Intervalo | Das arquibancadas

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Connie Ember


。⋆♡ ⚽︎ ♡⋆。

Qualquer pessoa inteligente, se questionada sobre isso, garantiria que assistir a um jogo da mulher por quem se é apaixonada não é uma maneira eficiente de esquecê-la.

Se já fui inteligente algum dia, não me lembro.

A caminhada pelas arquibancadas do estádio é tortuosa, mesmo que o lugar esteja com apenas um terço de sua capacidade preenchida por torcedores, todos usando as cores da Inglaterra. Alguns acenam para mim, e respondo sorrindo, ciente de todas as câmeras apontadas na minha direção. O que as pessoas na internet dirão quando as fotos e vídeos forem publicadas? Será que vão pensar que estou aqui para ver a Rebeca jogar? Ou vão cogitar que talvez, quem sabe, eu tenha vindo para assistir a minha seleção jogar, não uma única pessoa. Não consegui convencer a minha avó de que essa era a verdadeira razão, mas talvez meus fãs convençam a si mesmos.

— Aqui, vamos ficar nessas cadeiras, querida — vovó diz atrás de mim, parando a minha caminhada vacilante.

Ainda estou mancando depois de torcer o tornozelo em um treino, e é claro que ela percebe.

Olho para trás, para os lugares para os quais minha avó aponta.

— Não são os assentos que reservei — digo, porque sei o quanto ela é correta com esse tipo de coisa. Vovó abomina ir contra qualquer regra, não por algum senso de justiça, mas porque considera isso deselegante.

— Não faz mal. — Ela se senta, cruzando uma perna sobre a outra, e ignora o fato de que fico boquiaberta por alguns segundos. — Sente-se logo, Cornelia, e pare de apoiar o peso nessa perna machucada.

Ah, então é isso.

Eu suspiro e me sento com cuidado, esticando o pé com a tornozeleira mais adiante, depois lanço um olhar de canto para a minha avó. Ela está com os lábios pressionados em uma linha, seus olhos verdes semicerrados, e é óbvio que todo o meu esforço para disfarçar a dor que sobe pela minha perna é em vão. Essa senhora tem uma ligação direta com os nervos no meu corpo. É como se eles comunicassem a ela primeiro tudo o que dói em mim.

— Quer dizer que você sentiu falta de jogar com elas? — Vovó comenta, desviando o olhar para o campo. O time da Inglaterra já está reunido no gramado e a Seleção Brasileira acaba de entrar. — Pensei que tinha vindo até Londres me visitar, mas nunca é só isso.

Reviro os olhos, sem dar muita atenção para o drama dela. Eu poderia ter vindo sozinha, mas escolhi ligar para ela, convidando-a para ver o jogo comigo, porque sei o quanto gosta de Londres. Mesmo assim, ela adora me provocar sobre o fato de que quase nunca vou a Sunderland.

— Claro que sinto falta de jogar com as minhas colegas da Inglaterra...

As palavras ficam mais baixas no final da frase, minha atenção se voltando toda para o gramado. Apoio os cotovelos nas coxas e me inclino um pouco para a frente. Rebeca caminha de mãos dadas com uma garotinha, sua trança balançando de leve a cada passo. Está usando o uniforme azul do Brasil, e a cor combina com ela.

Uma força invisível comprime o meu peito e a minha garganta.

De novo, tento me convencer de que estar aqui é uma boa estratégia. Em vez de pensar em Rebeca, posso apenas vê-la.

A voz da minha avó me tira do transe:

— Eu não estava falando do time da Inglaterra. — Olho para ela, que dá um sorrisinho. — Estava falando das suas colegas do Barcelona. Emily, não é? E Rebeca.

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