Parte 1 - A Chegada: Capítulo 3 - Véspera de Natal

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Dormir por quase um dia inteiro fez com que a noite de Marcelo fosse longa, e quando conseguiu dormir, o relógio já se aproximava das quatro horas da manhã. Porém, a noite não foi tranquila, seu sono foi perturbado pelo pesadelo recorrente do acidente que sofrera em 2009 na Serra das Araras, enquanto voltava de uma viagem de férias com a família de seu tio Alan.

No pesadelo, ele sempre estava dentro do carro que capotava no abismo, enquanto todos dentro do carro gritavam de desespero. Mas o pesadelo não durava muito, pois em um dado momento, Marcelo perdeu a consciência, e não reteve nenhuma memória que seu cérebro pudesse usar para lhe torturar. O fato de ter sido o único sobrevivente do acidente, lhe causou um trauma, que mesmo após anos de terapia, não havia desaparecido.

Cansado de reviver o mesmo pesadelo, Marcelo levantou-se da cama, se vestiu com roupas que havia em sua mala, e saiu da sua cabana. Na praia, apenas os Lorelindos estavam de pé. Marcelo não consegui entender o que eles falavam, mas pelo tom de voz, pareciam preocupados.

De sua varanda, Marcelo viu Daniel se virar para trás e andar em sua direção, e seu rosto apresentava uma expressão que parecia dizer "Eu acho que te conheço". Vendo-o se aproximar, Marcelo fez a mesma expressão, e tentava se lembrar porque Daniel lhe parecia familiar.

Quando Daniel se aproximou, Marcelo desceu de sua varanda e os dois se cumprimentaram. Após o cumprimento, Daniel lhe perguntou:

— Cara, eu tenho a impressão de que eu te conheço de algum lugar.

— Eu também tenho essa impressão. — respondeu Marcelo, e então um lugar apareceu em sua memória. — Tu estudou no Setembro?

— Peraí, 5ª-A, 2006, vespertino?

— Tá de sacanagem que tu é o Daniel, que o professor de educação física zoava com a voz fina? — disse Marcelo animado.

— Ah, não acredito! Agora eu tô lembrando! — Daniel deu um abraço forte em Marcelo enquanto falava. — Caralho, véi! Tu sumiu do nada depois da sétima série, que que aconteceu?

Marcelo começou a explicar a história do acidente que sofrera, de sua recuperação, e aproveitou para falar também da sua vida. Os dois começaram a conversar animadamente sobre o que faziam da vida e sobre os caminhos que os levaram até ali. 

...

— A gente aqui preocupado com o sumiço do Lucas, e o Bart lá batendo papo com o Marcelo! — reclamou Ana Luiza. — Eu vou lá chamar ele agora.

Ana Luiza fez menção de andar até onde Daniel e Marcelo conversavam, como se fossem grandes amigos, mas Sávio a convenceu a não interromper a conversa, pois eles seis conseguiriam dar conta de procurar por Lucas.

Mas antes que tomassem qualquer atitude, Lucas chegou correndo, assustando a todos com sua agitação. Daniel e Marcelo correram até onde eles estavam, mas ninguém conseguia entender o que Lucas falava, pois sua dicção estava sendo prejudicada pela euforia. Dyana pediu para ele ter calma, respirar fundo, organizar na mente o que queria dizer e só depois falar. E após seguir o conselho de Dyana, Lucas conseguiu se fazer entender:

— Quando eu acordei hoje, eu me vi acompanhando um velório aqui na ilha só com Lorelindos e ex-Lorelindos, parecia outra época. — Lucas parou para expandir os pulmões e continuou. — Era o enterro do Hiago, lembram dele? Pois bem, pelo que entendi, ele havia morrido de disenteria. Mas depois do enterro, eu voltei pra realidade e encontrei a porta de um bunker no local onde o Hiago foi supostamente enterrado.

A súbita parada de Lucas preocupou o grupo, então, Marco tentou apressá-lo:

— Tá, mas e depois? Você entrou no bunker?

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