Parte 3 - Os Avatares da Ilha: Capítulo 22 - Dissuasão

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Upper Living Island

— Senhores, antes de mais nada, peço que leiam atentamente ao documento que enviamos para o e-mail corporativo de vocês. — a frieza de Lucas ao dar sua resposta causou incômodo apenas aos homens do outro lado da tela.

— Nós já demos uma lida enquanto voltávamos para cá. — respondeu Horácio com a voz tremulante. — Então, eu repito a pergunta do meu irmão, o que vocês querem para não divulgarem esse dossiê?

Antes de dar uma resposta, Lucas chamou Dyana e Marcelo para falarem, pois ambos sabiam quais exigências fariam para manter a dissuasão por tempo indeterminado. Em silêncio, Lucas juntou-se aos outros enquanto os dois revezavam para falar cada tópico dos termos de rendição, mas Lucas não pôde deixar de perceber a intimidação que Dyana e Marcelo impunham aos homens.

— Nossa primeira exigência é o depósito do prêmio do Ilhados nas contas de todos os participantes, de todas as sessenta e nove edições, e para nós, vencedores da septuagésima edição, vocês farão o depósito dobrado. — enunciou Dyana.

— Vocês também estão proibidos de desenvolver tecnologia dimensional. — prosseguiu Marcelo. — Ou seja, vocês terão que desistir de qualquer tentativa de invasão à Living Island e à Upper Living Island.

Lucas sabia que a Pholimyan tinha dinheiro suficiente em caixa para fazer o pagamento do prêmio solicitado, e sabia também que a proibição do desenvolvimento de tecnologia dimensional não era algo que os afetava, mas quando Marcelo completou o segundo tópico, Américo levantou a mão para contestar, sendo interrompido por Marcelo, que pediu a ele que aguardasse mais um pouco. Lucas mal podia esperar a reação dos presidentes ao próximo tópico.

— E por fim, se vocês aceitarem nossos termos, vocês serão obrigados a encerrar o Ilhados. — respondeu Dyana. — Essa palhaçada acaba aqui, pois mesmo que vocês prometam parar com a manipulação dos resultados, nós não confiamos em vocês.

— Mas, como vamos... — iniciou Américo, mas sua fala foi novamente interrompida por Marcelo.

— Ainda não acabamos, Américo, logo vocês terão a oportunidade de argumentar. — cortou Marcelo. — Se vocês não aceitarem nossos termos, ou aceitarem e não cumprirem, todos nós aqui somos integrados ao Terminal e temos o dossiê em nossos arquivos. Nós não hesitaremos em enviá-lo para todas as localidades existentes, sejam nas backrooms, sejam nas frontrooms.

— E como vocês já devem saber, nesse dossiê tem todos os resultados do Ilhados, provas da parceria de vocês com os Gabu'is e a localização de todas as entradas para Bolha Material I. — explicou Dyana.

Lucas voltou para perto da tela, pondo-se entre Dyana e Marcelo, certo do que os presidentes da Pholimyan escolheriam, pois se aceitassem os termos, a dissuasão causaria um rombo financeiro imenso nas contas da Pholimyan, mas eles ainda teriam a empresa e poderiam se reerguer. Porém caso não aceitassem, o rombo seria ainda maior, pois perderiam a empresa e a liberdade. Sorrindo maliciosamente, Lucas perguntou:

— E então? Temos um acordo?

Horácio começou a rir do outro lado da tela, deixando a todos em dúvida, principalmente Lucas, que não sabia se aquela risada era um indicação de que a Pholimyan tinha uma carta na manga, ou era uma risada de desespero. A crise de risos durou apenas alguns segundos, e ao final dela, Horácio perguntou de maneira ousada:

— Mesmo que a aceitemos os termos, quem garante a vocês que nós não vamos desenvolver tecnologia para invadir a ilha? Vocês não estarão mais aqui, e apesar de terem ligação com a Living Island, vocês só saberão da invasão quando chegarmos às praias.

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