Primeira atividade: 16/08/2023
Conclusão: 19/10/2024
Livro lll da Trilogia Jornadas do coração.
Caleb não imaginava que durante todos esses anos o seu irmão ainda estaria vivo. Jason sofreu além do que seu corpo físico e mente conseguiram suportar e...
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Ele está vivo.
Por mais machucado que esteja, ainda é o meu Caleb.
E está vivo.
Não conseguia conter o alívio de tê-lo ao meu lado. Mas a culpa ainda me corroía, por mais que ele tenha me falado inúmeras vezes que eu não tive culpa, que se eu não tivesse atirado no Jason, ele poderia ter morrido nas mãos do irmão.
Isso não faz a dor diminui. Ainda assim, era o irmão dele.
O irmão que ele amou por todos esses anos, o irmão que ele sofreu ao ver morrer.
E teve que passar por esse sofrimento de novo.
Caleb estava contato a sua mãe sobre o Jason. Ela estava sentada na cama, segurando as mãos do filho, enquanto lagrimas jorravam pelo seu rosto. Conseguia sentir sua dor. Achei melhor me afastar deles nesse momento, então decidi me sentar na poltrona perto da porta.
Os ombros dela sacudiam violentamente e ela chorava como uma criança desamparada. Seu olhar estava perdido e seu coração despedaçado, por ter que passar pelo luto novamente com o filho.
— Mãe. — Caleb sussurrou. — Jason disse que não havia morrido no acidente e, que o nosso pai sabia disso. — ele tentava controlar a raiva enquanto falava.
O olhar dele era duro, cheio de mágoas por tudo que ele passou por culpa do pai.
Scarlett não demonstrou surpresa ao ouvir isso do filho.
— Quando chegamos lá, descobrimos que o corpo havia sumido e você estava em choque, ficou tão mal que teve que ser internado. — Ela soluçava enquanto falava. — Não tinha a menor probabilidade de a gente contar isso a você.
Caleb permaneceu quieto, digerindo tudo que sua mãe estava dizendo.
Conseguia ver o choque em seu rosto, então, decidi me levantar e ir até ele, lhe confortar.
Me sentei ao seu lado e coloquei a mão em seu ombro, dizendo em silêncio que eu estava ali, por ele.
Por nós.
— Mantive detetives procurando por ele, por todos esses anos. — Ela abaixou a cabeça, visivelmente culpada por esconder isso do filho. — Mas nunca conseguimos encontrá-lo, nenhum rastro.
Ela fechou os olhos e balançou a cabeça, apertando os lábios enquanto sentia as lagrimas escorrer pelo rosto.
Nem conseguia imaginar o quanto ela sofreu por todos esses anos pelo desaparecimento do filho. O quão solitário foi para ela não poder compartilhar essa dor com ninguém, nem com o próprio marido.
Scarlett era uma mulher forte, que passou pelo inferno por muitos anos. E ela permanecia em pé, feito uma rocha e sem demonstrar fraqueza em momento algum.
Era a primeira vez que eu a via tão abalada. Que eu a via sofrendo tanto assim.
— Sobre o seu pai, eu descobri um pouco antes da gente se separar. — Ela levantou a cabeça e encarou o filho que ainda permanecia mudo. — Numa das nossas brigas ele acabou confessando que devia ter pagado o assassino para terminar de matar o Jason. — Scarlett mal conseguia terminar de falar.
Caleb passou as mãos pelos cabelos, abalado e se levantou, caminhou até a janela e escorou as mãos no parapeito, deixando a cabeça tombar para baixo.
Alguns minutos depois, vi seus ombros sacudirem e as lagrimas pingarem no chão.
Me levantei e caminhei até ele, envolvendo meus braços ao redor da sua cintura e apoiando a cabeça em suas costas.
Ele desabou, como eu nunca virá antes. Sentamos no chão e permanecemos ali, agarrados um ao outro por um longo tempo.
Scarlett ficou na cama, envolta na própria dor e lidando com os próprios demônios.
Abracei Caleb, o deixando desmoronar em mim. Ele me apertava forte e sentia as lagrimas molharem minha camiseta, enquanto ele tremia descontroladamente.
Queria poder arrancar essa dor de dentro do seu peito, fazê-lo esquecer de tudo que o machucou, o magoou e o fez sofrer.
— Estou aqui. — sussurrei, com os lábios em seus cabelos e acariciando suas costas.
— Como? — ele perguntou, a voz baixa e a dor escorrendo pelos seus lábios. — Como eu nunca percebi?
Ele sussurrou contra a minha pele, se culpando por algo que nunca foi culpa dele.
Peguei seu rosto entre as mãos e o obriguei a olhar para mim. Seus olhos era pura confusão, estavam vermelhos, inchados e cheios de lagrimas que a muito tempo queriam escapar da barreira que ele mesmo criou.
— A culpa não foi sua. Você me entendeu? — perguntei, encarando suas irises azul oceano. — Por favor, não se culpa amor. — supliquei, acariciando sua pele pálida. — Não carregue mais dor dentro do seu peito.
Ele me abraçou forte e concordou com a cabeça, me dando um beijo casto nos lábios antes de levantar.
Caleb caminhou até a sua mãe e pegou suas mãos nas dele, acariciando a pele branca dela. Scarlett guiou os olhos até o filho.
— Você também não teve culpa, mãe. — ele repetiu as mesmas palavras que ele havia me falado e que falei também. — O único culpado disso tudo foi quem sequestrou meu irmão e o meu pai, que teve a chance de tirá-lo daquele inferno e decidiu virar as costas para ele.
Conseguia notar a raiva crescendo na voz dele e sabia que ele não descansaria até conseguir vingar o irmão.
— Eu sei, meu filho. — ela falou, seus lábios repuxaram para cima num pequeno sorriso. — É só que, ainda é muito difícil isso para mim. — Scarlett acariciou as mãos do filho, focando os olhos em algum ponto distante da parede, como se estivesse relembrando do passado. — Perder o Jason, me devastou de inúmeras maneiras. Foi como perder uma parte do meu coração, que nunca mais voltará. — As lagrimas continuavam escorrendo pelo seu rosto, pingando em sua camisa. — E saber que tínhamos a chance de encontrá-lo com vida e seu pai não fez nada... — Um pequeno soluço escapou de seus lábios. — Foi como morrer de novo, foi como enfrentar novamente o luto, a dor da perda, a devassidão.
Scarlett abaixou a cabeça e fechou os olhos.
— E agora vou ter que passar por tudo isso novamente. — Ela ergueu os olhos para o Caleb. — Não sei se vou conseguir sobreviver a isso novamente.
Sua voz era um fiapo, cheio de dor e tristeza.
Me levantei e fui até ela, passando os braços ao redor do seu ombro e a abraçando de lado, pousei a cabeça na sua.
— Você não vai passar por isso sozinha, estaremos aqui. — falei, esticando a mão até o Caleb que a pegou e sorriu.
— Exatamente mãe. — Ele esboçou um pequeno sorriso. — Seremos a muralha uns dos outros e nada mais vai nos machucar. — Eu prometo.