e egocêntrica Taissa! — Pôs a mão por cima da minha sobre a mesa.
— Ninguém é bom suficiente para você mãe! Essa escolha é minha, tenho idade o bastante para saber o que me faz e o que não faz, goste ou não, eu amo o Binho e vou continuar ao lado dele...
— A minha intuição de mãe me diz, tem algo de errado com ele! Eu sou sua mãe, sei o que é melhor para minhas filhas — Interrompeu, apertando meu punho
Me cortou força severa e me olhando de um jeito que nunca fez antes.Parecia estar falando do próprio diabo.
— Sua intuição de mãe? A mesma mãe que ficou anos sem dar notícias do outro lado do mundo? Eu não preciso do seu papel de mãe agora, aliás, nunca precisei, devo tudo a minha avó! — Cuspi as palavras nela, tirando parte do que havia entalado há anos.
Ana me deu um tapa na cara por isso.
Demorei a assimilar, ela realmente tinha me batido?
— Tai, eu não... — Antes de terminar, já tinha levantado da mesa bruscamente.
Voltei ao meu quarto e puxei a mala do guarda-roupa. Nem mais um segundo suportar ficar na mesma casa que ela.
— Aonde você vai? — Akemi parou ao lado da porta.
— Embora — disse, jogando as roupas dentro da mala de qualquer jeito.
— Me leva com você? — Se aproximou, sentando ao lado da mala.
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Somos feitos de sangue e mentiras [Finalizada]
AcakTaissa é uma estudante de astronomia que por obséquio do destino acabou se afastando de seu amigo. Quando as aulas voltaram na universidade em que estudam, os dois retomam convivência, ela acaba notando estranhos comportamentos do ex-amigo, sem imag...