Em Carne e Osso

Capítulo 10 - Encontro no Consultório

 Camila mordia os lábios quando encontrou Julieta na entrada do consultório. Sua mente envolvia-se em pensamentos e medos, até que ela finalmente disse:

— Oi, Ju. Quanto tempo.

— Quanto tempo, mesmo. Achei até que você já tinha voltado pra São Paulo.

— Aconteceram algumas coisas...

— Que coisas?

— Eu tive um sonho muito estranho, e pressenti que uma psicóloga amiga da Cecília tava em perigo.

— Calma, você parece bem nervosa. Sabe que foi só um sonho, certo?

— Eu não sei. Acho que tem um fantasma por trás disso tudo.

— Fantasma? Mas, Camila...

— Ele queria me avisar do que iria acontecer com a Paola. E, ainda assim, ela não morreu... — A jovem começou a refletir.

— Camila, me deixa fa...

— Por quê? Por que ele atacou a mim e não à Paola? Porque... Porque... — Pensou, sem sequer olhar no rosto da amiga. — Talvez eu tive aquele sonho porque ele quis que eu ficasse na cidade? Talvez ele quis que eu testemunhasse um assassinato a mais...

— Camila! — gritou, inconformada. — Sendo fantasma ou não, não tem como um espírito esfaquear duas pessoas múltiplas vezes, não concorda?

— E se... — Estava totalmente dispersa do que Julieta dizia. — E se ele tentou me matar e não conseguiu? Sim, naquela vez do poste, era pra eu ter morrido! Mas eu não morri... Eu continuo viva. E isso significa que ele vai tentar me matar de novo, com certeza. Mas até lá... Espera, por que eu tô aqui?

Começou a olhar para os lados.

— Porque a Cecília nos chamou.

— E por que ela nos chamou?

— Você acha que eu sei?

Ouviu-se um grito, seguido do barulho estridente de um objeto rolando pelas escadas. Camila pôs a mão no peito, já temerosa, enquanto Julieta sacou sua arma e caminhou lentamente até a porta.

Abriu. Uma trilha de sangue estava desenhada desde o último degrau até o primeiro. Neste, revelou-se Cecília, caída inerte e totalmente ensanguentada.

— Cecília! — gritou Julieta, aterrorizada.

Camila não aguentou e desmaiou uma vez mais.