Homem de palavra

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Me viro em direção a cozinha. Ele usa as roupas de ontem, e está com uma xícara em mãos.



— De homens eu espero tudo.



Uma risada fraca sai dele. Eu me aproximo um pouco, Nero faz o mesmo. Ainda visto meu pijama, a roupa que ele arrancou do meu corpo e me tocou minha a pele. Sinto uma ardência dentro do peito só de lembrar.



— De mim você pode esperar só coisas boas. Quer café? Tomei a liberdade de preparar alguma coisa pra gente.



— Estou vendo. — a mesa está posta, ele pensou em tudo. — Você quem fez o café?




— Sim, está muito bom por sinal.



Pego uma xícara e me sirvo um pouco do líquido preto. Realmente, está bem bom. Pelo visto ele tem alguns dotes.



— Dormiu bem? — questiono.



— Teria dormido melhor se estivesse na sua cama. — semicerro os olhos em sua direção. — Brincadeiras a parte, seu sofá é bem confortável.



Observo cada gesto do grisalho. Está a passar manteiga no pão. Aposto que tá com fome, eu estou, não comi nada ontem a noite, estava sem vontade, só que agora parece que tem leões dentro da minha barriga.



Comemos em silêncio, tinha vezes que nossos olhares se cruzavam. Na hora de lavar a louça ele pediu para que fizesse, disse que não precisava, mas continua a insistir. O que resultou em nós dois em frente a pia, eu lavo e ele seca.



Brinco secando minha mão em sua blusa. Ele ri e começa a molhar a dele para deixar a minha molhada também. Meu corpo é prensado contra o mármore, levo minhas mãos em seus braços, de forma involuntária os aperto. Não sei o que estou fazendo.



— Qual a programação pra hoje?



— A minha é levar o carro para o concerto e visitar o Tobias. E a sua? Você não deveria estar trabalhando?



— Me dei folga. Hoje eu vou levar o carro para o concerto e visitar o Tobias.



Bato contra o seu peito e dou risada. Esse homem é inacreditável.



— Palhaço.



— Tô falando sério. Hoje meu dia vai ser com você, minha forma de retribuir o banho, o sofá e a roupa seca.



— Não foi nada demais. Pode deixar que cuido de tudo, vai curtir o seu dia de folga.



Nero se inclina e deixa um selinho em meus lábios. Agora toda vez que nos vermos vai ser?



— Eu tô curtindo. Me fala, qual é o problema no seu carro?



— Não sei, tentei sair com ele ontem, mas não pegou.



— Deve ser a bateria.


Não entendo nada de carro, então concordo. Vou até meu quarto para trocar de roupa, opto por uma calça e camiseta. Mais uma vez me pego tentando parecer bonita. Bendito Alexandre Nero.


Alexandre está sentado no sofá, do jeito em que se encontra parece que está na casa dele, todo largado e à vontade.



— Tira o pé da minha mesinha de centro. — toco em sua perna.



— Tá gostosa, essa calça te valorizou.



— Chega de papo furado e vamos.



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