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Adormecer, amanhecer, viver, dançar, sonhar, cantar. Tudo ao lado da pessoa que me faz tão única e feliz.

A vida é mais fácil quando caminhamos juntos, a união faz a força, move moinhos e traz esperança.

O tempo é curto, assim como nós, se for para correr que corramos para nos encontrar. Não só nessa vida, mas em todas aquelas que ainda viveremos. Porque o que temos vai além do carnal, é conexão de almas.

Por isso eu quero partilhar a vida boa com o Alexandre. Dele eu não desisto mais, prendo para não soltar. Amo para sempre amar. Para ele irei sorrir abobalhada, estou apaixonada. ESTOU APAIXONADA AOS 40.

E essa sensação é tão boa, tão livre, espontânea. O frio na barriga, conhecido como borboletas no estômago, é juvenil, porém, humano. Gostoso. Precisamos disso, nem que seja uma, duas, três, vezes, independente da quantidade, devemos nos permitir sentir.

A partilha também vai muito além da adolescência na fase adulta. É saber viver a dois, entender um ao outro, brigar quando se fizer preciso, dividir tarefas, sonhar e somar.

Minutos atrás eu me sentei na cama e observei o quarto que antes estranho e agora tão familiar. Cheirei a camiseta que visto e sorri, tem cheiro de amaciante e perfume masculino. Meu eu garota, feminina, foi tomado pela masculinidade. E o dele viril, possui meu toque.

Olho para ele através da divisão entre a sala e a cozinha. Está a cozinha para nós, ofereci ajuda, negou, disse que queria me fazer algo especial.  Meus olhos brilham com a cena, da cintura para cima não veste nada, exibido. Os fios grisalhos estão bagunçados, acordamos tarde, não tivemos tempo de nos arrumar. 

Uma cena doméstica não esperada para 2023, mas já tão amada. É ele quem eu quero como meu marido e pai dos meus filhos. Do meu passado tão vergonhoso e cruel, tive certezas. Porém dessa vez é para valer, o universo diz na calada do dia, ilumina a escuridão e me deixa caminhar.

— O cheiro tá bom — o abraço por trás.

— Ei, o que falei sobre besbilhotar?

— Que não pode — faço bico. — Mas eu sou curiosa, amor.

— Vai arrumando  a mesa pra gente que tá quase pronto aqui. — sela nossos lábios.

Capricho na decoração da mesa, uma comida especial merece uma mesa especial.

— Fecha os olhos.

Faço o que pede, estou curiosa. Pareço uma criança toda inquieta. .

— Pode abrir.

Me deparo com uma panela de porpetas, nostalgia. Está com uma cara linda e o cheiro dos deuses.

— São minhas preferidas. Nonna fazia muito pra mim.

— Olha só, são as minhas favoritas também. Aprendi a receita com o meu avô, na verdade minha mãe, e ela acabou passando pra mim. Às vezes eu gosto de bancar o masterchef.

— Vamos ver se está bom. — sirvo ele e depois a mim. — Obrigada, por tudo isso.

— Não foi nada, só queria te agrada, e como é uma comida bem italiana, queria honrar a descendente de italianos mais linda desse Rio de Janeiro, se não a do Brasil. — segura a minha mão e deixa um beijo no dorso.

Dou uma garfada no prato e levo a comida até a boca, mastigo e saboreio. O encaro séria, faço todo um suspense, está esperando minha resposta.

El OceanoOnde histórias criam vida. Descubra agora