céu estrelado e um adeus

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As caixas no meu quarto estavam todas empacotadas, mas eu tinha deixado a carta que Oscar me escreveu, sobre a minha cômoda velha de livros. Eu passei horas olhando pra ela, caminhando de um lado pro outro, sem saber se eu realmente queria saber o que estava escrito alí.

Meu quarto estava vazio, eu estava pronta aquela noite para ir pra Portland, mas antes eu precisava ler aquela maldita carta ou queimar sem ler e me torturar por anos.

Levei minhas mãos até a carta, passando meus dedos onde estava escrito o nome do Oscar, colocando umas das mãos em minha barriga, sentindo um chute de leve, até meu bebê estava sentindo o meu nervosismo.

Abri a carta, rasgando o envelope e segurando a parte amarronzada, comecei a ler em voz alta e respirando fundo:

—"Meu amor,  sei que quando ler essa carta você estará em Portland... Eu quero que saiba que eu recusei suas visitas porquê eu nunca teria a coragem de falar isso, olhando nos seus olhos através de um vidro. Eu me culpo por várias coisas, mas a culpa que eu carrego de ter te machucado é maior de todas. Eu devia ter ido embora com você pra Portland quando tive a oportunidade, mas quase arrisquei sua vida e a do meu filho. Quase te perdi por duas vezes, você estava certa da última vez que brigamos, eu era o problema! E agora estou aqui preso e não sei se te verei novamente algum dia. Mas peço que cuide do nosso filho, conte a ele como eu o amava, construa sua vida em Portland, se torne a escritora que sempre desejou, construa uma nova família e seu futuro sem mim, é o meu desejo, porquê eu quebrei a nossa promessa!"

Amassando a folha com raiva por ele ter desistido de mim novamente, eu já esperava aquilo mas dessa vez o erro dele tinha sido pra salvar minha vida e do nosso bebê, porque se ele não tivesse matado Cuetes, eu poderia estar morta agora. Eu ainda tinha dívida com ele. Mas eu precisava seguir em frente, e por isso, Portland seria o meu recomeço.

Pegando o isqueiro, segurando a última caixa de mudança junto com a carta, vendo meu quarto vazio. Caminho até o lado de fora da casa, tendo lembranças constante de quando Oscar atravessou aquela porta e me colocou contra a parede, na varanda a mesma imagem ilusória se repetia, notando a presença dele parado no carro da cor cereja em frente a porta. Eu conseguia mentalizar a sua risada ao entrar pela janela do meu quarto, todas aquelas imagens estavam desaparecendo aos poucos.

Lágrimas começou a cair sobre a minha bochecha. Indo até o tonel de lixo perto da porta da casa, com a carta em minha mão, pegando o isqueiro e a queimando, observando o fogo se formar em intensidade suave, observando a carta virar cinzas e suas pequenas partículas de fumaça parear em direção ao céu estrelado, enquanto derramava lagrimas em minha boca.

Olhando para perto da árvore que ficava o carro do Oscar, quando ele sempre vinha me buscar, tendo outro momento nostálgico, dele entrando no carro e indo embora. Enxuguei as lágrimas em meu rosto, colocando as mãos em minha barriga e indo até o caminhão de mudança. Ao entrar, olhando em direção ao retrovisor, por alguns segundos, lembrando do rosto do Oscar sorrindo, fechando os olhos devagar e abrindo,  o vendo sumir.

Ouço o barulho do motor do caminhão dar partida, era a hora de aceitar um novo recomeço e dar um adeus definitivo para freerridge.

El verano de los santos 🍁Onde histórias criam vida. Descubra agora