Capítulo XXVII - Cores neons

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A respiração do mais novo era audível dentro pequeno banheiro, enquanto os olhos verdes estavam vidrados no conteúdo reproduzido pela segunda vez na tela de seu próprio celular. Louis, por outro lado, mantinha um aperto firme envolta da cintura de seu namorado, a fim de evitar que este continuasse se afastando.

No vídeo de 14 segundos, Eleonor era empurrada com vigor, caindo no chão e soltando gritos agudos de dor. A distorção das imagens desafiava a realidade conhecida, deixando uma sombra - não somente de dúvida - de gatilhos de traumas. O pequeno Harry, quando criança, já havia presenciado cenas como aquelas algumas vezes em sua casa.

— Vo...você... — O mais novo balbuciou, tentando se desprender do aperto de seu dominador.

O mais velho, firme, segurou o rosto delicado, buscando fixar os olhos verdes nos seus azuis.

— Você confia em mim, Harry? — Questionou em tom calmo, mas não obtendo respostas. — Me diga, babe, você confia em mim?

Confuso, o universitário assentiu com o olhar entristecido.

— Essa foi a única reação que consegui para afastá-la de uma vez. Eu te garanto, a força que eu usei não a derrubaria, ela se jogou para criar cena. — O homem soltou um suspiro frustrado, massageando a própria têmpora. — Ela estava me agredindo e minha única reação foi afastá-la, como você mesmo viu no vídeo. Tanto que o vídeo é curto, ela apenas editou a parte que interessava. Você acredita em mim, Harry? — Louis questionou, acariciando com o polegar as bochechas fofinhas do namorado.

O cacheado respirou fundo, tentando processar as informações.

— Eu só... eu preciso de um tempo, Louis. Isso é muito para assimilar. — O assistente disse, desviando o olhar. — E-ela está grá...hum... grávida. E...Eu não sei o que pensar...— Ele gaguejava de maneira nervosa e desconexa, enquanto levava suas mãos até a tranca da porta com o intuito de destranca-la. — Não poderia ter feito isso... e-eu... — Sua fala foi cortada.

O artista, reagindo à tentativa nervosa de Harry de abrir a porta, segurou os pulsos delicados do mais novo com uma determinação que quase parecia predatória. Seus dedos, normalmente gentis, agora pressionavam com força, mantendo os punhos de Harry imobilizados.

Os olhos azuis refletiam uma mistura de emoções negativas, desde a frustração até uma certa raiva contida. No entanto, o mais novo, com seus olhos verdes assustados, tentava compreender a situação. Enquanto memórias de seu progenitor agredindo sua mãe faziam um paralelo com o vídeo que vira de seu namorado e sua ex. A pressão a qual o homem exercia em seu pulso gerou uma sensação de sufoco e vulnerabilidade.

— Em primeiro lugar, eu sou o seu dono. Então, não funciona assim "eu preciso de um tempo". Aqui você não manda, então, apenas vou entender isso como uma pergunta. — Louis elevou o tom de voz gradualmente. — Sendo que a resposta é obviamente NÃO! Eu não vou te dar um tempo! — O mais velho, usando apenas os punhos, sacudia seu submisso, deixando-o espantado com o súbito ataque de fúria.

Harry parecia absorto ao momento, enquanto seu corpo era sacoleja e uma voz em raivosa ressoava no seu ouvido.

— Vo... você fez igual a ele! — Algumas lágrimas começaram a escorrer dos olhos esverdeados. — VOCÉ É IGUAL A ELE! — O pequeno esbravejou entre balbucios, chorando compulsivamente.

O artista, em um movimento brusco, apertou os braços de, chocando-o contra a parede, enquanto questionava em tom ríspido: — Quem é "ele", porra?

O mais novo, com o olhar perdido, tentava articular palavras entre soluços, mas a coerência parecia escapar de seus lábios trêmulos.

The Birth of Venus || L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora