Capítulo XXXI - Cores terrosas

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⚠️ Alerta de gatilho sexual ⚠️

Eu jorrei em gozo, e mesmo assim, não parei. Diante de mim, vejo luzes coloridas piscando, criando um espetáculo visual hipnotizante. Minha pele, agora arrepiada, é um campo de sensações e sinestesia. Cada milímetro do seu corpo é percorrido por um formigamento e calafrios deliciosos, um reflexo da euforia que envolve cada célula minha. Os sons que ecoam nesse paraíso são estrondeantes e ritmados: o barulho metálico da cama em movimento, o chão tremendo e a força das pancadas que parecem capazes de perfurar até mesmo a parede, marcada pelos embates da cabeceira.

Uma música erótica e estimulante ressoa, vinda do fundo da garganta de um corpo que me pertence e está imobilizado abaixo de mim. Gritos agudos, gemidos roucos e resmungos que não entendo preenchem o ambiente, mas por alguma razão, eles cessaram há segundos, talvez minutos? O cenário é complementado pelo aroma de sexo e suor que impregna o ar, intensificando nossas sensações.

Meu membro, envolto por aquela entrada absurdamente apertada, parece estar sendo asfixiado. Sinto-me esmagado, mas é uma pressão que aumenta o êxtase. Curiosamente, o buraco que me leva ao paraíso está mais escorregadio, úmido e ardente (literalmente) do que o normal.

O corpo do meu pequeno está mais mole e frágil do que o de costume. Com os olhos fechados, eu o puxo pelas algemas que prendem seus bracinhos atrás das costas, usando isso como um impulso para ir mais forte e fundo. Sinto que posso partí-lo com a força animalesca que cresce em mim. No entanto, algo está errado. Por alguma razão, ele não está respondendo. Cadê os gemidos que amo ouvir? Onde estão os resmungos chorosos?

Não sei há quanto tempo ele parou de se mover; não sinto seu corpo responder a mim. Minha mente está confusa, como se faltasse oxigênio. Minha respiração é ofegante quando me desfaço em gozo pela segunda vez. Sinto-me tonto, balanço Harry, eu o chamo, eu ordeno que ele se vire, mas não tenho resposta. Estou confuso, me sinto preso em um universo paralelo que só a cocaína e o sexo combinado provêm.

Vendo que não tenho respostas, eu saio lentamente de dentro da minha princesa. Ele está deitado de bruços, suas mãos algemadas, a saia levantada, seu cabelo uma bagunça. Seu rostinho de lado, mas seus olhinhos estão fechados. Por quê?

— Harry?! — Chacoalho seu corpo e percebo que ele está desacordado. Uma onda de desespero surge em mim.

Quando me retiro completamente de dentro dele, vejo sangue misturado ao gozo escorrendo de sua entrada e alguns vestígios dessa mistura líquida em meu membro. No entanto, a origem do sangue não vem de mim.

Abro as algemas com rapidez, libertando os punhos marcados como alguém que corre contra o tempo. Viro o frágil corpo de Harry de lado e o chacoalho, seguro seu rosto e dou alguns tapas leves, chamando-o insistentemente. Sua respiração é lenta e profunda. Enquanto o ar comprime meus pulmões, me sinto tonto e levitante, observando que o sangue continua saindo de sua entrada. O pânico toma conta de mim, tento pensar racionalmente, mas a cocaína roubou meu senso de razão.

Desesperado, continuo tentando reanimá-lo, agitando-o com mais força, gritando seu nome. Minhas mãos tremem enquanto tento avaliar a extensão do dano. Vejo que o sangue continua escorrendo de sua entrada, o vermelho é vivo não indicando que será estancado tão cedo.

Pego meu namorado nos braços com a intenção de levá-lo até o banheiro. O trajeto até o banheiro é como atravessar um portal para um mundo distorcido. As luzes cintilam de forma saturada e pulsante. O corpo amolecida pesa em meus braços, e durante todo o caminho luto contra a gravidade para não deixar a cabeça da minha princesa tombar.

No banheiro,retiro a pequena saia e coloco o corpo de Harry na banheira vazia, cuja porcelana fria contrasta com a temperatura da água que começa a fluir. Sentado, ponho ele de bruços em meu colo. A visão ao redor permanece distorcida, como se estivéssemos imersos em um espaço etéreo, e Harry, mesmo após toda a manipulação não dá indícios de lucidez.

The Birth of Venus || L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora