9 | As jogadoras e o jogo

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'Cause you know I love the players
And you love the game

Porque, você sabe, eu amo as jogadoras
E você ama o jogo


Blank Space

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Durante os primeiros trinta minutos do jogo contra o FC Porto, o Barça mantém a posse da bola com tranquilidade e o jogo fica concentrado na área do outro time. Eu observo do banco, esfregando as mãos nas pernas e com o corpo inclinado para a frente. Mas, não importa o quanto as jogadoras partam para a ofensiva, a bola não entra no gol.

Emily, ao meu lado, está com os braços cruzados sobre os joelhos e os lábios crispados em preocupação. Eu me aproximo para sussurrar perto do ouvido dela:

— Por que caralhos o Alvarez ainda não te colocou ali?

De todas as jogadoras do nosso time, Emily é a que mais tem sucesso nas finalizações, tanto nos treinos quanto nos jogos. Mas, quando chega a hora das partidas importantes, ela sempre começa no banco. O mesmo está começando a acontecer comigo.

Ela suspira de um jeito irritado.

— Ele diz que não dá para mostrar todo o nosso poder ofensivo assim logo de cara. — Pelo seu tom de voz, é óbvio que não está nada feliz com isso.

— Ou talvez ele não queira que uma brasileira chame mais atenção do que...

— Deixa pra lá, Becs — ela me interrompe. — Não vamos comprar essa briga.

Eu me endireito, voltando a prestar atenção no jogo. Era para ser uma partida fácil. Meu olhar vacila na direção do nosso técnico, que está assistindo ao jogo de braços cruzados. Ainda não sei se ele realmente quer deixar as jogadoras de outros países ofuscadas em comparação às espanholas, como comecei a dizer, ou se ainda está tentando entender o que fazer conosco.

Ember, Marge e Karin estão em campo, então não são todas as jogadoras internacionais que ele está "poupando". Faço um muxoxo. Na mesma hora, ele olha na minha direção. Está com uma carranca impressionante e, quando não desvio o olhar, sua expressão se suaviza um pouco e ele gesticula com a mão para que eu me aproxime.

Faço isso, tirando o casaco e deixando-o no banco.

— Está pronta para entrar? — ele pergunta quando chego perto o bastante.

— Sempre.

Ele dá um sorriso mínimo, depois aponta para o campo, na direção de Ember.

— Quando o jogo parar, fala para a Ember que a gente vai fazer como combinamos no treino de ontem. Inversão e bola para você ou para Alba. Se vocês acharem que dá para arriscar mandar para o gol fora da área, tudo bem, uma hora essa bola vai entrar. Mas, se a Emily estiver na frente, é bola para ela.

— Emily?

— Achou mesmo que eu deixaria vocês duas no banco o jogo todo? — Ele suspira. — Me dê um pouco mais de confiança, Rebeca.

Ele se vira para o banco e gesticula para Emily vir na nossa direção. Ela levanta rápido, abrindo um sorriso aliviado.

Com a adrenalina começando a correr no sangue, nós duas começamos a nos aquecer. Fico tentando não sorrir como uma idiota, porque Alvarez falando "vocês duas", como se Emily e eu fôssemos uma dupla, sem poder separar uma da outra, me pegou de surpresa. Era assim que nosso técnico do Santos se referia a nós, sempre "vocês duas aí" ou "a duplinha" e é algo que faz com que eu me sinta como uma adolescente de novo. Não só como se estivesse prestes a jogar com o meu time, mas, mais importante, prestes a jogar com a minha melhor amiga.

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