Capítulo 14 - Convite por Telefonema

8 1 0
                                    

 Duas semanas depois. Camila e Rebeca voltaram a São Paulo e compareceram aos funerais dos dois. Julieta também, apesar de que Letícia foi somente ao de Thales.

Letícia estava assistindo um filme de terror quando recebeu a ligação. Não gostava de atender a telefonemas, mas neste dia em específico, estava de bom humor.

— Alô — afirmou, tirando o telefone de seu suporte.

— Oi, Letícia. É a Julieta.

— Oi, Julieta. O que aconteceu?

— Você sabe o caso da morte do Thales?

— Sim, claro. O que tem de tão interessante nisso?

— Acho que não é tão simples como parece ser.

— Como assim? Não encontraram o corpo da mãe da Rebeca, e as câmeras mais próximas indicaram que não tinha nenhum carro seguindo eles.

— Eu sei, mas... essa história parece muito infundada. Por que a dona Júlia faria isso?

— Ah, sei lá, por que ela era louca? Às vezes as pessoas são loucas e nem sabemos.

— Não, mas eu acho que tem alguma coisa a mais. Você sabia que o Otávio morreu exatamente cem anos depois do incêndio da Ilha Pantheon?

— Do quê?

— Na ilha que a gente foi, onde tudo começou, sabe?

— Sei.

— Há cem anos atrás, doze pessoas importantes envolvidas num caso bem obscuro de assassinato morreram convenientemente num incêndio. Só três escaparam, e uma dos três se matou pouco tempo depois, dizendo que tava sendo perseguida.

— Foi só uma coincidência.

Pode ter sido só uma coincidência. Mas e se tiver sido algo a mais? E se o assassino, seja a dona Júlia ou outra pessoa, estivesse fazendo um ritual pra invocar os fantasmas das pessoas mortas ou algo assim?

— Julieta, acho que você tá pensando demais.

— Letícia, acredita em mim. Eu já vi muitas pessoas psicopatas, sociopatas e outras. Até as mais perfeitas sempre deixam escapar algum traço, mesmo que mínimo, da condição delas. Já a Júlia...

— Mas então, se não foi ela, quem poderia ter sido? Não tinha como ter previsto que o pneu ia murchar justamente naquele ponto, e se alguém tivesse, sei lá, sabotado o pneu e seguido o carro, teria que sair voando pra conseguir alcançar eles.

— Eu não disse que não foi a Júlia. E, se ela não é uma psicopata, tem que ter algum motivo pra ela ter matado todo mundo.

— Tá — Suspirou. — Você venceu. E aí, o que fazemos?

— Pensa, a Júlia é uma fugitiva. Precisamos encontrar ela. E eu já tentei convencer a polícia, mas como ela é uma pessoa muito influente, todo mundo quer deixar por isso mesmo. Mas eu não quero.

— Mas como você vai encontrar ela sozinha?

— Aí que tá. O primeiro passo pra saber onde ela tá é descobrir o motivo que ela teve pra fazer tudo. E, se soubermos o motivo, sabemos quem vai ser a próxima vítima.

— Próxima vítima. Como assim?

— Quando eu cheguei na ilha, ela disse 'Vamos todos morrer'. Nossas próprias vidas e as vidas das outras tão em perigo.

— Certo. E como vamos achar o tal motivo?

— Voltando pra Ilha Pantheon. Eu, você e as outras.

— Ah, não, Julieta...

— Se você ficar aqui, pode ser que você morra, Letícia.

Silêncio total. Enfim, Letícia respondeu:

— Tudo bem, eu vou. Mas não pago a viagem!

— Eu já falei com a Rebeca no telefone. Ela vai nos levar no avião particular delas.

— Mas como vamos chegar até São Paulo?

— Tem um voo pra hoje de noite. Eu pago. Topa?

— Tá bom, então. É melhor acabar logo com isso.

Em Carne e OssoOnde histórias criam vida. Descubra agora