41 | Voltas e voltas

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And when we go crashing down,
We come back every time
'Cause we never go out of style

E, quando nós desabamos,
Voltamos todas as vezes,
Porque nunca saímos de moda

Style

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Eu me inclino sobre a bancada, aplicando o hidratante labial de cereja com os olhos fixos no meu reflexo, mas estou com a cabeça nas nuvens. Apoio a palma da mão esquerda no mármore, precisando do suporte extra.

As luzes são quentes no banheiro, refletindo nos ladrilhos escuros, e a batida agitada da música que vem do lado de fora, entrando pelas frestas da porta, não pode competir com o tum-tum-tum da minha pulsação.

Aperto os lábios, espalhando o hidratante, e encaro meu olhar assustado sem realmente me enxergar.

Então respiro profundamente, contando os segundos, como pratiquei na terapia. É só uma festa. Connie nem está aqui, talvez não possa vir.

Pensar nisso faz o meu estômago despencar, o oposto do sentimento de alívio que eu esperava. Caralho, sinto saudades dela. A esperança de vê-la me fez reunir forças até para enfrentar uma situação que me deixa extremamente ansiosa — o que também é causado pela expectativa da presença dela. É contraditório. Horrível. E meu coração está acelerado como se eu fosse a próxima na fila da montanha-russa. Quero ir, sentir a queda, só porque o frio na barriga provocado pelo mínimo sorriso de Connie ainda parece uma recompensa.

Espero alguns segundos antes de abrir a porta. Quando o faço, Sofia está encostada na parede do outro lado, e se endireita assim que me vê.

— Meu Deus, garota, que demora! — Eu me afasto, abrindo passagem para ela, mas ela me surpreende ao segurar o meu pulso e me puxar de volta para dentro do banheiro, dessa vez se trancando comigo. — O que ela fez?

— Quê?

— A Connie! O que ela fez para vocês terminarem? Julgando pela forma como a Emily está fuzilando a coitada com o olhar, imagino que a Connie seja a culpada. Ou foi você?

— Ela está aqui? — Olho para a porta fechada. — Quando ela chegou?

— Responde a minha pergunta primeiro.

Eu exalo, encarando-a, e franzo a testa.

— Você fez um ótimo trabalho adivinhando as coisas até agora, vai realmente pedir por respostas fáceis?

— Poxa, mas eu adoro facilidade. Só sou obrigada a investigar da forma difícil porque ninguém me conta nada. Ser uma das mais novas do time é difícil.

— Bom, eu não vou contar nada.

— Que frieza. — Ela faz um bico, mas não dura nem dois segundos com a falsa expressão de mágoa. Logo encosta o quadril na bancada de mármore e abre um sorrisinho. — Você ainda está caidinha por ela, não é? Protegendo-a desse jeito.

Que droga, essa menina é boa no que faz.

— Nada a declarar.

Aperto seu ombro, depois lhe dou as costas e abro a porta, com toda intenção de deixá-la para trás com suas perguntas e maquinações. Connie está aqui, e eu preciso vê-la. Só para olhar mesmo. Descobrir se aquele tornozelo dela se curou direito. Constatar que ela continua no mundo, do jeito como deve ser.

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