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— Eu não consigo fazer isso! — Tzuyu disse fadigada enquanto recebia olhares desesperados de Dahyun e da estilista presentes no local.

Era a quinta vez que desfazia o nó da gravata. Faltava uma hora para darem início ao casamento, quando as coisas simplesmente começaram a desandar completamente. Mesmo que aquele casamento fosse falso, Tzuyu sentia como se tudo aquilo fosse real.

Aos poucos, a ficha estava caindo. Iria se casar com a mulher da sua vida e que sempre fora apaixonada, mesmo que tudo fosse apenas uma grande mentira.

O vestido que Tzuyu tanto havia adorado não ficou pronto a tempo por irresponsabilidade da loja, então Dahyun teve que dar um jeito de arrumar um plano B, que seria casar Tzuyu de terno.

Tzuyu odiava ternos desde que rompeu o relacionamento com Sana.

— E porquê não?! — Dahyun perguntou com um tom de voz esganiçado.

— Por que eu...— Gaguejou. — Eu... Eu não consigo!

Dahyun se pôs de frente para Tzuyu colocando as duas mãos nos ombros da modelo, que passava as mãos nos fios pretos e tirava todas as ondulações estrategicamente feitas pelas diversas cabeleireiras profissionais.

— Você tem que descer o mais rápido possível. — Falou calma. — E é bom que coloque logo essa gravata antes que eu dê um jeito de faze-la passar por outros lugares, Chou.

O mundo parecia girar para Tzuyu. O mesmo efeito de estar totalmente embriagada.

Ela fechou os olhos com força.

— Somente a Sana sabe arrumar minha gravata do jeito que eu gosto! — Gritou e um silêncio totalmente constrangedor tomou aquele quarto apertado.

Dahyun coçou a cabeça e respirou fundo, pensando o que deveria fazer, ainda em silêncio.

— Nós vamos dar um jeito de te levar até Sana. — Dahyun andou ate a cama extremamente bagunçada e começou a revirar tudo, como se procurasse por algo específico.

— O que? Nós não podemos deixar Tzuyu ver a noiva ainda. — A estilista disse.

Dahyun pegou algo que parecia ser uma blusa preta de alguma banda velha e deu passos longos ate Tzuyu, cobrindo o rosto da Chou delicadamente para não danificar a maquiagem e mantendo as mãos no local, impossibilitando Tzuyu de ver qualquer coisa.

— Não sofra uma queda e quebre um braço, e muito menos tente espiar alguma coisa.

E assim Tzuyu seguiu pelo corredor, tendo os braços finos de Dahyun como seu único ponto de apoio. Ao chegar perto do quarto que a noiva supostamente estava, a gritaria, passos apressados, risadas podiam ser escutadas com mais clareza.

Mas o silêncio foi ensurdecedor quando Dahyun bateu na porta com a mão esquerda, ja que a direita estava sendo usada para garantir que a blusa não sairia do rosto de Tzuyu.

A porta de madeira velha rangendo com um barulho típico fez o coração de Tzuyu acelerar como se estivesse saltando de paraquedas.

— O que diabos está fazendo aqui, Dahyun? — Momo perguntou brava. — Ou melhor, o que diabos Tzuyu está fazendo aqui?! Ela não pode ver Sana!

— Eu sei, amor, mas só a Sana sabe arrumar a gravata dessa inútil. — Suplicou.

Momo fechou a porta na cara de Dahyun e logo o burburinho de vozes começaram de novo.

— Nós temos um problema! — Disse Momo com a voz abafada pelas paredes e pela porta pesada.

— Nós com certeza temos um problema. O sutiã simplesmente decidiu que não quer fechar! — Sana berrou desesperada.

— Não foi uma boa ideia vir aqui. Vamos voltar pro quarto. — Tzuyu disse desanimada, mas os braços finos e firmes lhe fizeram permanecer no lugar.

— Nós já estamos aqui, já acordamos o mostro e não tem como voltar atrás agora, Tzuyu. — Dahyun sussurrou no ouvido dela.

Ela estava com muito medo de que a culpa caísse totalmente em si por ter deixado Tzuyu ir até o quarto onde Sana estava se preparando.

— Conseguimos! — Um inglês péssimo se fez presente.

Alguns cochichos foram ouvidos por segundos, o que não podia acontecer, ja que o tempo era o pior inimigo de todos ali.

A grande porta rangeu ao ser aberta e Sana berrou em plenos pulmões, assustando ambas as mulheres que esperavam do outro lado, e com um pulo assustado, Dahyun quase deixou a blusa que cobria o rosto de Tzuyu cair.

Não sabia se era o susto, o fato de Sana estar apenas com um sutiã branco rendado e um short curto preto em sua frente ou o olhar indignado com sobrancelha arqueada da namorada por cima dos ombros de Sana, mas Dahyun sentiu como se fosse infartar por milésimos de segundos.

— O que está fazendo aqui?! — Sana disse exasperada.

— Por favor, coloque minha gravata. — A modelo mais nova suplicou.

Sana ergueu o olhar confuso para Dahyun em busca de uma explicação, mas encontrou somente Dahyun cobrindo os olhos com a outra mão, provavelmente com medo da namorada ciumenta que tinha.

A modelo tomou a gravata das mãos de Tzuyu, querendo acabar aquilo o mais rápido possível, fazendo movimentos habilidosos com a mão e por fim, obtendo um ótimo resultado para quem estava sem realizar tal coisa fazia anos.

— Esperem aqui. — Ela se lembrou de algo que com certeza seria especial para sua Tzuyu.

Ela revirou a bolsa de couro sofisticada e encontrou o que tanto procurava, um dos diversos broches que Tzuyu sempre pedia para que Sana colocasse em si de manhã, quando saia para algum lugar importante.

Depois de colocar o broche no terno de Tzuyu, ela analisou o seu trabalho. Não estava ruim.

— Agora se mandem logo daqui. — Falou Mina. — Sana precisa terminar de se vestir.

— Amor, eu ja posso olhar? — Dahyun perguntou mansa e Momo puxou Sana para dentro do quarto, batendo a porta logo em seguida.

— Pode olhar! — Gritou de dentro do quarto e Dahyun abriu os olhos, se acostumando com a claridade.

— Depois do casamento você pode continuar suas provocações. — Tzuyu disse e Dahyun sorriu com o quão previsível era.

— Ainda bem que sabe que vou te zoar o resto da vida agora.

Inefável. | Satzu. Onde histórias criam vida. Descubra agora