Fugir

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Algum tempo depois, Raijin disse que ia embora e acabou nos deixando sozinhos.

-Posso te dizer uma coisa? -o moreno perguntou-

-Claro!

-Seu amigo é legal demais, mas eu tava louco pra ficar sozinho com você. -colocou uma mexa do meu cabelo atrás da orelha e eu sorri-

-Algum motivo em especial?

-Estar com você é sempre especial, e eu estava com saudades. -pegou na minha mão e acariciou-

-Chrollo... -sorri sem graça-

-O que? Não posso dizer o que sinto pra garota que eu gosto?

O moreno sorriu travesso e eu corei e nem sabia o que responder. Virei meu rosto para o lado tentando me esconder da situação, mas ele levou sua mão ao meu queixo e me fez olhar em seus olhos.

-Eu gosto de você, s/n. E quero que você saiba disso. Não me importa se você está pronta pra isso, só quero que saiba que sou louco por você.

Eu travei, senti meu corpo todo estremecer como quando eu era uma adolescente, mas não sabia o que dizer. Meu coração bateu forte, mas eu só queria sumir daquele lugar.

-Eu... eu acho melhor que eu vá para casa... -falei gaguejando e ele sorriu-

-Eu entendo que você não tá pronta pra isso e quero que se sinta confortável, mas não some, por favor?! Eu gosto demais de você pra te imaginar longe de mim.

Eu sei que estava nervosa, mas por impulso eu encaixei meus braços em volta de seu pescoço, me aproximei e o beijei em um momento só nosso. Lento e cheio de sentimentos, mas que logo eu finalizei e ele me deu um último selar.

-Eu vou pra casa, Chrollo, não posso pensar nisso agora.

-Tudo bem, amor. Só não me deixa sem noticias?! Quero estar presente na sua vida.

Concordei com a cabeça, sem pensar muito no assunto e sai daquele local.

Eu cheguei em casa e estava em Ecstasy, era como uma droga em meu corpo, pedindo por mais contato e eu lutando contra.
Passei a noite em claro pensando em suas palavras, mas minha mente rejeitava qualquer demonstração de afeto, lutando contra meu coração e me deixando desesperada.
Eu poderia surtar a qualquer hora, o dia amanheceu e só então eu me vi sentada olhando minha própria imagem no espelho em minha frente e lembrando de tanta coisa do meu passado que eu não conseguia nem me mexer.
Aquele era o pior sentimento que eu poderia ter, o medo.
Eu tinha medo de me deixar viver um romance, tinha medo de experimentar algo novo, tinha medo de me magoar, medo de sofrer, e tudo isso me machucava demais, porque eu queria aquilo. Eu sei, do fundo do meu coração, que eu também gosto dele, que ele me faz arrepiar quando diz alguma coisa boba, me faz sorrir igual uma idiota por pequenas coisas e consegue me deixar feliz, o que é algo raro. Mas aquele sentimento era como algo novo pra mim. Existiam 2 s/n's, uma antes do assassinato e outra depois. Essa de agora não sabe lidar com isso, ela sempre bloqueou qualquer estimulo prazeroso que pudesse durar mais de uma noite e não seria fácil abrir uma brecha para poder ter algo com o mais velho.
Decidi me levantar e tomar um banho de banheira, tentando relaxar ao máximo.

Alguns dias se passaram, eu estava pensando demais sobre o que o moreno havia me dito, bebia para descontar e fugia de contato com as pessoas.
Raijin foi até o meu apartamento e eu expliquei a situação.

-S/n, você claramente gosta dele. Se permita, eu sei que é difícil para você lidar com o passado. Mas ele não pode tirar nada de você. Além disso, você é forte, inteligente e sabe o que está fazendo.

-Eu tenho tanto medo...

-Não, levanta dessa cama. Vai tomar um banho e marca algo com ele, vai conversar e deixa as coisas rolarem aos poucos.

-Raijin, eu vou ficar nervosa...

-Você tá doidinha por ele -deu risada-

-Eu tô... -falei baixo, escondendo meu rosto no travesseiro-

-Me empresta seu celular?

-Pra que?

-Vai logo.

Entreguei meu celular para o mais velho e logo ele me devolveu. Olhei e não entendi, mas logo recebo uma notificação do Chrollo:

"Que horas e onde?"

- Você marcou um encontro?

-Marquei, responde ele.

-Caralho, você só me fode.

-Eu to te ajudando. Tava com medo e eu só dei um empurrão.

-Foi um chute nas costas, isso sim.

Não é como se fosse um problema, ChrolloOnde histórias criam vida. Descubra agora