17 | Questão de timing

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We're all here
The lights and noise are blinding
We hang back
It's all in the timing

Estamos todos aqui
As luzes e o barulho são ofuscantes
Ficamos para trás
Tudo é questão de timing


New Romantics

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Respiro devagar pela boca porque o ar gélido faz o meu nariz arder. É hora de entrar em campo, e eu seguro a mão da garotinha ao meu lado, dando um sorriso encorajador para ela antes de começarmos a caminhar pelo corredor.

Aconteceu. Finalmente estou iniciando como titular em uma partida da Champions League. Assim como Emily, a segunda a entrar em campo, logo depois de Alba.

Eu não tinha certeza se o Alvarez me colocaria para jogar, não depois de eu ter perdido tanto tempo por causa do meu tornozelo machucado. Acho que compensei por isso nos últimos dois jogos da Liga F — quem diria que o desespero me faria tão bem —, porque aqui estou.

Quando pisamos em campo e todas as luzes acesas do estádio, junto com os urros da plateia, me pegam desprevenida, é a garotinha ao meu lado que me mantém no ritmo. Não que um estádio lotado seja novidade para mim — o Barcelona é um time querido na Europa inteira, no mundo na verdade, e o futebol feminino está numa crescente —, mas essa é a primeira vez que estou prestes a iniciar num jogo importante como esse. Nem mesmo na Seleção tive a chance de começar como titular. Ainda não, pelo menos.

Depois do nosso time, entram as jogadoras do Lyon.

Observo em silêncio os rostos conhecidos, não é segredo que o Lyon está cheio de craques. Mas o Barça também está. Elas não são melhores do que nós, e é o que vamos provar hoje.

Enquanto Alba anda até onde estão os árbitros para cumprimentar a capitã do Lyon e ver quem vai começar com a posse da bola, arrisco um olhar para Ember. Imediatamente nossos olhares se encontram, porque ela já estava virada na minha direção, e apenas Marge fica entre nós, focada na plateia.

Ember sorri e acena sutilmente com a cabeça.

Vai ficar tudo bem, sua expressão me diz. Ou talvez eu esteja vendo coisa onde não tem, mas foda-se. Vai ficar tudo bem, e não vou estragar tudo justo em um dos jogos mais importantes da minha trajetória no Barça. Ember está aqui comigo, e ela é a minha jogadora.

Alba volta para nossa linha, tendo ficado estabelecido que o Lyon vai ficar com a posse da bola, e nós começamos a nos espalhar pelo campo assumindo nossas posições. A maioria dos torcedores nas arquibancadas está entoando alguma coisa em francês, e nem tento compreender.

Esta é a minha chance. De agora em diante, não quero começar mais nenhum jogo importante no banco.

O apito soa.

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O primeiro tempo é difícil pra caralho. Ainda bem que acabei de descobrir que funciono mesmo quando me desespero, porque estou me desesperando agora.

Alvarez, diante dos bancos do Barcelona, está de braços cruzados e com a cara fechada. Ele não diz quase nada enquanto a zaga do Lyon sufoca qualquer tentativa nossa de lançar a bola para a grande área, e só tivemos dois chutes a gol em mais de trinta minutos de jogo. O time francês, por outro lado, chutou várias vezes e acertou em duas.

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