chapter fourteen

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Point of view —
Bárbara Heard

— Eu não posso acreditar nisso? — Lissa grita do outro lado da linha do telefone — deixa eu ver se entendi direito. Victor é rico, muito rico. Ele mora em uma mansão com muitos carros e tem empregados para servi-lo em o que quiser?

Posso perceber o espanto em sua voz, acho graça de sua surpresa, pois foi exatamente a mesma que eu tive.

— Sim, penso que até mais rico que eu, Benjamin ou até mesmo o Ricardo.

Escuto um arfar surpreso e depois sua voz soa em meu ouvido totalmente indignada.

— Porque sempre você fica com os melhores, hein? Tem o Benjamin e agora o Camilo. Mesmo você negando, está casada com ele e isso te faz ainda mais rica.

Nunca parei para pensar nisso, e de verdade, não me atrai essa ideia, eu já tenho uma vida confortável e ficar com um homem por dinheiro não é uma coisa que me agrada.

— Somente no papel, Lissa. Eu não estou com casada com aquele ser — Relaxo ainda mais meu corpo na enorme banheira — Lissa, olha, eu nem sei se poderia te contar sobre o segredo que ele guardou por tanto tempo, então... seja discreta, por favor. Eu não quero mais confusão com ele.

— Claro, fique tranquila. — Saber que ela não falará nada com ninguém me deixa tranqüila, mesmo querendo que Victor se exploda, eu não tenho o direito de contar algo de sua vida privada.

— Já tem quase quarenta minutos que estamos conversando, amanhã nos vemos?

— Claro, vamos fazer uma noite das garotas, você vai me falar tudo o que seu marido gosta —  ela gargalha um pouco — De repente o Camilo se tornou ainda mais interessante. — Ela não se mostra nem um pouco sem graça por afirmar que irá dar em cima do caipira, se isso for fazer com que eu não precise mais conviver com ele, tanto faz.

— Você não presta, Williams.

Despeço-me de minha amiga depois que ouço sua gargalhada e coloco o celular no chão, fecho os olhos enquanto ajeito meu pescoço na borda da banheira, a água quente e o leve aroma de lima agrada meu corpo e olfato. Com certeza esse anoitecer está sendo a melhor hora do meu dia longo, cansativo e estressante.

São quase oito e eu ainda não decidi se devo sair ou não com o caipira, eu temo que ele possa destruir minha noite, mas confesso que a ideia de sair um pouco me agrada. Estou em uma completa indecisão, nunca fui o tipo de mulher que fica em cima do muro, sempre fui do sim ou não de imediato, mas... com Victor eu sei que não posso ser assim, sei que ele pode me meter em uma enrascada, ou melhor, em mais uma enrascada. Eu não sei "lê-lo" e provavelmente nunca saberei, eu já percebi que nós dois temos o gênio o forte e devido a gente não se gostar de forma alguma complica ainda mais as coisas.

O motivo de eu não gostar dele sempre foi claro para mim, ele é irritante e sem educação, lembro-me quando ele chegou na faculdade em nosso primeiro dia no curso, chegou como se fosse o rei do pedaço, fumando um cigarro a todo instante, passando cantadas nas calouras e até mesmo veteranas, lembro que na segunda semana de aula ele começou a me observar o tempo todo, tinha vezes que o pegava me olhando com o cenho franzido, era como se estivesse me estudando de alguma forma, eu me sentia incomodada, mas dava ele o mesmo tratamento que ele me dava: silêncio.

Então Benjamin e eu começamos a flertar alguns meses depois, foi então que tudo começou, Victor se aproximou de Ricardo e desde então começou a implicar comigo todos os dias.

O pensamento de ver ele sempre com um cigarro em mãos me faz questionar o porquê de não o ver fumando nem uma vez desde que chegamos em sua casa.

Definitivamente, ele é cheio de incógnitas.

180 diasOnde histórias criam vida. Descubra agora