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Christopher estava em um estado catastrófico.

Após a sua briga fervorosa com Felix, ele decidiu arbitrariamente que precisava de um tempo sem vê-lo para organizar as ideias dentro de sua cabeça.

O ponto era que não ver Felix não ajudava com a manutenção de seu bem-estar. Reprisava todas as palavras atravessadas que trocaram, principalmente a parte em que Felix expunha a sua vontade de não ficar com a criança que estava gerando em seu ventre, a filha que estava esperando. Isso lhe cortou o coração, criava um nó infeliz em sua garganta. Mas, ao mesmo tempo, fortificava a consciência de que aquele pedido de ajuda desesperado estava emergindo graças a sua incompetência de demonstrar apoio incondicional a pessoa que estava grávida de um filho seu.

Talvez se afastar e mostrar as exatas ações que Felix esperava que viriam de si, confirmasse todas as suas suspeitas com relação à sua conduta prepotente e inconfiável. No entanto, Chan queria tomar um fôlego e alinhar suas expectativas com a realidade; era impossível ser racional com suas emoções borbulhando.

— Você está com uma cara de merda — Minho comentou, folheando uma pasta contendo um processo que havia começado a estudar, sentado no carpete da sala e usando a mesa de centro como apoio.

Ele nem teve que checar a feição de Chan mofando no sofá atrás de si para atestar sua semelhança com um cadáver enterrado há sete dias.

Havia chego mais um fim de semana, e Christopher simplesmente havia desistido de tentar se focar em alguma de suas atividades relacionadas ao seu emprego. Ele se arrastou por durante aqueles dias, e tudo no que podia pensar era em como iria resolver todas as suas pendências com Lee Felix.

— Você me convidou para irmos jogar tênis, mas o dia acabou com nós presos em casa porque você resolveu que está obcecado com um processo que não tem nada a ver com você — resmungou Chan, gemendo em frustração. Ele indicou uma das paredes de vidro onde era possível vislumbrar a paisagem panorâmica do jardim extenso e verde sendo arrasado pela tempestade trovejante. — E está chovendo.

— Sim, Deus está punindo você — Minho reverberou tranquilo, mantendo a sua concentração nas letras miúdas da pasta documentada. — Não vejo problema em ficar em casa em um dia chuvoso revisando casos que não tem relação comigo. Você deveria se sentir grato por Dori ter escolhido a sua barriga como cama.

O gato se encontrava abrumado sob o abdômen de Chan, que encarava o teto de modo desinteressado.

Como se fosse atingida pelo mal-humor de Chan, Dori saltou no chão e deu uma voltinha em torno de Minho antes de ir em busca por uma atmosfera mais leve.

— Você podia se esforçar para ser um amigo melhor.

— Quer prova melhor do que a sentença que eu escrevi onde diz que vamos passar o restante de nossos dias miseráveis juntos em um asilo do qual fugiremos para pescar nos fins de semana?

— Nós não concordamos sobre a parte de fugir para pescar.

Isso porque Chan discordava sobre pescar ser algo divertido de se fazer. O que era tedioso para ele, para Minho era o suprassumo do relaxamento com o benefício de pegar o almoço fresco pelo anzol.

— O fato é — Minho abandonou o lápis que usava para fazer as anotações e comentários com relação aos arquivos, concentrando-se em Chan, derrotado. — O que você quer que eu faça para você achar que eu me importo com você, meu amigo há mais de dez anos que necessita de uma demonstração clara de afeto fora o castigo de ter que te tolerar cada dia da minha vida entediante?

VERÃO AUSTRALIANO | CHANLIXOnde histórias criam vida. Descubra agora