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Jisung encarava a realidade como um tato fantasmagórico e gelado que jamais seria palpável, embora estivesse em posição de ter sua existência em ressalva sobre as demais singularidades compostas por elementos que não eram similares entre si.

Estava em sua casa, muito era trabalhado em sua cabeça. Descascava a unha e arrancava a pele dos lábios, definhando em uma ansiedade destrutiva.

Frequentou a casa de Changbin na noite anterior a fim de averiguar que Dami estava bem após passar pelo trauma de ver seu pai interagindo com a sua mãe enquanto ambos trocavam ameaças e xingos. Ela estava grudada em Changbin que estava sendo ainda mais compreensível e a mimando além do normal. Quando ela dormiu, os dois adultos conversaram e Changbin tomou uma decisão que iria mudar a trajetória de sua vida para sempre:

— Eu preciso tirar a Dami daqui.

Na verdade, Jisung ficou angustiado. Ele recebeu um tapa com luva; todas as atividades em seu consciente paralisaram e tudo no que ele conseguia pensar era que um filme semelhante ao que assistiu na noite passada estava se dispondo a se repetir.

Não tomou um posicionamento, sequer mencionou Seungmin ou perguntou o que ele achava sobre isso. Changbin apenas disse que precisava dar uma vida melhor para Dami em um lugar mais calmo; ele precisava de um emprego normal e viver sem temer a aparição repentina de Sooyoung a fim de levar a sua filha contra a sua vontade ou até mesmo cometer uma das loucuras que ela era capaz.

Jisung concordava, era perigoso. Mas ele também pensava que Sooyoung não apresentava tamanho risco residual, o problema era a maneira que Changbin lidava com ela e seus sentimentos. Sentia ódio dela, mas algo bom havia sobrevivido e ele temia ceder e ser manipulado e usado por ela de novo. Ele nunca planejou ter uma família, mas tinha Dami e se pudesse, ofereceria o máximo de estabilidade possível.

Sem turbulência. Sem dor. Apenas Dami e Changbin.

Mas Jisung, ele nem sequer quis continuar a conversa. Ficou nervoso e foi pra casa. A hipótese de perder o seu melhor amigo o açoitava há algum tempo: 1) ele trabalhava em uma facção criminosa, 2) ele poderia acordar em um dia e decidir desaparecer. Como seria a sua vida sem Changbin? Havia mesmo necessidade de ele ir embora porque Sooyoung era louca e não entendia sobre limites?

No mais, Jisung estava preocupado consigo mesmo. Minho o convidou para morar com ele, mas sinceramente Jisung não estava seguro sobre isso. Já considerava que haviam avançado etapas demais em pouco tempo e certamente esse não era o modelo recomendável. Estavam em um caminho derradeiro que não oferecia tempo para processar a quantidade de mudanças sucedidas.

Ademais, Jisung sentia que estava invadindo o espaço de Minho. Os dois precisavam se conhecer, essa demanda era urgente. O que o confortava, era que tudo o que conheceu sobre Minho apenas serviu para deixá-lo ainda mais profundamente apaixonado.

Suas vidas não ornavam. Eram como duas pessoas vistas por pedaços distintos de um prisma. Nunca em sua vida precisou optar pelo romance, já que nunca viveu um com outra pessoa. Mais se cansava delas do que nutria interesse. Jamais se permitiu, e jamais dispôs de tantas emoções feito aquelas as quais transbordavam quando estava na presença de Lee Minho. Todos os amores eram singulares, mas acreditava que igual aquele que invadia o seu peito e acelerava o seu coração, somente poderia existir um na galáxia. Jisung era completamente inexperiente em todos os sentidos. Tudo o que ele fez a vida inteira foi lutar; vivia para morrer, embora vivesse morrendo de vontade de viver.

Ambos eram tragicamente transcritos na música do Bring Me The Horizon, STraNgeRs.

Jisung não gostava de se sentir em uma sala de estranhos. Mas ele se sentia assim consigo mesmo também. Procurava por uma salvação que nunca encontraria, nem em uma Coréia, nem em outra. Seu anjo da guarda nunca recebia os seus recados, havia o abandonado. Se arrastava pelo inferno e seria amaldiçoado se voltasse. Estava uma bagunça. Conhecer Minho era o bastante, cobrava o que Jisung temia não ser capaz de retribuir e às vezes, o inverso era mais plausível, então ele tinha medo de não receber de volta também. Com a gravidez, o quadro se agravou e ele ficou deprimido com mais frequência. Não porque não queria o bebê, mas sim por não ter estipulado exatamente o que iria mudar com a chegada dele.

VERÃO AUSTRALIANO | CHANLIXOnde histórias criam vida. Descubra agora