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Dante

Eu vou acabar matando um, e a chance de ser meu chefe é muito alta.

Ao mesmo tempo que entendo ele, eu me estresso com as merdas que ele fala.

Acreditar, ou chegar a quase acreditar em algo que a Isabel fala é burrada.

Dante: E aí?

Hugo: Tudo na mesma. Tu sabe como tá a situação.

Dante: E agora, o vamos fazer?

Hugo: Como assim?- ele ergue uma sobrancelha.

Dante: Cobra, Coronel e Escorpião estão envolvidos demais. A gente vai ter que assumir as rédeas por aqui. Ou a emoção vai sobrepor a razão.

Hugo: Beleza, a gente vai dar um jeito na situação. Só não sei ao certo qual a melhor forma de começar.

Dante: A melhor opção é a Isabel, na real é a única opção. Se bem que não é uma fonte muito confiável, tentou jogar tudo mas minhas costas.

Hugo: Pelo que eu soube ela sabe manipular as situações que se envolve. Se ela quer de um jeito vai conseguir.

Dante: Cobra sempre deixou claro que aquela mulher não era certa da cabeça. O fato dela ter conseguido manter escondido por 20 anos a história da Maria Luiza é a prova disso. Ela sabe mentir e pior ainda, sabe manter a mentira muito bem.

Hugo: Ela se aproveitou da confiança que o marido, sabia que ele confiava cegamente nela.

Dante: Para ele  era certo confiar nela, havia uma pareceria. Mas comigo ela não tem como enganar, eu não confio nem um pouco nela.

Quando você confia em alguém em momento algum vai vê-la como o inimigo. Quanto maior a confiança, mais cai dor e facada.

A única pessoa que eu confio é o Maurício. E nele eu confio de olhos fechados, sei que a facada não vai vir.

Dante: Sabe onde o Coronel tá? Preciso falar com ele, mas o cara não tá em lugar nenhum. - filho da mãe sumiu.

Hugo: Deve tá em casa, sei que da Rocinha ele não saiu. Ele teia avisando se saísse.

Dante: Tá vou dar um pulo lá.

Não gosto daqui, não é meu território e as pessoas que trabalham aqui não confiam em mim por eu trabalhar pro Cobra. E eu não confio neles, só porque não gosto de nenhum deles mesmo.

Segui as instruções do Hugo e vim pra casa do Coronel.

Já chego logo entrando pelo portão, ninguém mandou ser burro e não ter vigia.

Dou uns três passos pra dentro e xingo assim que ouço o rosnado.

Dante: Não fode! - encaro o cachorro com os dentes de fora - Eu tô em missão de paz, parceiro.

Arregalo os olhos quando ele vem correndo na minha direção, eu quase não acredito quando ele simplesmente passa por mim e foge.

Dante: Beleza, - respiro fundo - Ninguém sabe que fui eu que deixou o bicho fugir.  Ele tem sentido de cachorro, vai achar o caminho pra casa.

Saio do quintal como se não soubesse de nada e fecho o portão pra disfarçar.

Coronel: Pode ir pegar meu cachorro, seu merdinha.-  Não fode!

Viro dando de cara com o Kaique.

Dante: Se ele têm capacidade de ir, tem capacidade de voltar.

Coronel: Se tu tem capacidade de deixar ele fugir vai ter a capacidade de trazer ele. E quero meu cachorro sem nenhum arranhão, Maria Luiza tem muito apego nele.

Dante: Quando a Malu voltar espero nunca mais ver a tua cara.- digo irritado - Só vou atrás do cachorro por causa dela, mas se aquela peste me morder...

Coronel: Tu não vai fazer nada.

Dante: Tu devia ter educado melhor ele.

Se bem que esse daí não tem edução o suficiente pra repassar.

Que ódio!

Se o cachorro me morder o bagulho vai ficar louco.

Já tava quase indo embora desse lugar e deixando o cachorro de lado quando encontrei ele sentadinho na frente de uma casa bonitona.

Dante: Seu sarnento, gosto de ti não. Passa pra cá de uma vez.

O cachorro nem tchum pra mim.

Dante: Ruim igual o dono.

Hugo: O que tá acontecendo aqui?- viro olhando ele  apoiado no portão que é baixo - Vieram me visitar?

Dante: Essa porra louca aí fugiu.

Hugo: E tu veio buscar ele? O cachorro avança em geral, vai arrancar um pedaço de ti.

Dante: Vai ficar aí atrás do portão ou vai me ajudar?

Hugo: Vou ficar aqui, esse aí me odeia. Coronel ter te mandado aqui é a prova do ódio por ti, quer que o cachorro que deixe sem um pedaço.

Puta merda! Tranco a respiração quando o cachorro vem na minha direção.

Dante: Calma aí colega .... - O cachorro simplesmente senta do meu lado- Ué? Todo doido igual o dono.

O cachorro simplesmente levanta e fica me rodeando.

Dante: Porra, isso tá parecendo presságio de morte - observo o cachorro se afastar indo até o portão - Ele quer entrar e ficar contigo.

Hugo: Nem fodendo, não vou terminar sendo comida de cachorro.

Dante: Que pena, ele quer entrar e eu ver alguém se ferrando. Quem sabe em uma próxima.

O cachorro se afasta e corre para algum lugar atrás de mim.

Coronel: Incompetente até pra pegar um cachorro. Por que o Cobra te mantém por perto. Que tipo de trabalho tu faz pra ele.

Se não for castigo divino eu não sei o que é.

Hugo:  Ótimo, festa no meu portão. 2 malucos e um cachorro homicida.

Coronel: Hades não costuma fugir, sabe que ele é de boa. Acho que se sentiu ameaçado com esse idiota invadindo minha casa.

Hugo: É....Como estão as coisas? Alguma coisa com a Isabel?

Coronel: Cobra tá falando com ela, a velha está começando a ficar apavorada.

Encaro o cachorro depois o portão da casa do Hugo.

Dante: Não vai levar o fujão pra casa?

Coronel: Ele não é fujão, tu que é metido do caralho.

                              Maria Luiza👩🏼

Acho que vou enlouquecer.

Hugo vem trazer comida, mas  eu não tenho coragem de comer.

Ele diz que não vai me machucar, que só vai me manter aqui enquanto não termina o que tem que fazer.

O que me preocupa é o que ele acha que tem que fazer.

Só espero que não consiga por meu tio contra o Kaique ao ponto de cometerem alguma burrada.

Eu acho que estou em um porão, pelo menos é o que parece.

Consigo escutar barulho em cima de mim e esse lugar não tem janelas.

A gente tá em algum lugar na Rocinha, mas sei que não vai fácil me encontrar.

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