A Nova Guardiã

Capítulo 12

Aproveito momentos antes do sol se pôr para guardar meus pertences e caminhar até a tenda dos guardiões, pois como uma recém-guardiã, devo me juntar a eles. Valérie me acompanha e com sua ajuda, encontro a tenda a qual devo dividir com outra recém-guardiã, uma garota rústica chamada Remi.

Me despeço de Valen com um abraço, e ela me deseja boa-sorte nessa nova etapa, pelo menos é o modo como prefiro compreender, no entando, sei que ela se referia a minha colega de tenda.

Remi cresceu com o pai e o irmão mais velho, sua mãe faleceu de uma doença rara, e ela não possui boa relação com o pai. Sua personalidade é desagradável, a ultima colega dela implorou até conseguir mudar de tenda, mas me ver, Remi parece evitar fixa os olhos nos meus, e não ousa dizer uma única palavra. Tamanha atitude inesperada levando em conta seu modo antipático. Remi apenas se preocupa em amolar sua espada.

Organizo meu saco de dormir, outros pertences, e me preparo para um sono tranquilo, no entando, mesmo ciente de minha intenção, Remi continua a amolar sua espada. O som afiado chega arrepiar meus ouvidos, mas na busca de evitar uma discussão, apenas tento cochilar, o que demora, mas quando noto, desperto, capaz de ver a claridade da plena manhã.

Remi não está na tenda quando acordo, penso se é tarde o bastante, ou se o treinamento dos recéns-guardiões são mais cedo.

Diferente dos aprendizes, os recens-guardioes devem treinar nesse período pós invasão. Então levanto as pressas, visto um traje simples de treinamento diário e corro até a arena. Quando chego, me tranquilaza ver que o treinador ainda não está presente. Vejo Remi sentada na arquibancada tentando desviar seu olhar dos raios de sol aprofundada em pensamentos.

Rápidamente percebo em qual grupo estou ao avistar Ronan rodeado por outros alunos. O Guardião Supremo me entregou a honra de ser uma aluna do treinador Hawk, o melhor guardião em luta, agilidade e força.

Ronan conversa sorridente com seus colegas, até que sua visão pausa em mim.

- Ora, ora, ora. - uma voz surge vindo em minha direção. Ao virar, me deparo com Vivien, a garota mais amarga desta ilha. - Temos uma novata órfã entre nós.

- Novata órfã? - questiono irônica - Você ainda usa palavras assim?

- Você ainda é patética assim?

- Quem é patética? - rebato - Suas palavras, ou você?

Vivien pretendia se defender, mas com a chegada do treinador, decide me olhar de relance e se afastar.

- Não quer perder sua boa fama, Vien? - sussurro sem ter certeza se ela ouviu - Bom saber.

Vivien é a única da ilha capaz de ativar meu lado rude e ameaçador. Ela, somente ela, consegue tirar gotas da paz restantes dentro de mim. Talvez exista mesmo alguém que eu possa odiar ao mesmo nível que meu tio. Vivien Bitchel é essa pessoa.

Ela deixou de ser uma aprendiz no final do ano anterior. Pensei ter finalmente me livrado dela, mas agora aqui estamos nós de novo.

Desde quando cheguei na ilha, Vivien me tratou com indiferença e brutalidade. Eu era uma mosca em seu caminho, e nunca entendi o porquê. Ela criou apelidos patéticos sobre mim, e foi dela, que surgiu "a garota órfã-bizarra." Vivien é a única pessoa da ilha que eu preciso e tento com todas as minhas forças suportar e evitar.

- Meire, que bom que já está aqui - o treinador se dirige até mim tocando em meu ombro de modo caloroso. Havia esquecido o quão ele é bem falado na ilha, não só por ser ótimo em luta, mas por ser acolhedor com seus alunos - Pessoal, sejam gentis com a nova recém-guardiã, entendido?

Todos acenam com a cabeça, e com uma única ordem dele, nos sentarmos nas arquibancadas.

- Bem, como eu havia anunciado dias atrás, iniciaremos hoje o treino de como domar grifos. - conta o treinador.

De repente, ouvimos rugidos leves vindo do céu, lá se encontram vários grifos voando acima de nós. Com o apito do treinador, eles pousam dentro da arena um ao lado do outro. Há muitos grifos, talvez até uma quantidade a mais que todos os recéns-guardiões.

- Fiquem todos de pé - ordena o treinador, e agora estamos do mesmo modo como os grifos, formando uma fileira longa. Ronan faz questão de ficar em um dos meus lados. - Observem bem cada um deles, suas porturas, cores, tamanhos. E se aproximem após escolher algum.

- É só isso? - questiona Vivien.

- Sim - responde o treinador - mas lembrem-se, vocês devem selecionar com cautela. Talvez o grifo que você escolher, não te escolha.

Observo atentamente cada grifo, desde o primeiro ao último, mas há um espefico, do qual me chama mais atenção. Parece ser uma fêmea, seu tamanho é o mesmo que os machos, no entando, seu olhar é o que me atrai. Mesmo nessa distância, consigo vê-la me encarar com simpatia.

Vivien se aproxima dela, com certeza se atraiu por seu tamanho e formosura, mas ela recua e bate as asas de modo feroz a cada passo da recém-guardiã. O treinador pede para a garota se afastar e escolher outro.

O próximo é Ronan, ele se aproxima de um alto assim como a que eu estava reparando. Suas penas são amarronzadas, variando em um tom dourado. O grifo antes mesmo de Ronan se aproximar mais, salta em direção a ele, caminha em círculos animado ao seu redor e Ronan o acaricia.

Caminho em direção aquele grifo reluzente em passos lentos. Consigo ouvir Vivien murmurar, mas ignoro-a. O grifo começa a caminhar em minha direção e assim como aconteceu com Ronan, ele também circula em minha volta, abre as asas e as bate contra o vento. A brisa suave me alcança, acaricio o grifo notando seu nome escrito com uma tinta prateada, Uma fêmea chamada Aquila.