Capítulo 9 - Katherina

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Katherina Giavazi Bennett

Avancei cautelosamente pelo corredor escuro e úmido com uma lanterna na mão enquanto me mantinha alerta com a arma em punhos na outra mão.

Um cheiro forte e desagradável chegou as minhas narinas e por alguns segundos senti a bile subir por minha garganta.

Entrei em algumas celas distribuídas por todo o subterrâneo e ao ver manchas de sangue no chão e nas correntes presas a parede, um ódio gélido percorreu minhas veias. Vou matar o responsável por este lugar. Vou fazê-lo em pedaços.

— Eu não consigo acreditar que esse lugar existia bem debaixo da minha vista — disse Tereza, em um tom sério que eu jamais a vi usar.

— Esses lugares existem por todo mundo — constatei friamente — Na Inglaterra eu e minhas irmãs sempre lutamos para extinguir esse tipo de atividade.

— Eu e minha família também, mas com o prenúncio da guerra meses atrás, ele teve que deixar essas operações de lado para derrotar Enrico. Era a única escolha.

— Eu sei disso. Anelise teve que fazer o mesmo, todavia, não estamos mais em guerra, então vou colocar cada lugar como esse abaixo.

— Conte comigo para ajudar.

Desde que comecei a entender os assuntos da máfia, sempre soube que existem limites, até mesmo para nós, e um dos limites o qual eu vou tentar com todas as minhas forças não ultrapassar é envolver pessoas inocentes no meio de toda confusão e caos que é esse mundo.

Para mim e minhas irmãs, a regra sempre foi clara, minimizar ao máximo os danos causados aos mundanos comuns e usar nosso próprio dinheiro para repará-los de qualquer perda causada pelas nossas operações. Não fazemos por bondade ou caridade, mas fazemos porque além da máfia existe um mundo de pessoas que não sabem o que acontece na escuridão, e é meu trabalho fazer com que elas jamais descubram.

Me enoja o que fazem aqui. Esse lugar é a personificação de tudo o que eu mais abomino. Tráfico de pessoas, e mais especificamente, mulheres.

Minha mãe sempre odiou com todas as forças esse tipo de negócio, e eu também. Posso ser uma assassina psicopata com tendências maníacas e sádicas, entretanto, jamais submeteria crianças e pessoas inocentes propositalmente a uma situação como essa.

Esse é um tipo de negócio cobiçado pelos desgraçados que querem lucrar facilmente com o crime. Esse era o tipo de operação realizada pelo pai de Elisa, Petrus Ammer. O desgraçado foi um dos maiores negociantes dessa área enquanto estava vivo, e, aliado com ele, Andrei Petrov mantinha o mesmo tipo de negócio.

Ainda bem que ambos estão mortos e sendo torturados no inferno, que é o lugar de miseráveis como ele.

Quando finalmente Oliver e Anelise derrotaram Enrico, eu imaginei que as coisas se acalmariam um pouco e que eu não me preocuparia tão cedo com essa abominação acontecendo, mas a realidade foi diferente, porque faltando um mês para o casamento dos Signores, eu recebi o primeiro alerta dos meus espiões, e desde então eles não pararam mais.

No início realizei as missões sozinha e consegui ajudar algumas meninas a voltarem para suas famílias e garantir que as que estivessem sozinhas pudessem ter um futuro para si, no entanto, lendo alguns relatórios e investigando as antigas operações da máfia italiana, descobri que Tereza Moretti fizera algo similar no passado e ainda fazia no presente, longe da vista de todos. Rapidamente entendi que ela era a aliada e parceira perfeita para minha empreitada. Desde então temos agido juntas na Inglaterra e Itália.

Sai dos meus devaneios quando chegamos ao fim do corredor e abrimos a última cela que restava para termos certeza de que não havia mais ninguém no prédio, e para minha total desgraça, o lugar estava vazio.

Assassinos de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora