Parte 3 - Os Avatares da Ilha: Capítulo 17 - Carbonizada

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DIA 19

Litoral da Living Island

Quando Dyana acostumou-se à tridimensionalidade, uma gritaria do lado de fora chamou sua atenção, e rapidamente, ela abriu a porta para dar de cara com um cenário caótico. Antônio batia desesperadamente à porta de Marcelo, havia algo em chamas perto da mesa, Peterson e Sávio tentavam desesperadamente apagar o fogaréu com Almond Water, mas logo o cheiro de carne queimada fez Dyana entender aquela urgência. Um corpo queimava, inerte, despertando em Dyana lembranças da visão com Jadson.

O som de passos apressados, aproximando-se cada vez mais, Fez Dyana olhar para frente e ver que era Vivian, subindo as escadas de sua cabana, transparecendo alívio. Vivian lhe deu um abraço apertado, o que deixou Dyana confusa, fazendo-a perguntar:

— Meu Deus, Vivs. O que está acontecendo?

Vivian a olhou com os olhos arregalados e devolveu a pergunta:

— Como assim o que tá acontecendo? Você ficou sumida o dia inteiro!

— O dia inteiro? — Dyana tinha certeza de que a soma do tempo que passara fora da Living Island não passava de algumas poucas horas, mas mas através da integração, descobriu que poderia haver uma discrepância temporal para iniciantes. — Por algum motivo desconhecido, eu passei o dia inteiro dormindo.

— Então você não ouviu os gritos da Bia? — perguntou Vivian, incrédula.

— Gritos da Bia? Aliás, cadê ela? — disse Dyana.

Vivian apontou para o corpo, que já queimava com menos intensidade, então Dyana entendeu que o cadáver era Beatriz.

...

Antônio passara o dia tentando entrar na cabana de Marcelo, mas com a porta trancada, era impossível, o que começou a lhe causar medo. Sabia que não era para ter deixado seu namorado sozinho, ainda mais com o pé machucado. A falta de respostas o fazia teorizar coisas cada vez mais absurdas, e de tão tenso que estava, não conseguiu comer muito durante as refeições.

Mesmo angustiado, Antônio acho suspeita a disposição repentina de Beatriz em servir as garrafas de Almond Water, mas depois de saber que ela e Sávio haviam terminado, Antônio acabou relevando. Porém, no meio do jantar, Beatriz começou a se sentir mal após tomar um gole de sua garrafa, inicialmente apresentando coceira, e após uma sequência de dores que se intensificavam em uma escalada assombrosa, confessou que por vingança, tentara envenenar Sávio com Dor Líquida, mas perdeu a garrafa envenenada de vista, e acabou sendo vítima de sua própria armação.

Quando Marcelo finalmente abriu sua porta, Antônio o abraçou no mesmo instante, que de tão apertado, fez Marcelo pediu a ele para afrouxar um pouco. Assim que se recompôs, Antônio perguntou:

— Por que você ficou o dia todo trancado nessa cabana?

— Eu não faço a mínima ideia, fui dormir ontem, e acordei agora. — respondeu Marcelo.

Com a mente nublada pelo nervosismo, Antônio não percebeu a insegurança que Marcelo apresentava ao responder.

— Meu Deus do céu! O que é aquele carvão ali? — perguntou Marcelo, apontando para o corpo carbonizado de Beatriz.

— É a Bia. — respondeu Antônio. — Se matou por acidente.

Antônio contou uma versão resumida do que havia acontecido, poupando Marcelo de detalhes como os gritos agonizantes e a descrição, feita por Beatriz, de cada sensação que o veneno lhe causava.

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