Capítulo 19 - Sobrevivendo

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 — Letícia, corre! — gritou Julieta, ainda com a arma na mão.

A outra assim o fez, enquanto o espírito encarava seus olhos amedrontados.

Largue essa arma, Julieta — pegou uma tesoura do bolso. — Ou eu mesmo vou tirá-la daí.

— Vai pro Inferno! — Atirou uma vez mais, acertando seu ombro.

Imediatamente ao nocautear a possuída, Julieta correu desesperadamente, prestes a fugir do hotel. Escorou-se numa janela perto da escada, antes de ofegar de forma profunda e vagarosa.

Agora você não escapa! — gritou o monstro, novamente voando.

Começou a deliberadamente avançar em Julieta, que não conseguiu sacar sua arma a tempo e acabou sendo pega por Isobel, antes de ser atirada violentamente contra a janela e cair do segundo andar, em direção à terra dura da ilha.

O fantasma permaneceu observando o corpo da policial, esperando voluptuoso para o momento decisivo em que ela parasse de se mexer. Contudo, isso não aconteceu, e ela logo se levantou.

Argh! — exclamou Murphy, enfurecido. — A outra não escapa de mim.

. . .

Letícia já estava quase chegando no primeiro andar quando, sobre as escadas majestosas da casa, seu pé foi arrastado pelo fantasma.

Caiu, batendo o queixo no canto do degrau enquanto Rebeca puxava seu corpo pelo pé, cada vez mais para cima. Enfim, a assassina possuída posicionou-a no segundo andar, antes de esfaquear violentamente sua perna.

— Não! — berrou, sentindo a dor pungente da tesoura enfiada nela. Fechou os olhos, esperando não ver a exposição da ferida que se avultava.

Antes que a algoz pudesse dar um último golpe em Letícia, no peito, ela rapidamente reagiu e armou um soco contra o seu rosto, imobilizando-o e roubando sua tesoura.

— Socorro! Socorro! — gritou a vítima, mancando. Tentou descer as escadas, mas acabou tropeçando e rolando por elas, ferindo ainda mais seu machucado. Logo, as mãos libertadoras de Julieta apoiaram-se em seu corpo, levantando-a e encostando-a numa parede próxima.

— Letícia, você tá bem? — perguntou, enquanto pegava seu kit de primeiros socorros. — Me dá essa tesoura. Eu guardo comigo.

— Tá... O que aconteceu com você? Por que você tá toda machucada?

— Os cacos de vidro. Eu me machuquei quando a Rebeca me jogou da janela.

— Meu Deus...

— Se acalma que a gaze tá quase amarrada... Pode doer um pouco.

— Ai! Ai! — exprimiu, enquanto Julieta terminava o processo de amarrar o tecido em seu joelho.

— Pronto. Agora você tá segura.

Não por muito tempo! — interveio Selena, já levitando no ar.

— Merda! — disse Letícia.

— Vamos embora!

As duas correram o máximo que puderam, sentindo a adrenalina infiltrar-se dentro delas enquanto havia a possibilidade de morrer se não fossem rápidas o suficiente.

Julieta foi a primeira a sair, observando a amiga por detrás da porta.

— Letícia! Cuidado! Atrás de você!

Quando Selena agarrou-se na jovem ferida, a policial imediatamente avançou-se contra ela, derrubando-a no chão com o ímpeto de seu corpo.

— Agora você vai ver o que é bom pra pele, monstro! — Tirou a tesoura da cintura e enfiou-a profundamente no olho de Rebeca.

Em Carne e OssoOnde histórias criam vida. Descubra agora