Capítulo XV - Cores terciárias

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Ambos ainda sentados à mesa no canto mais afastado do pub, apesar do clima entre eles ter melhorado um pouco após a conversa, ainda havia uma atmosfera tensa pairando ali. O rostinho do mais novo estava preocupado, os cachinhos rebeldes caindo sobre sua testa enquanto ele brincava com a caneca de cerveja à sua frente.

Louis, com sua mão gelada que segurava uma caneca semelhante, notou o nervosismo do mais novo e decidiu agir. Com cuidado, ele deslizou sua mão pela mesa até repousar na coxa de Harry. Um arrepio percorreu o corpo do cacheado por baixo de sua calça branca justa, e sua respiração se tornou um pouco mais pesada.

— O que se passa, princesa? — O artista perguntou em um sussurro, sua voz carregando uma mistura de preocupação e desejo.

O assistente engoliu em seco, sentindo-se vulnerável sob o olhar intenso dos olhos profundos e azuis. Ele não queria parecer fraco, mas, ao mesmo tempo, não conseguia evitar a sensação de que havia magoado Louis e ainda se magoado.

— Você ainda é o meu Daddy, Lou? — Harry perguntou, sua voz trêmula, seus olhos verdes buscando os de Louis em busca de resposta.

O mais velho parou por um momento, avaliando o garoto à sua frente. Ele podia ver a insegurança nos olhos de Harry e a maneira como ele estava mordendo o lábio inferior. Havia algo mais profundo acontecendo ali, algo que ele precisava entender.

— Sempre serei o seu Daddy, Harry. — O mais velho respondeu com um tom suave, mas havia um toque de desapontamento em sua voz. — Mas garotos desobedientes merecem punição...

O cacheado engoliu em seco novamente, sentindo-se vulnerável e incerto, mas também um pouco ansioso com o que isso significava. Além disso, no fundo ele ainda sentia o medo irracional e profundo de abandono.

Louis pegou a mão do mais novo e o guiou para fora do pub, sem dar muitas explicações aos amigos. Harry demorou um pouco para processar esse gesto, as mãos de Louis rodeando as suas em um ambiente lotado com pessoas conhecidas era algo novo. Seu estômago estava tomado por borboletas, seus dedos entrelaçados publicamente parecia algo tão certo. Eles começaram a caminhar pela rua, o som de seus sapatos ecoavam nas calçadas desertas. Apenas as luzes dos postes iluminavam o caminho, criando um cenário íntimo e um pouco assustador.

Os olhos grandes e verdes ainda vidrados de incerteza, notaram uma vitrine à medida que passavam por ela. Sua visão se prendeu a uma saia branca e plissada em exibição, uma peça de roupa que parecia tão delicada e feminina. Ele não conseguia desviar o olhar, mas, ao mesmo tempo, sentia uma pontada de vergonha por estar tão interessado.

Louis, seguindo o olhar de Harry, sorriu de forma suave. Ele podia perceber o fascínio do mais novo pela saia e decidiu abordar o assunto com cuidado.

— Você ficaria lindo em uma saia dessas, sabia? — O mais velho disse, sua voz suave e carregada de calor. Ele não estava zombando de Harry; estava elogiando sua beleza única e expressão pessoal.

O mais novo corou intensamente, suas bochechas ficando mais rosadas do que o de costume. Ele nunca havia se sentido à vontade para explorar seu estilo pessoal, e o elogio de Louis o pegou de surpresa.

— Você acha? Não acharia estranho? — Harry perguntou, sua voz quase um sussurro, sua timidez claramente visível.

O artista respondeu com um sorriso tranquilizador. — Tenho certeza que ficaria perfeito, princesa! E eu não acharia estranho, pelo contrário, acho que você ficaria adorável e sexy.

— Obrigado, Lou. — Harry sussurrou, sua voz carregada de emoção.

O mais velho apertou Harry mais perto de si, acariciando gentilmente os cachinhos rebeldes do garoto. Ele queria que o seu garoto soubesse o quanto era aceito, independentemente de suas preferências. A arte mais bela de cada indivíduo é a sua peculiaridade, sem medo de ser a sua própria essência.

The Birth of Venus || L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora