Duas semanas depois. Camila e Rebeca voltaram a São Paulo e compareceram aos funerais dos dois. Julieta também, apesar de que Letícia foi somente ao de Thales.
Letícia estava assistindo um filme de terror quando recebeu a ligação. Não gostava de atender a telefonemas, mas neste dia em específico, estava de bom humor.
— Alô — afirmou, tirando o telefone de seu suporte.
— Oi, Letícia. É a Julieta.
— Oi, Julieta. O que aconteceu?
— Você sabe o caso da morte do Thales?
— Sim, claro. O que tem de tão interessante nisso?
— Acho que não é tão simples como parece ser.
— Como assim? Não encontraram o corpo da mãe da Rebeca, e as câmeras mais próximas indicaram que não tinha nenhum carro seguindo eles.
— Eu sei, mas... essa história parece muito infundada. Por que a dona Júlia faria isso?
— Ah, sei lá, por que ela era louca? Às vezes as pessoas são loucas e nem sabemos.
— Não, mas eu acho que tem alguma coisa a mais. Você sabia que o Otávio morreu exatamente cem anos depois do incêndio da Ilha Pantheon?
— Do quê?
— Na ilha que a gente foi, onde tudo começou, sabe?
— Sei.
— Há cem anos atrás, doze pessoas importantes envolvidas num caso bem obscuro de assassinato morreram convenientemente num incêndio. Só três escaparam, e uma dos três se matou pouco tempo depois, dizendo que tava sendo perseguida.
— Foi só uma coincidência.
— Pode ter sido só uma coincidência. Mas e se tiver sido algo a mais? E se o assassino, seja a dona Júlia ou outra pessoa, estivesse fazendo um ritual pra invocar os fantasmas das pessoas mortas ou algo assim?
— Julieta, acho que você tá pensando demais.
— Letícia, acredita em mim. Eu já vi muitas pessoas psicopatas, sociopatas e outras. Até as mais perfeitas sempre deixam escapar algum traço, mesmo que mínimo, da condição delas. Já a Júlia...
— Mas então, se não foi ela, quem poderia ter sido? Não tinha como ter previsto que o pneu ia murchar justamente naquele ponto, e se alguém tivesse, sei lá, sabotado o pneu e seguido o carro, teria que sair voando pra conseguir alcançar eles.
— Eu não disse que não foi a Júlia. E, se ela não é uma psicopata, tem que ter algum motivo pra ela ter matado todo mundo.
— Tá — Suspirou. — Você venceu. E aí, o que fazemos?
— Pensa, a Júlia é uma fugitiva. Precisamos encontrar ela. E eu já tentei convencer a polícia, mas como ela é uma pessoa muito influente, todo mundo quer deixar por isso mesmo. Mas eu não quero.
— Mas como você vai encontrar ela sozinha?
— Aí que tá. O primeiro passo pra saber onde ela tá é descobrir o motivo que ela teve pra fazer tudo. E, se soubermos o motivo, sabemos quem vai ser a próxima vítima.
— Próxima vítima. Como assim?
— Quando eu cheguei na ilha, ela disse 'Vamos todos morrer'. Nossas próprias vidas e as vidas das outras tão em perigo.
— Certo. E como vamos achar o tal motivo?
— Voltando pra Ilha Pantheon. Eu, você e as outras.
— Ah, não, Julieta...
— Se você ficar aqui, pode ser que você morra, Letícia.
Silêncio total. Enfim, Letícia respondeu:
— Tudo bem, eu vou. Mas não pago a viagem!
— Eu já falei com a Rebeca no telefone. Ela vai nos levar no avião particular delas.
— Mas como vamos chegar até São Paulo?
— Tem um voo pra hoje de noite. Eu pago. Topa?
— Tá bom, então. É melhor acabar logo com isso.
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Em Carne e Osso
Misteri / ThrillerCem anos após o massacre ocorrido na Ilha Pantheon, um grupo de oito amigos começa a presenciar alguns fenômenos estranhos, sendo vítimas de um serial killer impiedoso que cruza as fronteiras da realidade e causa uma dúvida muito inquietante: é uma...