ძᥱ᥎іᥣ

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𝑬𝑴𝑶𝑹𝒀'𝑺 𝑷𝑶𝑽

A dias eu não saio de casa.

Me demiti do trabalho, não vejo JJ ou os pogues a semanas, só deixo meu quarto para ir ao banheiro, comer ou tomar banho.

Eu não consigo mais me sentir bem. Meu cabelo cai, minha pele está ressecada, me sinto fraca e completamente impotente em relação a tudo. Parece que sou a porra de uma marionete.

Não tenho ideia de que horas são, mas aposto ser a noite. Eu também não checo mais minhas mensagens com frequência, não como fazia antes.

É o último dia de férias. Não queria sair de casa, não queria vê-lo. Não quero voltar para a escola, mas preciso!

Preciso me formar, meu último ano. Eu quero sair dessa ilha, ir para longe de tudo, ir para longe dele.

02:27....

03:55....

04:19....

05:32....

O alarme tocou. Seis da manhã.

Me remexi na cama sem vontade de levantar, mas mesmo assim o fiz. Em alguns minutos já estava vestida. Um conjunto de moletom, all Star preto e cabelos soltos. Um caos. Eu não tive nem coragem de finalizar como sempre faço.

Peguei minha mochila e desci as escadas, torci para que minha mãe não estivesse na cozinha, não queria comer e sabia que ela iria me obrigar, mas por sorte ela não estava.

Passei pela porta e um calafrio percorreu minha espinha. Meu cérebro entrou em um Estado de apagão, e eu só acordei ao sentir o toque de Sophia em meu braço enquanto estava debruçada sobre minha carteira.

─Pelo meu rabo, você está péssima. Mas ao menos está viva, por Deus, Emory! Eu te liguei um milhão de vezes e mandei inúmeras mensagens.

─Desculpe... Eu estava ocupada.

Sophia me encarou desconfiada, mas o professor entrou na sala em seguida, pedindo silêncio e ordem. Minha amiga não questionou, ainda. Ela caminhou até sua carteira atrás de mim e ficou calada pela primeira vez hoje.

─Bom dia, alunos. Sejam bem vindos para seu último ano no ensino médio. E como avisamos antes das férias, a um tempo estávamos atrás de um faz tudo para auxiliar mas coisas baixas da escola. Estava complicado, mas finalmente encontramos.

Meus olhos fitavam a carteira, eu não tinha interesse em ouvir. Meus cotovelos apoiados na mesa serviam de apoio para que eu descansasse a testa sobre a palma das mãos.

Minhas pernas balançavam ansiosamente por baixo da mesa e eu sentia cada articulação do meu corpo suando. Estava sofrendo por antecipação. Porra, que ansiedade do caralho.

─Senhor Cameron, por favor.

Meu coração errou uma batida.

─Bom dia a todos. ─Rafe disse ao entrar na sala.

Levantei os olhos incrédula.

Rafe estava tão apresentável que quase não o reconheci.

Camisa social preta, calça, sapatos fechados, poucos anéis nos dedos, uma corrente de prata fina no pescoço e os cabelos perfeitamente alinhados, mas ainda partidos ao meio e jogados na testa.

Ainda era possível ver a cicatriz do pequeno estrago que fiz com o vaso de flor. Um corte próximo a sobrancelha.

Seus olhos encontraram os meus e eu rapidamente evitei, porque toda vez que eu o vejo, me lembro da cena, e da sensação de pavor que me causou aquela noite.

𝑴𝑰𝑵𝑫 𝑮𝑨𝑴𝑬𝑺 / 𝓻𝓪𝓯𝓮 𝓬𝓪𝓶𝓮𝓻𝓸𝓷Onde histórias criam vida. Descubra agora