chapter four

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Point of view —
Bárbara Heard

Todos estão olhando espantosamente para o Victor, que tem o rosto calmo, apesar de um fundo de malícia em seus olhos. Quando ele decide me olhar, consegue ver que eu estou assustada, sabendo que conseguiu causar o caos que queria.

Seus olhos marrons também estão indiferentes, não se importando com o que vai acontecer daqui pra frente, e agora eu tenho certeza absoluta que ele quer se vingar de mim.

— O que ele quer dizer com isso, Bárbara? — Benjamin segura meus ombros enquanto seus olhos castanhos prendem os meus, abro a boca tentando explicar como as últimas duas horas foram confusas, mas som algum sai de meus lábios. Eu não sei como dizer isso a ele e ainda na frente de todos.

— Não ouviu, Benjamin? Você vai ou não tirar suas mãos da cintura da minha doce e adorável esposa? — sua voz sai carregada com veneno.

— Cala a boca, Victor. — grito dentro do saguão, atraindo alguns olhares. Eu estou cansada de suas brincadeiras e palavras cruéis — Eu não quero mais ouvir sua voz, você não passa de um idiota que tem a vida frustrada e quer que todos sejam tão miseráveis como você. — eu estou a ponto de explodir de tanta raiva que eu sinto, eu nunca fiz nada para ele. Na verdade, nem sei dizer o porquê de sempre vivermos implicando um com o outro, o que eu lembro com exatidão é que foi ele que começou com tudo, sem mais nem menos, sendo que antes ele me dava o total silêncio quando estávamos entre amigos.

Escuto o suspiro do meu namorado e me viro para ele, que agora tem as mãos fechadas em punho. Levo a minha mão até a sua e faço com que ele relaxe seus longos e finos dedos.

— Vamos conversar somente nós dois, eu vou te explicar tudo e já adianto que eu vou dar um jeito. Só vamos ficar sozinhos, por favor.

Aliso seu rosto tentando tornar menos difícil esse momento, eu não vou suportar perder o Benjamin por causa desse caipira que não significa nada para mim.

Direciono meu olhar para ele que se diverte me encarando enquanto fuma mais um rolinho branco. Seria pecado eu desejar que ele morra por causa dessa merda de cigarro aqui e agora? Provavelmente sim, as não me importo de ir para o inferno se eu me livrar desse embuste que nasceu só para me irritar e desgraçar a minha vida.

— Vamos fechar a conta então, quero conversar logo com você. — acordo do meu sonho de ver o pulmão do Victor explodindo em milhares de pedacinhos e olho para Benjamin que espera minha resposta.

—Tudo bem. — vou com ele até o balcão da recepção a passos lentos, ele tem as mãos nos bolsos do seu jeans escuro e uma t-shirt branca com a arlequina estampada na frente. Onde ele sequer arrumou essa blusa? Contenho minha curiosidade por ele estar calado e de cabeça baixa. Ele está magoado e eu sou a culpada.

— Bárbara, você pode me emprestar seu cartão? Eu não sei onde deixei minha carteira.

Posso vê-lo completamente sem graça por me pedir dinheiro, seguro seu pulso para que o mesmo pare de andar e ele me olha dentro dos olhos.

— Não precisa ficar envergonhado, Benjamin. Somos um casal e não importo de cobrir seus gastos.

— Eu sei. — ele se curva um pouco e me dá apenas um beijo na testa. Merda, está pior do que eu pensei. Ele volta a caminhar e eu olho para trás podendo ver Victor conversando com Brandon, que ainda não parou de rir. Ele traga um pouco de nicotina para dentro de seus pulmões e presta atenção em o que Lissa fala, porém, seu rosto continua impassível como sempre e é nítido que a conversa não o interessa.

Eu não sei se é verdade, mas uma vez eu ouvi que quando estamos sendo observados podemos sentir e agora Victor olha na direção que estou, me deixando assustada por ter um fundo de verdade nessa teoria.

180 diasOnde histórias criam vida. Descubra agora