Point of view —
Bárbara HeardSento-me sobre a cama, tapo meus seios com o lençol branco cem por cento algodão, mesmo eu tentando dormir eu não consigo. Aperto meus olhos com raiva quando escuto Benjamin ressonar um pouco mais alto, não faz nem duas horas que estamos nesse hotel e já quero sair daqui correndo.
Viro meu pescoço um pouco para o lado e posso ver meu namorado dormir depois de ter gozado e mal ter se preocupado comigo.
Sei que não estamos no nosso melhor momento, e que toda culpa é minha, entretanto ele devia ter sido sincero desde o início me dizendo que hoje não iríamos transar, eu me sentiria bem melhor do que agora. Benjamin agiu como um robô em modo automático, apesar de nunca eu ter transado com outros caras, eu percebi que ele não estava com vontade, tenho certeza que há sexo no automático só para dizer: Cumprir com meu dever de homem ou mulher.
Benjamin agiu estranhamente, ele não devia ter se comportado daquela maneira, porque transou então? Ele não devia ter me beijado daquela maneira fria, arrancado minhas roupas e me penetrado tão rápido que mal tive tempo para assimilar que estava prestes a fazer amor com o homem que eu amo.
Nunca fui de idealizar noites e noites perfeitas com um homem, mas sei que temos que ser no mínimo apreciadas por eles neste momento e por favor não confundam apreciadas com amadas, pois é totalmente diferente ser venerada como mulher e ser amada.
Uma vez li na timeline de uma menina no twitter dizendo que homem é como fogão, rapidamente eles estão acesos e quentes, já nós mulheres somos como um fogão a lenha, o processo é lento e mais demorado, mas quando aceso é mais quente e o próprio fogão a gás.
Estou me sentindo apenas um depósito de porra e nada mais.
Uma lágrima desce por minha bochecha, minha auto estima está abaixo de zero, sabem aquela expressão que ouvimos às vezes por aí: "eu sou a mosca do côco do cavalo do bandido"? Então é assim que me sinto, talvez eu sou mesmo até o verme do cocô.
As palavras de Victor não saem da minha mente e agora tem as de Lissa.
O que eu fiz para ser tratada assim? Eu sei que nunca fui a melhor pessoa do mundo, por vezes fui até mesmo uma vaca mimada, mas nunca maltratei alguém.
Levanto devagarinho para não acordar Benjamin, eu não estou afim de conversar por agora, recolho apenas minha roupa íntima do chão e vou até o banheiro, eu preciso de um banho, preciso lavar qualquer resquício dessa opressão que sinto interiormente.
Entro no banheiro e fecho a porta marrom envernizada, a primeira coisa que eu vejo é meu reflexo no grande espelho.
Eu nunca me considerei uma mulher feia, talvez me achem até ousada e convencida quando eu dizer que me sempre me senti bonita. Qual é? Eu sou alta, meus cabelos são lisos e castanhos claros, tenho olhos claros, uma pele bronzeada naturalmente, lábios carnudos e um corpo maravilhoso, ou seja, sou uma mulher padrão pela sociedade como dizem por aí. Sou filha de pais ricos, estudei toda vida em escolas particulares, estou na melhor faculdade de San Diego, então burra eu não sou, sempre tive celulares e carros do ano e etc.
Mas já faz um tempo que venho percebendo que isso não é nada, e de um mês para cá ao perceber que tudo que eu tenho não é nada, está ainda mais persistente.
Às vezes me pergunto se o caipira tem a ver com esse toque de realidade em minha mente.
Minha vida está uma merda desde que comecei a "conviver" mais com ele.
Eu tenho um namorado que não parece namorado. Benjamin já foi mais amoroso, já foi mais atencioso, mais dedicado. O sexo nunca foi tão bom, nunca foi cem por cento, pelo fato de eu ser inexperiente, contudo pensei que ele iria me moldar conforme o tempo fosse passando, porém já faz quase seis meses que perdi minha virgindade com ele e Benjamin não demonstra que deseja meu amadurecimento sexualmente. Não posso dizer que sou leiga, pois já li assuntos na internet, assisti a filmes pornôs, até pesquisei no google como enlouquecer um homem na cama, vergonhoso eu sei, porém o desespero é grande.
Minha amiga está cada vez mais com comportamentos estranhos e com atitudes que me fazem duvidar se somos realmente melhores amigas. Seu interesse repentino pelo caipira depois de saber por mim que o mesmo é rico, a mensagem que ela mandou para ele usando-me como alvo para se aproximar e agora me dizendo que eu sou uma menina para tentar agradar um homem sexualmente. Acho que se fosse Lissa no meu lugar, eu sentaria com ela e ensinaria tudo que eu sei, até treinaria se fosse necessário, usaria bananas ou qualquer outra coisa que lembrasse um pênis e a ensinaria.
Estou casada com um ser humano complicado que sempre demonstrou ódio por mim, sempre me esnobou e mesmo assim permaneceu casado comigo para fugir de um casamento obrigado pelo que eu entendi.
O mesmo homem que me beijou e confessou me achar uma gostosa em um acesso de raiva para logo em seguida me maltratar, Victor é uma verdadeira bagunça, mas mesmo sendo um homem bagunçado eu percebi que ele tem caráter. Ele não mente para ninguém pelo que eu vi, ele não aceita ser submisso e mandado pelo pai. Victor prefere morar em um trailer, trabalhar em uma oficina, ter uma bolsa na faculdade e ter apenas uma moto do que depender de sua família. Ama sua irmã com loucura mesmo ela não sendo irmã de sangue e faz tudo que está ao seu alcance por ela, até mesmo ir para casa dos pais que tanto odeia para ficar com Ariel ao menos um pouco, encontro a qual eu quase destruí. Sou uma desgraçada.
Entro debaixo da cascata de água quente do chuveiro e não resisto a vontade de meu corpo em sentar-me no chão e é isso que eu faço, era para eu estar feliz ao saber que depois de amanhã estarei divorciada, mas não, mesmo detestando admitir, eu não sei se é a melhor coisa que vai acontecer e era para ser, pois tudo irá voltar ao seu normal.
Mas não, eu tô me sentindo vazia, eu fiquei ao lado do Camilo por pouco tempo, e mesmo ele sendo uma bagunça, um tsunami, a gente viver brigando por qualquer motivo, ele sempre esteve por perto, desde que eu o conheci como amigo do Ricardo ele sempre está presente em alguma memória divertida. Mesmo seu rosto sempre estar com uma expressão fechada, uma roupa toda desleixada e mal cuidada, o maxilar travado e um cigarro em mãos, sempre em um canto mais afastado de nós, ele sempre está lá.
Bárbara o que está acontecendo com você? Em hipótese alguma eu estou apaixonada pelo caipira, eu amo demais o Benjamin e sempre deixei claro isso, é só que... eu não sei ao certo, o caipira mesmo sendo um desgraçado e um ogro, ah, eu não sei o certo, eu não sei por em palavras o que eu penso dele, pois eu já não sinto tanto nojo ao ouvir sua voz. É complicado.
Desligo o chuveiro e seco-me rapidamente com a toalha branca e visto a lingerie vermelho escuro, enrolo meu cabelo com a toalha e vou para o quarto deito-me na cama king size ao lado de Benjamin com ainda mais cuidado do que quando eu levantei. Eu ainda não decidi se devo contar a ele sobre o beijo que tive com o Victor, sempre prezei pela verdade no relacionamento, o problema é que eu não sei se ainda temos um relacionamento.
Me assusto quando Benjamin me abraça e se aproxima do meu corpo.
— Me desculpe por mais cedo, eu fui nada elegante com você, estava cansado, e um pouco irritado, muita coisa para lidar neste momento. Prometo te compensar um pouco mais tarde. Vamos descansar por agora.— sua voz está rouca e baixinha, ele beija minha testa. — Bárbara?
—Hum — Solto apenas um muxoxo mostrando que estou acordada e o ouvindo perfeitamente.
—Nunca se esqueça que eu te amo.
Abro meus olhos no escuro no mesmo instante, meu corpo aquece com sua declaração mas meu coração se enche de culpa.
Atenção! Atualização dupla, só arrastar que temos outro capítulo disponível, não esqueça de comentar e vota. ⬇️⬇️⬇️
VOCÊ ESTÁ LENDO
180 dias
FanfictionNos dias de hoje, adolescente saem e bebem quase todas as noites, fazem loucuras sem se preocupar com as consequências. Eu achei que comigo seria igual, mas não foi. O meu final de semana, passou de divertido para completamente aterrorizante, afinal...