Capítulo XXXIV - Cores terrosas

107 5 1
                                    

POV NARRADOR:

— Por que diabos fez isso? — Louis questionou, mantendo a mão no local da agressão, uma mistura de incredulidade e dor refletida em seus olhos.

Liam, respirando fundo e ainda segurando contra a parede o melhor amigo de infância, tentava conter a raiva que fervilhava dentro dele. Seus olhos castanhos pareciam carregar um peso de preocupação, mas também uma ponta de desgosto.

Puxando o artista pela gola da camisa, o professor falou com uma mistura de frustração e ira: — Harry, ou sua princesa como chama, está nesse momento inconsciente na porra de um hospital em decorrência de uma infecção. — Sacudiu o amigo, as palavras saindo entre dentes cerrados. — Sabe qual a suspeita? Sabe qual a porra da suspeita, Louis? De abuso!

O de olhos azuis sentiu um nó se formar em sua garganta. — Qual hospital? — O melhor amigo não o respondeu. — Qual o hospital, caramba? — O artista esbravejou.

— Não é da sua conta. — Liam respondeu com firmeza. — Enquanto tudo isso não estiver esclarecido, você não chegará perto dele!

— Não me faça repetir! Onde ele está? — Questionou enraivado, soltando-se do aperto do professor.

Um impulso irracional, alimentado por uma mistura de desespero e frustração, tomou conta de Louis. Seus músculos contraíram-se, impulsionando-o na direção de Liam com ferocidade. Seus punhos cerraram-se com força, os nós dos dedos tornando-se brancos pela pressão exercida.

No entanto, antes que o artista pudesse atingir seu alvo, ele parou subitamente. Uma força invisível pareceu segurá-lo no lugar, e, com um último esforço, ele recuou. Uma expressão de frustração e raiva permaneceu estampada em seu rosto, mas a consciência momentânea o impediu de prosseguir com a agressão física.

Liam, por sua vez, manteve-se firme, seus olhos fixos nos azuis, uma mistura de desaprovação e desafio.

— Covarde! Esqueci que você só bate em mulher grávida e em garoto indefeso. — O de olhos castanhos cuspiu as palavras, completando com um riso sarcástico.

A acusação ecoou como um soco no estômago. Com um movimento rápido, o artista investiu contra o de olhos castanhos, levando o professor ao chão. A força do impacto fez com que ambos caíssem em meio à sala. Louis, impulsionado pelo calor da briga, posicionou-se encima do professor, segurando-o com ferocidade. Seus dedos se fecharam na gola da camisa social de Liam, a respiração acelerada e os olhos cheios de raiva.

— Cala a porra da boca! — Louis esbravejou, a voz rouca e carregada de uma mistura explosiva.

Em um movimento habilidoso, Liam aplicou um golpe rápido e preciso, invertendo a posição. Agora, era o professor que estava por cima do amigo, segurando-o com firmeza.

— Se tem alguém aqui para calar a boca e escutar, esse alguém é você! — Disse com a voz mais grossa que o normal. — Porque quando se mete em problemas, sou sempre eu que preciso resolver! — Liam arguiu irritado, soltando Louis do forte aperto.

Com uma expressão de indignação, Louis sentiu o peso das palavras de Liam. O de olhos azuis levantou-se do chão, a respiração pesada e os cabelos desalinhados pela briga.

— Quando você estava na merda, há um ano e meio, em uma clínica de reabilitação, eu que paguei cada centavo! Eu te visitei todos os dias por longos 6 meses. Eu pintei algumas de suas obras para você não perder clientes nesse período, ou você esquece? — Liam respirou fundo, sua voz carregada de frustração. — Quando tinha 16 anos e sua família te expulsou de casa, eu te coloquei dentro da minha! Eu também trabalhei para ajudar a pagar a sua universidade! Então nunca, Louis, nunca me mande calar a boca novamente. — Os olhos do professor estavam marejados, algo raro de acontecer.

The Birth of Venus || L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora