Inefável. | Satzu.

26

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Sana.

Eu acordei naquela manhã de sexta-feira nublada quando senti o doce aroma de pães frescos e café amargo e tive a certeza de que meu estômago foi quem realmente acordou primeiro ali.

Beijos ternos e sutis subiram por minhas costelas desnudas até meus ombros, fazendo-me arrepiar até o último pelo de meu corpo. Eu reconhecia aqueles beijos e toques calculados. Eu reconhecia a dona deles.

Sendo o mais sincera que consigo, eu não fazia ideia de como havíamos chegado à aquele nível de intimidade, certo que noite passada foi sim um grande avanço do modo em que vejo Tzuyu. Ela foi o mais atenciosa possível, sendo cuidadosa e se relembrando de todas as minhas preferências sexuais.

Ela conseguiu fazer com que eu não me arrependesse de nenhum segundo sequer, fez com que tudo fosse agradável para ambas. E posso afirmar com clareza que sucumbiu-se qualquer falso "desprezo" que minha pessoa colocava sobre a mulher.

Muitas pessoas esperavam por detalhes explícitos sobre a minha noite de núpcias com minha esposa, mas peço que fiquem satisfeitos com a minha breve descrição de que tudo havia sido perfeito e coloquem suas imaginações férteis para trabalhar.

Por mais que a idade traga como consequências a falta de vigor para realizar relações sexuais com longas horas de duração, Tzuyu ainda continuava exatamente como eu a conheci. Era muito gratificante saber que nós aprendemos tudo aquilo juntas há muitos anos atrás.

Tzuyu me levou à diversos e incríveis orgasmos ao decorrer da noite, mantendo-me aquecida como o inferno e acordada por boa parte da noite, e eu tentei retribuir na mesma altura para que nada parecesse injusto.

Dormi escutando bajulações e as piadas sem graças que somente Tzuyu podia fazer e meu coração secretamente desejava mais noites assim com bastante frequência.

Pode parecer meio estranho a forma em que digo todas essas palavras tendo feito diversos discursos de ódio para e contra Tzuyu, mas talvez meu coração e mente só precisavam de algum maldito choque de realidade para perceber a mulher à minha frente.

Os beijos formosos deram lugar a mordidas leves em um claro sinal de que Tzuyu ansiava para o meu despertar. Realmente um ótimo alvorecer.

Mexendo-me e soltando algumas palavras desconexas e manhosas, quase pude ouvir a comemoração interna da Taiwanesa praticamente deitada por cima de mim.

一 Amor, por que não quer acordar? 一 Perguntou afoita. 一 Você se arrependeu, não é?

一 Você exigiu muito de mim. 一 Confessei.

A minha confissão inesperada fez com que o silêncio se instalasse naquele imenso quarto.

一 O que isso quer dizer? Eu sinto muito, Sana. 一 Se sentou cabisbaixa na cama, e eu tive que abrir um dos olhos para me certificar que não era mais uma das gracinhas de Tzuyu, mas a expressão desanimada provou ao contrário.

Me obriguei a sentar-me e examinei o rosto da mulher em minha frente ainda procurando algum resquício que a denunciasse. Ela me encarou com os olhos baixos quando segurei sua mão.

一 Está tudo bem. Eu adorei todas as sensações incríveis que você me proporcionou, Tzuyu. 一 Molhei os lábios antes de prosseguir. 一 Eu não me arrependi e agradeço que tenha confiado em mim mesmo depois de tudo.

Eu me movi levemente para o lado, plantando um beijo singelo na bochecha macia e pude sentir o sentimento de conforto dominando-me por completo.

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Passaram-se dois dias incrivelmente rápidos desde que realmente me entreguei para Tzuyu, e agora nós já estávamos desembarcando em Chicago.

Um fato que me tirou sinceras risadas era que Tzuyu comentou vagamente com Chaeyoung sobre estarmos voltando para Chicago e convidá-la para vir conosco em um tom de brincadeira, mas o que surpreendeu até mesmo a mim foi quando a mais velha simplesmente disse que topava.

E agora, a mais baixa tinha dificuldades em arrastar sua grande mala pelo aeroporto de Chicago, mas tagarelava sobre como tudo era bonito com o seu péssimo inglês misturado com um pouco de francês.

一 Você vai se dar bem com Mina. 一  Falou para a amiga. 一 O seu inglês é tão péssimo quanto o dela.

一 Eu não conheço nenhuma Mina.

一 É a minha irmã. 一 Eu expliquei. 一 Myoui Mina.

A risada escandalosa de Tzuyu atraiu a atenção de várias pessoas que esperavam o horário de embarque, ela provavelmente estava rindo da confusão de Chaeyoung sobre os nomes completamente diferentes.

一 Sana tem duas irmãs e as três são de mães diferentes. Mas Sana não conhece a mãe e por isso começou a chamar a madrasta de mãe ao longo do tempo. 一 A Taiwanesa disse simples.

Aquele era um assunto que Sana sequer se importava, já que a ausência de afeto materno sempre era coberta com presentes e bajulações por parte da madrasta, mas ela tinha tanta preguiça de explicar aquela situação que preferia mil vezes que Tzuyu fizesse por ela.

Após algumas conversas paralelas, Chaeyoung disse que iria para o apartamento que tinha, e que coincidentemente era bem perto do nosso.

Nós infelizmente tivemos que nos despedir brevemente de Chaeyoung e pudemos dar suspiros aliviados ao abrir a porta do lugar onde morávamos juntas.

O cheiro recente de produtos de limpeza e a ausência de pelos de cachorro denunciaram as horas gastas de Mina ali. Não restavam dúvidas de que aquele trabalho foi de Mina, pois o pequeno post-it rosa choque exigia alguma recompensa por seu árduo trabalho.

Nós sentíamos falta de Bacon, mas sabíamos que o cachorro estava curtindo as férias sem as mães na área rural onde Momo estava visitando a mãe.

Quando o casal pediu permissão para levar o cachorro para o local de difícil acesso e pouco sinal, Tzuyu quis voltar literalmente voando para Chicago e resgatar o pobre animal, mas eu me encarreguei de lhe tranquilizar e dizer que minha irmã podia não ser a pessoa mais responsável do mundo, mas Dahyun cuidaria de tudo.

Aquele dia não tão produtivo se encerrou de um jeito calmo graças as pequenas gotas de chuva calma que batia no vidro das janelas, mas nada que pudesse assustar e sim tranquilizar todos os moradores de Chicago, lhes proporcionando uma boa noite de sono.