Chrollo sorriu enquanto terminávamos o café, o brilho nos seus olhos mostrava que ele estava gostando da simplicidade daquele momento. Ele me olhava como se tentasse memorizar cada detalhe, e isso me deixou um pouco nervosa.
- O que foi? - perguntei, tentando disfarçar a vermelhidão que subia pelo meu rosto.
- Nada... só estou me perguntando como eu tive tanta sorte em te encontrar. - disse ele, apoiando o queixo nas mãos e me observando.Eu sorri, um pouco desconcertada, e comecei a recolher os pratos da mesa.
- Bom, talvez você tenha feito algo de muito bom em uma vida passada... - brinquei, tentando aliviar o clima.
- Ou talvez eu só esteja fazendo algo muito bom agora. - Ele se levantou e veio até mim, pegando um prato da minha mão e colocando-o na pia.
Ficamos assim, em silêncio por um momento, perto o suficiente para sentir o calor um do outro, mas sem necessidade de dizer nada. Eu me perguntei como era possível sentir tanta conexão com alguém que até pouco tempo atrás era só uma figura distante, quase misteriosa.
- O que vamos fazer hoje? - perguntou ele, encostado na bancada e cruzando os braços, me observando como se estivesse pronto para qualquer aventura.
- Hm, eu pensei em sair um pouco... talvez caminhar pela cidade, ou só ficar em casa assistindo algo e descansando. O que acha?
- Bom, eu sou todo seu hoje. O que você quiser fazer, estou dentro.
Eu ri, imaginando o quão diferente ele parecia daquele Chrollo sério e reservado que eu conheci. Parecia que, aos poucos, ele deixava a máscara cair, revelando uma versão mais suave e vulnerável de si mesmo. E eu adorava isso.
- Então vamos fazer o seguinte: saímos um pouco, depois voltamos para terminar aquela maratona de filmes de terror. Que tal?
- Perfeito! - respondeu ele, me dando um beijo rápido na testa e me puxando pela mão.
Aquela manhã continuou leve, cheia de risadas e conversas descontraídas. Eu percebia que, aos poucos, o que parecia ser apenas uma atração física se transformava em algo mais profundo, algo que eu estava disposta a explorar.
Depois de nos arrumarmos, saímos de casa de mãos dadas, como se o mundo ao redor não existisse. As ruas estavam calmas, e o clima estava perfeito — nem frio demais, nem quente demais, com o sol tímido entre as nuvens. Chrollo parecia relaxado, o que me surpreendia, considerando tudo que eu sabia sobre sua vida antes de nos conhecermos.
- Faz tempo que eu não ando assim, sem rumo, só aproveitando o dia. - ele comentou, olhando para o céu.
- É bom, né? Dá uma sensação de liberdade, como se a gente pudesse fugir de tudo. - respondi, observando as árvores que ladeavam a rua.
- Fuga... - ele riu baixinho. - É uma palavra familiar pra mim. Mas, com você, não parece fuga. Parece mais... encontrar um lugar que eu nunca soube que estava procurando.
Eu parei por um segundo, sentindo o impacto daquelas palavras. Ele me olhou, um pouco envergonhado, mas sem desviar o olhar. Eu estava começando a ver um lado de Chrollo que poucos, ou talvez ninguém, tivesse conhecido.
- Isso foi profundo. - brinquei, tentando quebrar o clima intenso que estava se formando.
- Não era a intenção, mas parece que você tem esse efeito em mim. - Ele sorriu, apertando minha mão.
Continuamos andando até chegar a um parque próximo. O som das folhas sob nossos pés e o canto dos pássaros criavam uma atmosfera quase mágica. Encontramos um banco vazio e nos sentamos, lado a lado, observando o movimento ao redor — famílias fazendo piqueniques, crianças correndo, e casais como nós apenas aproveitando a companhia um do outro.
- Esse lugar é tão... comum, mas tão tranquilo. - ele disse, olhando ao redor. - Nunca imaginei que pudesse gostar de algo assim.
- Às vezes, a gente se encontra nas coisas mais simples. - falei, apoiando minha cabeça no seu ombro. - Não precisa ser algo grandioso pra ser especial.
Ele assentiu, pensativo, e colocou o braço ao redor dos meus ombros, me puxando para mais perto. Ficamos ali em silêncio, apenas aproveitando a companhia um do outro.
Depois de um tempo, ele olhou para mim, com um sorriso diferente, quase travesso.
- Sabe o que me veio à cabeça agora? - perguntou, inclinando-se para mais perto.
- O quê? - perguntei curiosa-
- Eu pensei... E se a gente simplesmente fugisse, só nós dois? Deixasse tudo pra trás por um tempo. Viajasse pelo mundo, sem destino certo. O que você acha?
A proposta me pegou de surpresa. Viajar com Chrollo parecia uma aventura irresistível, mas ao mesmo tempo... era tão errado, tão arriscado.
- Fugir? Pra onde? - perguntei, rindo nervosa, mas intrigada pela ideia.
- Não importa. O mundo é grande, a gente decide no caminho. Pode ser qualquer lugar, desde que seja longe de tudo o que nos prende. - Ele sorriu, seus olhos brilhando com uma intensidade que me deixava sem ar. - Só você e eu. O que acha?
Eu fiquei em silêncio por um momento, imaginando como seria essa vida ao lado dele, livre de responsabilidades, apenas vivendo um dia de cada vez. Era tentador, mas também assustador. Olhei nos seus olhos e vi que ele falava sério.
- Acho que preciso pensar. - respondi finalmente, sentindo meu coração acelerar com a possibilidade.
- Então, vamos pensar. Talvez não seja hoje, mas quem sabe um dia... - Ele beijou minha testa e me deixou ainda mais perdida.
A ideia ficou no ar, como uma promessa não dita, mas que
sabíamos que poderia se realizar a qualquer momento.
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Não é como se fosse um problema, Chrollo
PertualanganS/n tem 22 anos e é uma das melhores assassinas do mundo. Conhecida por sempre ser uma das escolhidas para realizar os trabalhos mais difíceis, s/n perdeu a família aos 16 anos e sofre por não poder matar quem acabou com sua mãe e irmão mais novo. A...