PRÓLOGO

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M A N U E L A  A G U I A R 🌿

8 anos atrás — 00:50h
São Paulo — SP

 

— Mãe, onde você está!? — grito sentindo todos os pelos do meu corpo se arrepiando conforme eu entrava nos cômodos de casa.
Cada vez que eu entrava, o medo me atingia de uma forma inexplicável. Havia uma chuva forte lá fora, os trovões eram ouvidos em alto e bom som, assim como uma luz extremamente brilhante e assustadora se iluminava por toda a nossa casa. O dia estava todo estranho, era um verdadeiro filme de terror, eu não estava gostando nada daquilo e não estava conseguindo achar a minha mãe naquele meio todo.

Entro em seu quarto, gritando alto sentindo o choro me atacar descontroladamente sentindo todo o meu corpo cair no chão como uma gelatina e me afastar sentindo minhas costas tocarem em uma parede gelada. Minha mãe estava ali, naquela cama, morta com uma faca cravada em seu peito, tampo a boca para transmitir nenhum som, levantando correndo para meu quarto. Estava parada na porta, ouvindo passos tampando a boca sentindo meu corpo tremer, eu estava em choque e não estava conseguindo me concentrar com a imagem dela morta na cama.

Depois de um tempo, pego uma mochila e estava pronta para fugir. Estava alguns minutos parada pensando o porque aquilo aconteceu, e eu sei exatamente quem fez aquelas coisas com a minha mãe. Abro a porta devagar, correndo até a porta tentando abrir, percebendo que estava trancada, e o único jeito era fugir pela a janela da cozinha. Chego na cozinha, subindo na pia e abrindo a janela, sentindo umas mãos me puxando gritando me debatendo.

— Me solta, me solta!! — grito tentando sair de seus braços.

— Fique quieta, bonequinha, papai tá aqui.

— Você não é meu pai! — gritei o empurrando dando a volta na mesa.

— Para de show, vagabunda. — grita tentando me pegar dando a volta na mesa.

— Me deixa ir embora, por favor. — peço chorando.

— Não vai! Você terá o mesmo fim que a puta da sua mãe. — gargalha alto.

— Não chama ela assim. — falo empurrando ele, fazendo ele cair e ficar no chão.

Sinto o desespero me atingindo, e tudo que passa pela minha cabeça era se eu tinha matado ele. Aproveito aquele momento, voltando para janela e subo nela pulando e correndo para longe dali. Paro no meio da rua desnorteada, sentindo uma luz diante dos meus olhos, gritando e caindo no chão com o susto. O carro havia parado a tempo.

— Socorro, me ajuda, eu preciso de ajuda. — peço alto quando vejo um homem se aproximando.

— Venha, entre! — entro em seu carro e sentindo ele voltar a dirigir, olho para trás e lá estava aquele homem asqueroso que matou a minha mãe.

Olho para o homem que dirigia, ele não era tão velho e tinha uma música legal no carro, me encolho só lembrando agora da regra da minha mãe: não peça e nem aceite ajuda de estranho. Suspiro fundo sentindo as lágrimas tomando de conta do meu rosto ao lembrar da minha mãezinha. Ela era tudo que eu tinha, e agora não tenho ninguém e aquilo me assustava. Olho para a janela, sentindo a chuva parando aos poucos, e tudo aquilo me fez perceber o quanto que agora eu detesto dias chuvosos.

— Como é seu nome? — o homem fala pela a primeira vez, ouvindo aquela voz rouca.

— Manuela, mas prefiro Manu. — Falo baixinho.

— Eu me chamo Vicente. — sorriu olhando.

— Seu nome é bonito. — falo baixinho olhando.

— Obrigado, eu acho. — sorriu e eu voltei a olhar para a janela.

Chegamos em uma cidade grande, saindo de seu carro e informando que ia me achar em algum lugar, e agradecendo pela a carona. Ando pelas ruas grandes e assustadoras daquela cidade, mordendo os lábios sem saber para onde ir. Suspiro fundo me sentando em um banquinho, esperando o amanhecer. Eu não sabia como iria voltar a viver, mas eu precisava e isso teria que acontecer o mais rápido possível.
 

F E L I P E  A N D R A D E 🌿

8 anos atrás — 1:40h
São Paulo — SP


— Pai, onde você estava? — pergunto ao ver meu pai entrando.

— Eu fui dar apenas uma volta, Felipe. — falo olhando na escada.

— Você brigou com a mamãe de novo? — Pergunto sentindo meu coração acelerado.

— Por favor, Felipe, essa conversa é para adultos. — Disse se colocando na minha frente.

— Mas eu sou filho de vocês, também gosto da mamãe. — Falei chateado.

— Eu sei, filho, mas essa conversa não precisa ficar na suas costas, você é nosso filho, temos que resolver o problema para ele não crescer com você.

— Mas isso não é justo, eu só quero ajudar. — Me irritei apertando meus pulsos.

— Tudo bem, quando você for crescer mais, eu deixo você ajudar. — Me irrito e volto para o quarto pisando duro.

Estava irritado, estava com 21 anos, eu não era mais criança. Eu sabia que estava brigado com a mamãe, mas ele não queria que eu entrasse em suas brigas para que eu não tivesse aquilo em mente durante o meu crescimento. Suspiro mexendo no celular ouvindo a porta abrir, acabando por não ligar para quem era e eu sabia bem quem era.
— Felipe, olhe pra mim. — Olho pra ele por cima do celular.

— Não estou afim de conversar. — Falo voltando a jogar.

— Você só precisa entender que essas conversas, eu e a sua mãe estamos conversando sobre isso já. — ele fala sentando do meu lado.

— Vocês me tratam como criança.

— Porque você não é um adulto ainda, você só tem 21 anos, ainda tem que entender muito sobre a vida. — fala abraçando meu corpo.

— Porque tem que ser assim? A mamãe estava chorando, eu queria ajudá-la. — sussurrei.

— Eu irei resolver isso, agora apenas durma e aproveite bem o seu sono.
Beija minha testa olhando pra mim, querendo que eu deixasse esse assunto de lado e concordasse com ele.

— Tudo bem, mas eu vou querer saber depois. — falo irritado.

— Tudo bem. — ele gargalha.

Abraço ele de volta, desligando meu celular e indo dormir. Minha família tinha muitos problemas e acabavam brigando por tudo isso, e eles queriam que eu não ficasse próximo a isso para não deixar minha infância com brigas e discussões. Acabo por dormir em pensamentos que só eu ficaria sabendo e ciente.

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