Claramente Instável

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P. O. V. LAISLA

Escuto o som da porta do banheiro sendo fechada e, em seguida, o barulho do chuveiro ligado. Paro de traçar uma nova rota e me apresso em ir até a sala de interrogatório.

Ao abrir a porta, a primeira coisa que noto é o cheiro de combustível no ambiente, em seguida me aproximo do corpo estirado no chão. No sem notar partes do crânio espelhadas ao seu redor.

- Dios... - Murmuro perplexa ao notar os olhos deformados, como se tivessem sido queimados. Além disso, o corte que eu fiz parece três vezes maior.

Eu estava certa. Os anos apagados sobre o passado de Lucas é ruim, muy ruim. No sei mais se quero descobrir, tenho meus próprios demônios para lidar. De qualquer modo, após a missão no iremos mais nos ver.

Me apresso em voltar para o quarto, por algum motivo Lucas no me deixou assistir a sessão de tortura que fez. Nunca o tinha visto tão sério e sexy quanto instantes antes de me retirar e deixá-lo ocupado com o alvo. Rapidamente termino de traçar a nova rota, uma parte do meu pessoal já concluiu o serviço designado anteriormente, então os remanejei para outros pontos e deixei apenas a Espanha para mim, assim conseguiremos voltar  ao Brasil o mais rápido possível. Comprei as passagens de trem, uma vez dentro será mais difícil sermos seguidos ou localizados.

- O que está fazendo? - O cheiro do seu corpo fresco de banho me desconcerta por alguns instantes.

- Tracei uma nova rota. Vamos para a Espanha, de trem. Temos que ir para a ferroviária. - Informo o que ele precisa saber.

- Trem?! De avião é muito mais rápido, enlouqueceu de vez? - Respiro fundo para no agir com grosseria ao seu tom de voz e palavras.

- No sei se usted se recorda, mas da última vez que usamos um avião comercial fomos recepcionados com tiros no aeroporto. Um trem é o transporte ideal para quem está sendo caçado. - Esclareço. - Pode ir de avião se quiser, yo no me importo. Talvez seja melhor usted voltar para o Brasil e garantir que nada aconteça com a sua família. - Sugiro. Acredito que além de ser uma boa estratégia, será bom não precisar mais conviver com esse hombre. Já entendi que no me quer e que no sabe como tratar uma mujer.

- Por que parece que está tentando me afastar de você? - Ele pergunta parecendo ofendido, mas no entendo a reação de fato.

- Usted deve estar se sentindo muy grato, por isso. - Concluo, talvez ele esteja realmente feliz por perceber que no vou mais tentar seduzi-lo... - Mas no precisa, yo já entendi que no quer nada comigo. No se preocupe, tenho outros planos agora, garanto que no quero fazer nada de ruim com a sua família e assim que a missão acabar irei embora. - Ele parece pensativo, talvez seja aquele estado de contemplação ao ouvir uma notícia extremamente boa.

No vou negar que meu ego se sente ferido, mas tudo bien, nada que um espanhol muy caliente no resolva. Sorrio com o pensamento, me sentindo ansiosa para pegar o trem.

- Que porra de outros planos, Laisla?! - Sou pega de surpresa pela voz elevada e volto meu olhar para sua direção, no percebi que estava olhando para o nada. - O caralho que vou voltar para o Brasil e deixar você por aí, fazendo sei lá o que e com quem. Nem fodendo. Maluca... - O olho por alguns instantes, tentando compreender suas palavras, mas tudo que encontro é um olhar esquisito.

- Yo no estou entendendo, o que usted quis dizer? - Pergunto por fim e quase dou um passo para trás por instinto, quando ele chega perto demais do meu corpo.

- Eu continuo não confiando em você. Isso significa que você não dá um passo sem que eu saiba, muito menos para longe das minhas vistas, enquanto esses vermes malditos não estiverem todos mortos. - Finalmente compreendo que sua reação é por ele continuar achando que sou uma ameaça para a sua família.

Intocável Garcia - Livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora