27 | Piscina à luz da lua

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Clink, clink, being this young is art
Aquamarine, moonlit swimming pool
What if all I need is you?

Clink, clink, ser jovem assim é uma arte
Verde-água, piscina à luz da lua
E se tudo que eu preciso é você?


­Slut!

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Tenho três jogos com a Seleção Brasileira na última semana de fevereiro, enfrentando o Haiti, o Panamá e a Colômbia na Copa Ouro Feminina. Viajo com Emily para San Diego, nos Estados Unidos, e ela fala de novo sobre a lista de jogadoras que vai montar para mim, o que supostamente vai me curar da minha "obsessão" por Connie. Como essa lista já está virando uma lenda urbana, eu nem protesto.

É só uma semana longe e, mesmo assim, dou conta de sentir falta de Connie.

Nós conversamos um pouco por mensagem e, depois de o Brasil vencer a Colômbia por muito pouco no penúltimo jogo, ela me liga para perguntar por que estou jogando como meio-campo e não no ataque. É como se ela tivesse notado antes de mim, assistindo ao jogo da tela da TV, que voltar para a minha antiga posição me abalou. Enquanto conversamos sobre o cabeça-dura do meu técnico e tentamos encontrar, juntas, algum sentido na lógica dele, eu fico um pouco mais tranquila. No último jogo, meu desempenho é bem melhor, mesmo no meio-campo, e eu telefono para ela de novo, só para dizer que a nossa conversa ajudou.

— Está pronta para jogar contra ela? — Alana me pergunta assim que desligo o celular.

Ela está em uma cadeira entre Emily e eu no aeroporto, somos as únicas três do time que restaram na área de embarque internacional. O cabelo loiro dela está embaraçado, mas preso num coque, e seus ombros estão curvados para baixo. Desde que entrou para o Corinthians, ela parece bem mais cansada. Mas, em campo, também está muito melhor como goleira. Um dia, ela será a melhor do mundo, não tenho qualquer dúvida disso.

— Estou pronta para tudo — minto, e ela bufa. Não devo ter soado muito convincente. — Não é grande coisa, todas nós enfrentamos amigas em algum momento.

— Mas ela não é só uma amiga — Alana insiste. — Vocês já se pegaram.

O jeito como ela me olha, com uma sobrancelha mais levantada que a outra, parece inserir um questionamento na afirmação. Mas não é nada que ela e as outras meninas já não tenham perguntado em voz alta: se Connie e eu estamos nos pegando, se estamos juntas, qual é a nossa. E eu sempre insisto que somos apenas amigas. No entanto, a vontade de contar tudo só cresce, e fica difícil controlar o impulso.

Emily me ajuda, falando antes que eu possa trair meus princípios:

Eu estou preocupada. — Ela cruza os braços e relaxa o corpo contra a poltrona desconfortável do aeroporto. — Mas não porque a Connie é a crush da Becs e a Alba é a minha namorada, é porque elas são boas mesmo.

— A gente vai ganhar — Alana assegura.

— Obviamente temos que pensar isso, questão de orgulho — Emily murmura. — Mas, na prática...

— Vamos ganhar — insisto.

Ela fica quieta, soltando um único suspiro. Nos alto-falantes, uma voz feminina anuncia o embarque para o nosso voo, e nos levantamos ao mesmo tempo para dar um abraço em despedida em Alana. Contra o meu ouvido, ela sussurra:

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