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— Onde você quer ir? — de repente Chan questionou, encarando Felix através do espelho do carro. Viu que ele juntou as sobrancelhas e tombou a cabeça para o lado, gesto esse que arrancou-lhe uma risada. — Você não comeu nada e já é quase cinco horas da tarde. O que você acha de irmos comer?

— Hum... — Felix produziu um ruído semelhante a uma abelha para sinalizar que as engrenagens de seu cérebro estavam girando enquanto analisava a proposta. — Não é melhor ir direto pra casa?

Não podia negar que estava morrendo de fome; o seu estômago estava sendo explorado por uma retroescavadeira e entendia o quanto era negligente de sua parte postergar as refeições, ainda mais depois de receber o diagnóstico de sua anemia associada a sua gravidez.

— Considere isso como um agrado. Você merece. Vamos comer, uh? Também estou com fome — disse, calmo. — Escolha um lugar e eu nos levarei até lá.

— Quero ir ao McDonald's — respondeu sem titubear, sendo condenado. — Você que perguntou... — Felix se defendeu, certo de sua escolha. — O merdinha... a merdinha quer comer uns lanches gordurosos e cheios de calorias. Cabe no meu orçamento, ao menos. Eu amo McDonalds. Você não?

— Eu... — Chan mal se lembrava qual tinha sido a última vez que pisou os pés naquele restaurante de fast food barato. — Não seria melhor optar por algo mais saudável?

— Vai negar ao bebê o desejo de comer um simples Cheddar McMelt? Você nos odeia, Bang Chan? — chantageou, alisando a sua barriga e se aproveitando dos benefícios de tê-la.

Eram dois contra um.

Sendo derrotado, Chan dirigiu até o McDonald's mais próximo segundo o seu GPS o qual Felix conversou durante metade do trajeto para se distrair. Estacionou na vaga e saiu, ajudando Felix a descer do carro e o seguiu até a pequena filial que ficava próxima a uma avenida. Entraram na pequena fila comum e, chegando no caixa, Felix olhou para Chan como se pedisse permissão para seguir em frente com os seus pedidos, fingindo que não estava o obrigando a acompanhá-lo em sua dieta pobre.

— Fica à vontade. Eu pago — Chan usou as palavrinhas mágicas, resgatando a sua carteira do bolso.

Bom, Felix achou que era justo Chan arcar com os prejuízos resultados da gestação que ele contribuiu para existir.

Sorriu arteiro e voltou-se para o painel. Então, indicou três lanches diferentes, duas sobremesas, uma batata gigante e uma bebida diet. A atendente do caixa não pôde esconder sua surpresa enquanto marcava os pedidos no computador.

— Esses são só pra mim — Felix concluiu, bastante satisfeito. — E você, Chan?

Chan disfarçou o seu choque, se perguntando se Felix costumava comer feito um dragão cotidianamente. Sabia que ele estava comendo por dois, mas mesmo assim temia que aquela quantidade de gordura pudesse causar uma ingestão. Mas Felix estava tão feliz, os olhinhos brilhando ao entrar em contato com a imagem meramente ilustrativa nos painéis da vitrine, que não teve coragem de contestá-lo.

— Fico só com uma coca e uma batata média. Obrigado — sorriu desconcertado para a moça, que assentiu. — É pra comer agora. Não vou arriscar deixar o Felix com fome por mais um segundo ou ele vai comer o reboco das paredes desse lugar.

Felix deu risada e o estapeou no braço. Os dois ocuparam uma mesa e Chan apenas levantou para buscar as bandejas com os lanches, no balcão — ele só sabia que precisava ir buscar porque Felix o instruiu prevendo que Chan passava longe de restaurantes populares.

VERÃO AUSTRALIANO | CHANLIXOnde histórias criam vida. Descubra agora