Em todas as suas cores. | jjk &' pjm

8. Rosa choque.

. . .

A sala era silenciosa, clara e de certa forma, reconfortante. Uma vez por semana eu estava ali, deitado no sofá da sala, olhando o teto e pensando o que diria para ele nessa consulta.

Nas primeiras vezes que falei com o Cast, eu só conseguia chorar, tremer e não dizia absolutamente nada.

Ele sempre foi tão acolhedor, ele é um homem muito bom e te escuta como ninguém. Já faz um ano que ele vem me tratando e em quase todas as consultas ele diz que se orgulha de mim e de como eu tenho lidado com tudo isso, mesmo que ainda tenha traumas.

Ele estava lá, como sempre. Sentado em sua poltrona, seu caderninho de anotações na mão, sua caneta preta fosca. Ele amava preto, nunca tinha o visto sem estar vestido todo de preto.

Ele resolveu cortar o silêncio e me perguntar;

- O que quer me contar hoje? O que quer conversar sobre aquilo?

- Eu acho que preciso te contar sobre o que vem acontecendo, quero seu conselho. - Falei, dando um sorriso bobo.

- Uau, sério? Isso me impressionou, pode começar.

- Então, meio que eu conheci um cara. Esse cara é meio implicante, chatinho e extremamente atencioso, eu não tenho muitas palavras pra poder descrever tudo o que ele vem me fazendo sentir. - Dei uma pausa, observando o Castiel beber um pouco de água em seu copo, prestando atenção no que eu dizia.

- Recentemente eu estava prestes a ter uma crise, e eu não chamei o Hoseok, eu chamei ele. E ele veio. Ele me acolheu, me deu carinho e eu me senti tão bem.

Minha respiração estava leve, eu me sentia bem falando sobre ele.

- Eu o conheci naquele parque, que só entra com animais, sabe? Meio que não nos conhecemos de uma forma muito amigável, mas deu tudo certo. Eu sinto como se não merecesse nada do que ele já fez por mim, eu não mereço ele. Quer dizer, não temos nada. Mas é que ele me provoca, sabe? Ele me faz rir. Eu queria poder ter respostas para todas as coisas que passam pela minha cabeça.

- Me diga, o que você vem sentindo quando pensa nele? - Ele perguntou, depois de anotar alguma coisa em seu bloquinho de notas.

- Sinceramente, eu quero conhecer ele. Quero conhecer ele, os versos, as linhas, as cores dele. Quero ter certeza de que ele nunca faria o que ele fez.

O silêncio era assustador, eu já esperava, mas ainda sim achei que teria como não chorar. Meus olhos eram brutalmente esfregados pelos meus dedos, tentando parar de chorar.

- Foi tão injusto. Eu não quero sentir isso na minha vida nunca mais. Eu tenho tanto medo.

- O que é o amor pra você? - Ele perguntou.

- Eu não poderia responder essa pergunta, já que o único "amor" que eu já tive o desprazer de conhecer foi horrível e doloroso. Mas, se você quer que eu defina pelo pouco que sei da palavra, eu diria que é dor. Penso em amor, namoro, paixão e me vem uma dor no coração. Vem arrependimento, tristeza. Pra mim, o amor não é algo bom. Amor é uma completa ilusão, não é verdadeiro, não é real. Ele é literalmente a palavra manipulação. No começo pode ser um mar de rosas, mas em todas as rosas têm espinhos. Eu queria poder amar alguém que cortaria todos os espinhos das rosas que fosse me dar, mas isso está literalmente além do que alguém teria coragem de me oferecer. Eu acho que me vêem apenas com um pedaço de carne. Talvez seja isso que eu seja, não sei.