Além de Maluca...

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P. O. V. LAISLA

Me sinto sonolenta e luto contra meus olhos pesados, maldita perda de sangue. Meu ombro esquerdo queima, devido ao tiro, mas no é como se eu fosse morrer por isso. Lucas para o carro em um posto de gasolina suspeito. Estamos na estrada a horas, deveríamos já ter saído desse país, mas sinto que interrogar o nosso alvo é importante.

- Se pretendia me assassinar, poderia ter feito a alguns  quilômetros atrás. Pelo menos no haveria testemunhas. - Brinco, mas minha voz sai um pouco fraca.

- Desce. - Ele diz seco e reviro os olhos antes de sair do carro. Assim que meus pés tocam o chão e fico em pé, sinto uma vertigem me atingir. Me apoio contra o carro. - Merda. - Sou, literalmente, pega de surpresa, quando Lucas me segura em seus braços, como se eu fosse uma noiva.

- Se soubesse que era só levar um tiro para que você me segurasse nos seus braços fuertes... - Falo passando uma de minhas mãos por seu peitoral, o qual está bem demarcado pela camiseta justa, me aproveitando da nossa proximidade. Deve ter comprado no mercado.

- Você não consegue ficar calada? - Ele pergunta retóricamente e noto que está nos levando para um dos banheiros do posto.

Dios, que cheiro horrível. Faço uma careta involuntária ao observar a decadência do local. Sinto falta dos braços do Luquete, assim que ele me deposita em cima da pia.

- Yo gosto de sexo no banheiro, mas poderia ter esperado chegarmos em um posto de combustível menos suspeito. - Vejo a maneira como seu corpo fica tenso, com se estivesse tentando se controlar e sorrio com isso. - Bien, se no foi pra isso, por qual motivo paramos aqui?

- Ainda estamos longe de onde iremos ficar, não pode ficar com o ferimento aberto e sem cuidados, pode infeccionar. - Ele explica enquanto desamarra o pedaço de pano que havia amarrado para estancar o sangue. Posso jurar que o vi contrair a face em uma expressão de dor, pero deve ser minha mente afetada pela perda de sangue.

Pelo que pude observar, Lucas no finge no se importar com as pessoas a sua volta, ele realmente no se importa. Além disso, notei alguns traços condizentes com o Transtorno de Personalidade Antissocial, mas no significa que ele tenha o transtorno em si, podem ser apenas alguns dos traços. Isso no é tão incomum de encontrar por aí, pero ainda é muito cedo para chegar a uma conclusão. Trabalho com criminosos, pessoas da pior espécie, análise de perfil faz parte do meu currículo.

- Já sobrevivi a coisas piores, hombre. Deveríamos seguir viagem, no é bom ficarmos parados, ainda mais num lugar suspeito como esse. - Pontuo.

- Ainda bem que eu não sou um subordinado seu. Agora fica quietinha... - Ele analisa o ferimento. - Porra, a bala ficou alojada. - Observo que ele trouxe muitas coisas da farmácia, pensou bem.

- Porque parece que foi você quem levou um tiro? - Pergunto curiosa, o hombre parece realmente incomodado. Ele amarra um daqueles elásticos apertados acima do ferimento.

- Não estou, você é maluca. - Ele abre uma embalagem de soro fisiológico. - Isso vai doer. - Avisa com cautela.

- Dios, hombre. Ande logo com isso. - Pego a embalagem de suas mãos e eu mesma despejo em cima do ferimento, para limpa-lo. Apesar de doer, é suportável. - Prontinho, quer que eu retire a bala? - Pergunto, porque ele parece perdido em pensamentos. - Você pegou algo que dê para retirar a bala? Acho que tirar com os dedos vai ser difícil.

- Vamos a um hospital, vão te dar anestesia e fazer os procedimentos corretos lá. - Penso em irritá-lo, mas ele parece realmente preocupado, o que é no mínimo esquisito. Abro um sorriso para tranquiliza-lo.

Intocável Garcia - Livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora