Capítulo 9

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Por favor, não me analise
Não fique procurando
cada ponto fraco meu.
Se ninguém resiste a uma análise
profunda, quanto mais eu!
Ciumento, exigente, inseguro, carente
todo cheio de marcas que a vida deixou.
Veja em cada exigência
um grito de carência,
um pedido de amor!

Amor, amor é síntese,
uma integração de dados:
não há que tirar nem pôr.
Não me corte em fatias,
(ninguém abraça um pedaço),
me envolva todo em seus braços
E eu serei perfeito, amor!

Deixe seu voto!

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<< Jimin >>

Há dois tipos de dor: a dor que te torna mais forte e a dor inútil, a que se reduz a sofrimento, não tenho paciência pra inutilidades. Nunca tive. Me tornei forte na base da força.

Mas hoje, eu pude perceber, que as minhas dores só me fizeram chorar quando criança; quando me sentia sozinho e oprimido. Agora, estou sentindo a dor de não poder ser o escudo de alguém, de ser seu refúgio, sua força. Pela primeira vez eu chorei; mas não como há anos atrás; o choro ganhou uma proporção grande, gritando dentro de mim e me lembrando, que não sou tão forte como imaginei.

Há anos atrás, eu não podia ser infeliz em público. Então, a cada pancada que me davam, eu me fortalecia ainda mais. O sofrimento, excentuando-se o que traz de dor, tem um certo glamour, é cinematográfico. Como se você pudesse escolher o roteiro, e decidir se te afeta ou não.

Mas a dor também te trava. Você atravessa a madrugada escutando músicas antigas, bebendo e revendo fotos antigas.

Ou simplesmente, você se trancafia no banheiro, senta sobre a tampa do vaso sanitário e dissolve-se de tanto chorar. Isso quando já não tem o alto controle sobre você mesmo.

Então você se revira na cama sem conseguir pregar o olho, pensando, lembrando, doendo. Isso é a dor singela te dizendo: " você é fraco, e eu vou te derrubar".

Mas tem dores que você caminha por uma rua da cidade, sem rumo, parando para uma cerveja num boteco estranho, onde ninguém lhe conhece; que bom ser invisível.

Se é pra sofrer, que seja sozinho, onde seu rosto possa estampar desalento, inchaços, nariz vermelho, olhar perdido, boca crispada. Se é pra sofrer, que o corpo possa verter, vergar, amolecer. Se é pra sofrer, que possa ser descabelado, que possa ser de pés descalços, que possa ser em silêncio.

Que o vento leve embora, aquele que bate à nossa porta bem no meio da nossa fossa, aquele que telefona bem no auge das nossas lágrimas, aquele que nos puxa para uma festa obrigatória. Malditos todos aqueles com quem não podemos compartilhar nossa dor, e nos obrigam a fingir que nada está se passando dentro da gente.

Disfarçar um sofrimento é trabalho de Hércules. Um prêmio para todos aqueles que conseguem fazer com que os outros não percebam sua falta de ânimo nos momentos em que ânimo é tudo o que esperam de nós: nas ceias de Natal, jantares em família, reuniões de trabalho. Você não quer estar ali, quer estar em marte, quer estar em qualquer lugar onde não seja obrigado a sorrir.

Há sempre o momento de pedir ajuda, de se abrir, de tentar sair do buraco. Mas, antes, é imprescindível passar por uma certa reclusão. Fechar-se em si, reconhecer a dor e aprender com ela. Enfrentá-la sem atuações. Deixar ela escapar pelo nariz, pelos olhos, deixar ela vazar pelo corpo todo, sem pudores. Assim como protegemos nossa felicidade, temos também que proteger nossa infelicidade. Não há nada mais desgastante do que uma alegria forçada.

Ardente 13 [ Jikook ]Onde histórias criam vida. Descubra agora