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Viver um dia após o outro era mais difícil do que o que realmente a frase quer passar, e este fato se comprova a cada chegada de um novo amanhã. Jisung frequentemente sofria com crises depressivas, ainda mais porque se sentia desencaixado de todos os moldes estipulados para se compor qualquer espaço nesse mundo. Mas naquele dia, seu peito estava recheado por um sentimento diferente que o remetia quase a um propósito, um motivo para estar feliz e não resistir para levantar da cama enquanto era devorado por seu pessimismo.
Ele era um exímio lutador e seus punhos estavam calejados. Ao mesmo tempo que sentia dor após uma luta, também ficava visceralmente satisfeito. No entanto, naquela hora da manhã, ele encontrou um lugar para descansar e recuperar as suas energias.
Jisung nunca se permitiu cogitar um dia onde ele não estivesse sozinho.
O braço de Minho estava em torno de seu corpo, e ele descansava a cabeça em suas costas, ressonando baixinho. Jisung estava se condenando por estar indo contra ao que ele mesmo estipulou; ele não deveria se iludir com algo como estabilidade ou basear parte de sua inspiração para não odiar o fato de estar acordando mais um dia em outra pessoa. Mas Minho estava ali a menos de um toque de distância, dividindo um espaço consigo após terem passado a noite entregando um ao outro o que melhor tinham de si mesmos.
Tudo estava vivo, cada contato, cada palavra.
Jisung era um idiota, por que ele não simplesmente ia embora?
Era estranho. Ele se sentia como um usurpador, sentia como se aquele não fosse o lugar dele. Lhe repetiram tantas vezes que ele apenas merecia o pior, que inconscientemente terminou acreditando. Todas as agressões que sofreu ao decorrer de sua vida estavam marcadas com cicatrizes ferrenhas, em sua pele, seu coração, sua alma. Como poderia acreditar que algo bom iria se suceder se tudo o que recebeu desde o dia em que nasceu foram provas de que ele não era como as outras pessoas e deveria ser punido por isso?
Forçou a si mesmo a impulsionar o corpo para frente a fim de se levantar. Sua mente estava sendo devorada por devaneios indesejados e ele estava tão angustiado, quanto desnorteado. Seu movimento brusco fez com que Minho despertasse em um susto. Ele fitou Jisung um pouco confuso, se perguntando mentalmente em qual período da manhã estavam.
— Bom dia — Minho respirou fundo e se espreguiçou, buscando se livrar da sonolência. Como você está?
— Eu vou embora — Jisung, de fato, se comportava como um animal ferido e assustado. Qualquer proposta envolvendo gentileza era presumidamente falsa e o deixava em alerta. — Estou saindo agora.
Jisung começou a vestir suas roupas dispostas ao pé da cama, apressado e com o coração acelerado, sendo acometido pela injustiça que o impedia de contemplar qualquer acontecimento como pontualmente bom. Ele estava um pouco mais emotivo que o normal; culpava aqueles malditos hormônios e seus sentimentos conturbados e incompreensíveis.
Inusitadamente, Minho segurou o seu braço e sustentou o olhar assim que foi encarado com surpresa.
— Vamos tomar café juntos? — perguntou, a voz suave e rouca. — Só... vamos tomar um banho e comer alguma coisa, está bem?
Indeciso, Jisung se perguntou o porquê Minho não estava mais se esforçando para afastá-lo. Se viu tentado a aceitar o convite e compartilhar de mais algumas horas confortáveis ao lado do homem que ele estava descobrindo prezar mais do que era recomendado. Ele estava com medo de se permitir levar para mais longe e terminar sozinho e arrependido, como outrora. Não era fácil confiar em Minho depois de receber tantos golpes vindos dele.
— Não — Jisung negou friamente, sacudindo a cabeça. — Eu tenho um compromisso.
— Qual compromisso?
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VERÃO AUSTRALIANO | CHANLIX
FanficFelix vive uma vida desafiadora, lutando contra os padrões sociais que o definem. Com uma banda de rock, um emprego insatisfatório e uma identidade de gênero questionada, ele se sente perdido na sociedade conservadora. Tudo muda quando Bang Chan ent...