Ouvir o amigo referindo-se a ele como "amigo de merda", deixou Antônio com o sangue fervendo. O medo que tinha de perder a amizade com Leonardo desapareceu no mesmo instante. Impulsionado pelo álcool que se misturava à sua corrente sanguínea, Antônio foi tirar satisfações.
— Amigo de merda, né Léo? — disse com raiva.
— É isso mesmo o que tu é, seu arrombado! — respondeu Leonardo, apontando o dedo agressivamente para Antônio.
Peterson se colocou entre os dois, e disse cheio de cautela:
— Calma, galera. Vocês dois estão bêbados, tenho certeza que o Léo falou isso porque tá alterado.
Antônio ainda tinha muita consideração por Peterson, e não queria machucá-lo, mas antes que conseguisse afastá-lo, Leonardo respondeu, gritando tão intensamente, que era possível sentir o bafo de vodka.
— Eu falei porque eu quis mesmo e repito! Você, Antônio, é um amigo de merda, sim! — gotículas de saliva voavam da boca de Leonardo. — Nunca moveu nem um palha pra me ajudar com a tua irmã!
Mariana, que estava perto, se aproximou dos briguentos e disse para Leonardo:
— Tu nunca teve chance comigo, seu moleque! Eu tenho é nojo de você! — Mariana deu uma cusparada em Leonardo. — Nojo!
Enquanto Daniel puxava Mariana para longe da briga, Antônio aproveitou-se do ímpeto da irmã para dizer.
— Eu também tenho nojo de você! — gritou com raiva. — Seu marginal! — sem dar chance de defesa para Leonardo, Antônio fechou seu punho e atingiu o rosto do ex amigo com força, fazendo-o cair no chão. — Não me segura, não, senão sobra pra vocês! — disse ao perceber que outros vinham tentar apartar a briga.
Antes que Antônio voltasse sua atenção para Leonardo, ele foi surpreendido por um golpe, de punho fechado, no peito, tirando o ar de seus pulmões momentaneamente, e derrubando-o. Ainda no chão, viu Leonardo avançar em sua direção, e único modo de defesa em que pensou, foi levantar o pé e empurrá-lo no peito de Leonardo quando ele se aproximou.
Vendo que havia conseguido empurrar o ex amigo para longe, Antônio levantou-se com dificuldade e começou a correr em direção a Leonardo. A vontade que sentia era de amassar o rosto do salafrário, chutar-lhe em suas costelas, e já estava com a mão preparada para o soco quando sentiu alguém o segurando, e ao virar-se para se desvencilhar, viu que quem lhe segurava era sua irmã.
— Para, Júnior! Isso não vai valer à pena. — disse ela com a voz espremida.
Sentindo o corpo esfriar e a raiva arrefecer, Antônio virou-se para sua irmã, indignado, e disse:
— Tu também devia dar uma surra nesse vagabundo!
— Vagabundo é você! Seu filho da puta! — gritou Leonardo, sendo segurado por Peterson.
Antônio estava pronto para devolver o xingamento quando sentiu sua irmã colocar a mão em seu ombro.
— Ignora. — aconselhou Mariana. — Esquece que esse maldito existe. — ela virou para Peterson e disse em voz alta. — Leva o Léo pra cabana dele, e fica com ele lá até ele se acalmar.
Após Mariana acompanhá-lo até sua cabana, Antônio se sentou na escada de sua varanda e ficou em silêncio. Por dentro, sentia um turbilhão de emoções, raiva, ódio, desprezo, não só por Leonardo, mas por si mesmo. Tentava represar seus sentimentos, mas eles vazavam através do semblante fechado, da respiração acelerada e a da força com a qual fechava suas mãos, pressionando suas unhas contra as palmas, pois havia tirado as luvas para urinar. Próximos a ele, tentando acalmá-lo, estavam Mariana, Daniel, Heloísa e Sávio.
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Bem Vindos à Living Island
Fiksi UmumDezesseis jovens acordam no meio da mata e descobrem que estão no reality show conhecido como Ilhados, realizado na Living Island, um nível enigmático das Backrooms. Porém ninguém se recorda de ter feito a inscrição, ninguém sabe a razão de terem es...