sorte ou azar?

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Finalmente a época de frio no subúrbio de Freeridge tinha voltado, aquele calor infernal me fazia ter tonturas e pressão baixa. Claramente me adaptar a mudança de cidade, era um tanto difícil, mas ainda sim, está com a minha abuelita era como se sentir em casa de alguma forma, estar com ela me fazia sentir em paz.

(...)

Depois de passar a manhã toda na escola, revisando minhas matérias, corrigindo as as provas do César e outros garotos de sua turma, eu estava precisando de uma tarde de descanso, mas sabia que não teria. Pela tarde, eu tinha uma entrevista marcada em uma lanchonete, do outro lado do bairro, praticamente próximo ao meu, era uma boa grana extra. Eu já estava terminando meu ensino médio, logo, teria que pagar as mensalidades da minha faculdade para me formar em jornalismo.

Era a hora de me trocar, colocar uma roupa formal e ir nessa bendita entrevista, eu daria o meu melhor. Minha abuelita tinha indo em uma viagem com as irmãs da igreja, para uma consagração do coração de jesus, obrigada Jesus! Era legal ter a casa só pra mim, ouvir um pouco de música, rodopiar pela casa com passinhos de balé ao meu headphone, e esparramar no sofá sem ela brigar comigo por isso.

(...)

Depois de tanto tempo no banho, me arrumando conforme queria, escutando o barulho de batidas na porta, não era minha avó pois ela tinha as chaves e eu não estava esperando por ninguém. Bufando de raiva, caminho do meu quarto em direção à porta de entrada, abrindo e perguntando de maneira irônica:  — "Quem é?"

Me deperando com o Oscar parado em frente a mim, com a cara amarrada, ele não estava tão amigável, mas reparei em sua vestimenta, uma camisa preta e bermuda larga da mesma cor, as meias brancas até o tornozelo, típico de um chicano, pra falar a verdade nunca tinha visto um cholo que combinasse tanto com aquele visual, seu corpo tinha prendido minha atenção, me fazendo gaguejar, mas voltando ao eixo ao escutar sua voz rouca me questionando:

 "Olívia! Você viu o César? Ele não atende o telefone e está cheio de viatura na rua."

  —"Eu só vi ele na escola pela manhã, mas não o vi agora de tarde." — Falei desviando o olhar e tentando não ficar nervosa ao ver ele irritado daquele jeito.

O barulho da sirene se alarmou perto da minha varanda, Oscar não pensou duas vezes, segurou em minha cintura com um movimento ríspido, abrindo a porta por completo com força bruta e a fechando com pressa... Ele me prendeu em seu peitoral, me encurralando na parede do canto da porta, enquanto ele olhava pelo olho mágico, sentindo sua respiração ofegante sobre meu rosto, o encarei fixamente, ele estava espantado e comigo presa ao seu corpo como se fosse uma boneca de porcelana, que poderia quebrar caso caísse de suas mãos.

Assustada com a maneira que ele estava me apertando, tentando me mexer como um desprender, mas ao olhar em seu rosto, Spooky me encarou fixamente, iniciando uma troca de olhares instantânea, nossos nariz se roçando com a aproximação, a tensão corporal foi sentida naquele exato momento. Meus olhos castanhos se colidindo com os deles, o barulho daquelas viaturas lá fora, as luzes azuis e vermelhas refletiam sobre a janela da minha sala.

Oscar voltou ao seu eixo, percebendo que tinha ficado excitado com o toque de suas mãos em minha pele, me desprendendo do seu corpo devagar, me deixando solta como uma folha por completo, passando uma das mãos em seu próprio rosto e em seu convanhaque, como uma maneira de aliviar o susto que sentiu, se tinha uma coisa que ele não queria agora, era ser preso novamente.

  —"Desculpa por entrar assim e por assustar você!" — Disse ele, se sentindo aliviado e esparramando sobre o sofá como se fosse dono da casa.

Sem reação, meio assustada com o ocorrido, me sentando no sofá oposto e o contestando: — "Eu tinha entrevista de emprego mas provavelmente, você tomará o meu tempo aqui, você tem sorte da minha abuelita não está aqui."

Spooky acena com o rosto como se estivesse me agradecendo por tê-lo ajudado.

   —"Vamos esperar um pouco até essas viaturas ir embora e eu prometo chica, te levarei a sua entrevista de emprego!" — Disse ele com o sorriso breve.

   —"Não precisa, eu posso pegar uma carona com um amigo!" — Falei meia que me convencendo que aquelas viaturas logo iriam embora, tirando meu celular do bolso, mas logo sentindo as mãos do Spooky sobre as minhas, afirmando antes de eu tentar discar o número:"— Eu te levo, Olívia! Por favor... Me deixa fazer isso!" 

O encarando com uma indecisão pareando em meus olhos, mas aceitando sua carona, por mais que tentasse, eu nunca conseguiria me livrar do caos que era Oscar.

El verano de los santos 🍁Onde histórias criam vida. Descubra agora