16. Branco esverdeado.

79 10 16
                                    


. . .

- Park Jimin. Como tem passado os últimos dias? - Perguntou.

Estranhamente sua sala parecia família, talvez porque realmente fosse. A sala mais gelada do que o normal, as cortinas paradas feito gelos, ele batendo suavemente a lapiseira contra o bloco de notas em suas mãos. Meus olhos passavam e passeavam pela sala, em completo silêncio.

Estava me perguntando o que estava realmente fazendo naquela sala, já que memórias dos meus problemas já não estavam mais em mim.

Mas aquilo de não me lembrar me consumia, me fazia me sentir um inútil por nem conseguir fazer isso, pensamentos ruins ficavam rondando minha cabeça.

O silêncio era minha resposta, meu pedido de ajuda, meu sofrimento, e talvez, meu único conforto.

Quem eu era? O que eu era? Por que isso tinha acontecido comigo? Eu merecia isso?

Comecei a chorar. Chega de guardar para mim.

- Eu me sinto insuficiente, insignificante, fraco, inútil. Eu não consigo me lembrar de nada, vejo seus rostos e é como se meu cérebro não me deixasse por nada ver as memórias desses rostos. Minhas memórias sobre mim mesmo ainda são meio conturbadas. Eu olho para fotos em papel, postada em redes sociais e simplesmente não me recordo de nada. Você não faz ideia de como eu me sinto.

- Eu não sei como você se sente, mas eu estou aqui para te ajudar, Jimin. Me conte tudo o que te aflige, coloque seus medos e sentimentos para fora. - Castiel dizia, me entregando pedaços de papel para as lágrimas que escorriam do meu rosto.

- Eu estou me sentindo perdido, sem rumo, eu realmente não sei o que fazer. - Falava enquanto as lágrimas rolavam pelo rosto.

Meus olhos não caiam sobre ele, mas eu podia sentir a energia dele, aquela energia de ver a pessoa em desespero te causa desespero.

- Jimin, eu posso te fazer algumas perguntas? - Questionou. Eu ouvia sua pergunta enquanto fungava o nariz, apenas em busca de um ar para respirar.

- Claro. - Respondi, perfurando minhas unhas em meus dedos, querendo me machucar, me castigar de certa forma.

- Você tem tido crises recentemente?

- Não.

- Hm. Você se lembra dele?

- Não. - Eu estava complexo, dele? Ele quem? Eu deveria me lembrar dessa pessoa? Quem era ele? Eu estava realmente pensativo, o que e quem era esse alguém para que ele perguntasse de uma forma tão angustiante.

- Jimin, essa situação é muito complicada. Seus traumas são quase todos em torno dessa pessoa, suas crises sumiram e junto delas suas memórias. Eu sei que é algo horrível e me desculpe as palavras, mas, você notou que sem elas você consegue ser alguém? Você não é os seus traumas.

Meu silêncio era a resposta, novamente. Meus olhos grandes encarando o psicólogo desmascaram minha curiosidade. Eu estava prestando atenção em cada palavra dele.

- Eu me perguntava sobre como tiraria seus traumas de você, como faria com que você superasse todas as vezes em que você saía do consultório. Como eu poderia te fazer ver que você era bem mais forte do que esse trauma? Antes, você chegava quase todas as consultas com os olhos inchados, avermelhados, os braços cobertos e se culpando até pelo ar que respirava, tudo pela marca que essa pessoa deixou em você. Muitas vezes você disse que queria morrer, que havia se perdido, que não sabia quem você era mais. Jimin, você vê como consegue viver sem um trauma?

Eu estava perplexo. Eu não sabia disso. Sei que algo no fundo parecia estar entalado em mim, era isso? Eu realmente não havia tido crises, não havia pensado em "alguém", alguém que não seja Jungkook. Eu estava em choque, talvez. Se eu me lembrasse de tudo o que um dia me machucou, eu iria conseguir notar o quão forte eu era? Como ele está dizendo, eu sou mais do que uma dor.

Em todas as suas cores. | jjk &' pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora