Camila comia despretensiosamente algumas panquecas americanas de café da manhã, dispersa como quem acaba de acordar e ainda não consegue voltar com prontidão ao mundo real. Sua família a acompanhava, todas desanimadas ao redor da mesa do hotel.
— Obrigada por terem me deixado dormir aqui — disse Letícia.
— Não tem de quê — respondeu Júlia, um sorriso sendo esboçado no seu rosto.
Subitamente, o telefone tocou. A hóspede logo se levantou e atendeu-o, pronta para repassá-lo a quem fosse necessário.
— Alô, quem é?
— Alô. Polícia Federal.
— Polícia? Como assim?
As Cardoso imediatamente se atentaram à ligação. Polícia?
— A senhorita fala da residência atual dos Cardoso Hermetti. Por acaso sua mãe ou sua irmã conhecem um tal de Guilherme Lima?
— Eu não sou da família, mas conheço ele, sim. O que ele fez dessa vez?
— Ele foi assassinado essa noite.
Letícia ficou imóvel. Sua pele imediatamente empalideceu, suas mãos ficaram trêmulas e deixaram com que o telefone fixo caísse de suas mãos.
— Letícia? O que foi? — indagou Rebeca, curiosa.
— O Guilherme morreu.
Choque absoluto. Camila logo interrompeu a pausa:
— Mais uma morte... É um assassino em série... Quem vai ser o próximo a morrer? Quem vai ser o próximo a morrer? — Estava ofegante, prestes a gritar. — Quem vai ser o próximo a morrer?
E nessa última frase, berrou. E de tão alto o berro e de tão imensa a surpresa, desmaiou mais uma vez.
Acordou no sofá, novamente cercada por seus familiares.
— Ai... Eu não desmaiei de novo, né?
— Não há nada demais nisso, filha — contestou Júlia, numa voz mansa.
— Chega, chega!
Camila estava insatisfeita, precisava dar um tempo para tudo. Imediatamente se levantou, ouvindo um breve grito felino sair de seu colo.
— Camila, a Tangerina tava no seu colo! Você derrubou ela! — gritou Rebeca.
— Eu vou dar um passeio noturno. Arejar a cabeça.
Imediatamente, redirecionou-se à porta. Ao abrí-la, se deparou com Thales.
— Thales?
— A Rebeca me chamou pra gente assistir um filme...
— Ah, claro. Pode ir, eu vou passear por aí. Volto logo.
Sem pestanejar, Camila logo saiu do luxuoso hotel a passos largos. Desejara tanto viver na cidade com seus amigos, sem precisar se comunicar com eles somente por telefone ou por voos. Mas, agora, definitivamente não se sentia à vontade para continuar lá.
O céu já estava escurecendo — o que era impressionante, porque quando ela desmaiou era manhã. Enquanto o aroma reconfortante da brisa balançava seus longos cachos negros, a jovem impôs-se pelas ruas da cidade, glamurosa e confiante.
Via o pôr-do-sol, no horizonte. Era lindo. Por um instante, chegou a parar em pé para observá-lo, pondo as mãos nos bolsos e analisando cautelosamente todas as tintas utilizadas naquela pintura. E. enquanto olhava atentamente, sentiu um dedo estranhamente cutucando o seu ombro. Olhou para trás. Nada.
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Em Carne e Osso
Mystery / ThrillerCem anos após o massacre ocorrido na Ilha Pantheon, um grupo de oito amigos começa a presenciar alguns fenômenos estranhos, sendo vítimas de um serial killer impiedoso que cruza as fronteiras da realidade e causa uma dúvida muito inquietante: é uma...