Capítulo 15 - Katherina

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Katherina Giavazi Bennett

Encarei o tabuleiro de xadrez com peças de cristal perfeitamente montado na mesa em frente ao meu assento no avião e olhei a pista vazia do lado de fora enquanto aguardava a autorização da torre do aeroporto para a decolagem.

Senti minha cabeça pesar e um ardor tomar conta das minhas costas. Tentei manter a calma e o controle sobre mim mesma respirando fundo.

Eu deveria ter escutado Anelise nesta manhã e ter tomado os remédios que Giulia passou para aliviar a dor dos cortes ainda recentes, mas a verdade é que eles só piorariam a minha situação, e isso não seria bom. Preciso de todo o foco e atenção que posso ter. Não posso falhar nessa missão.

Os olhos dos conselhos estão sobre mim, e isso deixa as coisas mais complicadas. Ter esses idiotas sabendo sobre a missão pode atrapalhar as coisas e fazer os contratantes de Ivan se esconderem, ou pior, quererem dar um ultimato na ameaça que a minha família agora representa para os seus negócios. Isso eu não posso permitir.

Olhei o relógio em meu pulso vendo que ele marcava 09:15 da manhã, o exato horário em que combinei com Pietro que ele deveria estar aqui, e como se lesse minha mente, observei uma Ferrari branca roncar seus motores em alta velocidade na pista de decolagem.

Confesso que após o tiro que dei nele esperei que ele fosse recusar vir na missão, mas quando o avisei que deveríamos nos encontrar aqui, o italiano pareceu bastante satisfeito.

Pietro estacionou o carro próximo ao avião e desceu, abotoando o típico terno preto de três peças, e saindo do lado do carona, Luigi, vestindo um terno cinza, foi até o irmão, lhe dando um abraço. No início o Subchefe relutou, mas rapidamente se rendeu a necessidade do espião de simplesmente abraçar qualquer pessoa.

Os dois se despediram rapidamente e percebi que por um segundo, Pietro hesitou antes de soltar o caçula e se dirigir, ainda mancando levemente após uma semana, até o piloto do avião, que conversava com os soldados que faziam a patrulha.

Senti celular vibrar em meu colo e o peguei, vendo uma mensagem de Luigi.

"Se meu irmão for um imbecil outra vez pode dar um tiro no rabo dele, eu deixo"

Antes de respondê-lo, olhei através da janela outra vez e o vi me encarando e sorrindo para mim.

"E quem você irá perturbar se eu o matar?" digitei de volta.

"Posso sobreviver apenas com Lucca"

"Só você para fazer piadas num momento como esse"

"É a minha forma de desejar boa sorte na missão, loira"

"Obrigado, Lulu.
E por favor, tenho um pedido pessoal para você"

"Eu não vou sair com você. Brincadeira ;-)
Pode falar, peça o que quiser"

"Cuide das minhas irmãs"

"Por sangue e por honra, Kate"

"Nada acima da família, Luigi"

Desliguei o telefone dando um pequeno sorriso de felicidade em saber que minhas irmãs estão em boas mãos, mas ele se desfez quando percebi que Pietro, sentado à minha frente, me encarava fixamente. Ele estava separado de mim apenas por uma mesa.

Arqueei a sobrancelha em desconfiança.

— Por acaso perdeu algo em mim? — perguntei ironicamente.

Ele piscou algumas vezes, como se saísse de algum transe e passou a mão no cabelo, o bagunçando levemente e o deixando um pouco rebelde.

— Me desculpe, eu estava... distraído — pigarreou ele.

Assassinos de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora