The Birth of Venus || L.S

Capítulo III - Cores primárias

O ateliê de Louis era um espaço peculiar, um refúgio de criatividade onde a criatividade ganhava vida. Quando Harry e Louis adentraram o local, o som suave de chaves tilintando ecoou enquanto Louis destrancava a porta, apenas para trancá-la novamente assim que ambos estavam dentro. O ambiente era imerso em um aroma amadeirado. A luz suave das lâmpadas penduradas no teto alto revelava obras de arte em vários estágios.

O mais velho, como de costume, acendeu um cigarro com uma sensualidade não convencional e soltou uma nuvem de fumaça no ar. O gesto era quase coreografado. O hábito de Tomlinson de fumar ultrapassava os limites da casualidade; era uma extensão de sua própria personalidade. Era evidente que ele fumava o dia todo, como uma trilha de fumaça que tecia sua presença.

Harry não pôde evitar notar como os lábios finos do mais velho envolviam o cigarro, de alguma forma, extremamente sexy. Seu rosto corou involuntariamente enquanto sua mente começava a divagar por terrenos perigosos pouco visitados. O corpo de Harry reagiu à cena de maneira incontrolável, seu membro enrijecendo e seus mamilos pressionando contra a blusa branca que vestia. Apesar da excitação, uma preocupação persistente surgiu na mente de Harry, levando-o a desviar o olhar por um momento. Ele sabia que Louis tinha hábitos nada saudáveis, comendo besteiras com frequência e  fumando incessantemente. A atração que sentia não diminuía sua inquietação em relação à saúde do artista.

Além disso, o mais novo não podia deixar de sentir uma pontada de tristeza. O encontro perdido com Zayn pairava sobre ele como uma nuvem escura, obscurecendo seu ânimo. A sensação de estar perdendo momentos preciosos o atormentava. Harry nunca havia experimentado um encontro antes, muito menos essas sensação involuntárias quando está próximo de seu chefe. Sua pureza era como uma aura ao seu redor, uma inocência intocada que o fazia ruborizar com facilidade e desviar o olhar quando confrontado com a intensidade do mundo ao seu redor.

No entanto, por trás dessa ingenuidade, havia um desejo secreto, uma vontade silenciosa de explorar aspectos de si mesmo que desafiavam as convenções. Ele tinha uma camada profunda e pouco explorada dentro de si, escondida por tecidos de insegurança. Aninhada dentro dele estava a curiosidade sutil de usar peças de roupas consideradas femininas, de pintar as unhas em cores vivas e expressivas, tudo isso sem perder sua identificação e conforto com o gênero masculino.

Uma voz fina interrompeu o mais novo de seu espiral de pensamentos tumultuados e doloridos.

— Harry, preciso de um favor. Na salinha ao lado do meu escritório, você encontrará um estojo preto. Poderia buscá-lo para mim, por favor?

Assentindo timidamente, Harry dirigiu-se à sala adjacente, ele abriu a porta com cuidado e entrou no espaço, seus olhos se alargando à medida que a luz suave iluminava o que havia dentro. Seu coração disparou em seu peito enquanto ele se via rodeado por um tesouro escondido, um mundo de expressões artísticas que ele nunca poderia ter imaginado. Obras inéditas de Louis Tomlinson, um tanto quanto peculiares.

Os quadros adornavam as paredes, cada um contando uma história ousada. Harry se viu hipnotizado por uma tela em particular: nela, traços fortes e cores vibrantes retratavam correntes entrelaçadas, mãos algemadas e olhares carregados de desejo capturaram sua atenção, fazendo sua respiração ficar presa na garganta.

Ao lado do quadro, uma pequena escultura de metal retratava a forma sinuosa de um chicote, sua textura meticulosamente detalhada, como se a própria peça de arte tivesse vida. Era ao mesmo tempo intimidante e fascinante, despertando uma série de emoções novas como curiosidade é um certo medo dentro do mais novo.

Mais adiante, ele encontrou um conjunto de fotografias cuidadosamente dispostas em uma mesa. Uma imagem mostrava a curva graciosa de uma coluna vertebral, adornada por correntes que pareciam dançar com a luz. Outra retratava mãos hábeis amarrando um emaranhado complexo de cordas em um corpo masculino nu.