Capítulo 1

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"Oh, irmão, nossa conexão é mais profunda que a tinta;
Das tatuagens em nossa pele
Embora não compartilhemos o mesmo sangue;
Você é meu irmão e eu te amo, essa é a verdade."

Brother — Kodaline


Jason continuou com a tortura e a cada vez que eu perdia a consciência, ele intensificava a dor

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Jason continuou com a tortura e a cada vez que eu perdia a consciência, ele intensificava a dor. Criatividade era o que não faltava na mente doentia dele.

Ele é seu irmão.

Repeti esse mantra por horas, tentando fazer com que minha mente sempre se lembrasse disso a cada momento em que eu imaginava os meios de torturas que poderia fazer com ele.

Ele é sua família.

Por mais distorcido que isso possa parecer, ele ainda é o Jason que cresceu me protegendo do mundo. Por baixo de toda a dor, mágoa e raiva, ele ainda é o mesmo cara que sempre admirei.

Só preciso saber onde escavar pra puxá-lo de volta.

— Acorda, irmãozinho.

Sua voz estava tão longe que quase pensei que era um sonho, uma alucinação, mas o tapa que senti latejar em meu rosto me fez lembrar que provavelmente desmaiei — outra vez — no meio do seu jogo sádico.

Não conseguia sentir meus pés por conta dos choques que levei por horas, meu pulso latejava ao redor do metal que me prendia ao teto e a dor latente era tanta que tinha certeza que o atrito do metal com a pele ocasionou em feridas. O sangue gotejava, caindo na pequena forma de cor escarlate que se formou no chão e criando um barulho que ecoava pelo galpão, me fazendo lembrar que ali era o meu fim.

Senti o gosto salgado das lágrimas e só então tomei ciência de que estava chorando, após horas de tortura, já estava perdendo a fé de que sairia dali vivo.

Maria Eduarda, eu te amo.

Era nele que meus pensamentos se prendiam com todas as forças que eu ainda tinha em mim. Se por acaso eu morresse nesse galpão úmido e mofado, pelo menos, faria isso sabendo que a amei com todo o meu coração. Com tudo de mim.

O som da sua risada era o que ainda me mantinha acordado e com o coração batendo em meu peito. A voz aveludada, era o que me mantinha vivo.

Estou tentando, mon amour. Juro que estou.

Uma dor aguda e latejante me fez gritar, quando abri os olhos dei de cara com um par de pupilas negras me encarando de volta. Era como olhar nos olhos de um monstro sem escrúpulos algum. O único sentimento que conseguia enxergar dentro dos seus olhos, era o ódio, a raiva, a mágoa...

Seus lábios subiram num sorriso doentio enquanto ele passava a ponta da faca afiada pelo meu peito, formando um corte fundo e extenso do tórax até quase o umbigo. Se eu não morrer, as cicatrizes que ele me causar me faram lembrar do inferno que vivi em terra, dentro desse galpão.

— Seus gritos são melodia para os meus ouvidos — falou, dando batidinhas em meu rosto.

O som da sua risada arrepiou cada centímetro de pele em mim e me deu ainda mais certeza de que o meu fim estava próximo. Sua intenção nunca foi me deixar vivo.

— Por favor... — quase não reconheci o fio de voz que saiu de meus lábios, suplicando, implorando para ele parar.

Ele aproximou o rosto do meu e fez uma concha com a mão ao redor da orelha.

— O quê? Não ouvi o que você disse — zombou, soltando mais uma risada alta — Você está... — ele fez uma pausa dramática antes de prosseguir — Implorando?

Seus dedos apertaram as minhas bochechas e ele jogou minha cabeça para trás, rindo.

— Caleb Jones, CEO de uma empresa, todo orgulhoso de si... — Ele se afastou de mim enquanto falava — Implorando pela própria vida.

Jason se abaixou e pegou algo entre as mãos, forcei os olhos tentando identificar o que era, mas a dor em cada junta, célula e parte de mim era tanta, que mal conseguiria enxergar um palmo na frente de mim.

Mesmo minha vida dependendo disso.

— Não é sempre que isso acontece.

Ele voltou para perto de mim e ergueu uma pequena embalagem propositalmente para o meu campo de visão.

— Te falei que o meu sequestrador já foi do exército? — divagou, sem motivo aparente.

Era o que eu pensava, mas quando finalmente li o que estava escrito na embalagem, entendi o motivo da pergunta retórica.

Sal.

Não precisa ser um gênio para saber o que os militares faziam para torturar alguém.

— Posso ter aprendido um truque ou dois com ele — Ele enfiou a mão no pacote e tirou uma quantidade de sal de dentro — Já que servi de cobaia para ele.

Quando senti a aspereza dos seus dedos em minha pele, o grito que escapou de meus lábios assustou até a mim, mesmo sendo o meu grito.

E não satisfeito, ele se abaixou e girou novamente a chave elétrica, fazendo uma longa descarga elétrica percorrer pelo meu corpo.

Só tomei consciência de que havia apagado quando senti água sendo jogada em meu rosto.

— Acorda, porra! — gritou.

Ele já estava ficando sem paciência, ou estava finalmente se cansando de mim. Não sei se isso seria um alívio ou o meu fim.

Percebi algo puxando as correntes dos meus braços, mas estava exausto demais para tentar entender o que estava acontecendo, só quando senti o baque em minhas costas e a falta de ar me pegando em cheio, que tive a noção de que estava no chão.

Jason havia me empurrado com força para a parede e o baque, mais a falta de forças, me fizeram bater as costas contra ela.

Um click me fez erguer a cabeça.

A única coisa que conseguia enxergar era o cano de uma arma apontada para a minha testa.

— Cansei de você, seu merdinha — sussurrou — Mas ao contrário de mim, você não vai sair daqui vivo.

Suas últimas palavras deveriam ter me causado algo, qualquer sentimento que seja, mas já estava tão machucado e esgotado, que a única coisa que conseguia sentir era um enorme alívio.

Descanso.

Finalmente, iria descansar.

— Está sorrindo por que, filho da puta? — gritou, enquanto andava de um lado para o outro — Você vai morrer! Acha isso engraçado? — ele começou a rir — Você é mais louco do que eu, pelo visto.

Jason se aproximou de mim e ergueu o pé, me preparei para o baque que viria e quando a dor aguda atingiu minhas costelas, era como ter seus pulmões comprimidos em uma caixa. A vertigem e o enjoou que sucedeu com a falta de ar quase me fizeram perder a consciência novamente, sabia que não me restava muito mais tempo, então fiz a única coisa que me restava.

— Eu te perdoou, Jason — falei, forçando as palavras para fora da minha boca e torcendo para ser audíveis para ele.

Olhei em sua direção e por um instante podia jurar que havia choque em seu rosto e quase sorri com a possibilidade, mas, sabia que estava alucinando.

Sua humanidade já havia desaparecido há muito tempo.

Ele voltou a erguer a arma e a determinação em seu rosto, me fez ter a certeza que ali era o meu fim.

— Te vejo no inferno! — gritou.

Fechei os olhos e esperei o baque, que veio logo em seguida.

Nosso Felizes Para Sempre | Livro 3 (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora