long beach

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Os sábados e domingos se tornaram bastante movimentados em Freeridge, crianças comprando picolé na rua e os idosos jogando dominó na porta de casa. O tempo estava leve e com folhas alaranjadas caída sobre as calçadas. Os caras de gangues, batendo em alguém na esquina da primeira rua. Aquilo era uma merda como de costume.

Ao voltar da igreja com minha abuelita no domingo, recebi uma mensagem do César, dizendo que ele, Monse e o Oscar iriam a praia no outro lado bairro, pensei comigo mesma: "Logo o Spooky aff", mas estava precisando ver a praia. Desde que tinha ido embora da minha antiga cidade, eu não tinha visto e nem sentindo o cheiro do mar aos fins da tarde, estava na hora de enfiar os pés na areia naquele sábado caótico.

Fui em meu armário, coloquei um blusa ciganinha de manga longa amarela junto ao um casaco jeans, um short preto rasgado e curto. Fiz o mesmo penteado de costume, meus cachos soltos e finalizados, coloquei minhas argolas enormes preferidas e um pouco de maquiagem.

Me despedi da minha abuelita, contei que iria com a Monse a praia, mas não falei que os meninos iriam, ela não me deixaria ir caso soubesse que Oscar estaria lá, ele era líder de uma gangue. Minha avó era protetora demais, igual ao meu pai. As vezes meu peito doía de tanta falta que eu sentia dele, sempre falava com ele por telefone a noite, antes de dormir, mas nada se comparava aos abraços aconchegante e sua ausência não era um sinal de boa vida pra mim. Ao sair pela porta de entrada, indo em direção a varanda de casa. Vendo Monse a minha espera perto do degrau das escadas:

"Nossa, você realmente é uma garota que gosta de chamar atenção."v— Monse falou rindo ao ver meu estilo despojado.

Abracei ela de maneira gentil e rindo por ouvir ela dizer aquilo.

"Monse, eu sou a típica garota que nunca chamaria atenção mesmo se eu quisesse."

Fomos até impala cereja, lá estavam os irmãos Diaz, como de costume: bebendo, fumando maconha, rindo e conversando sobre a surra que spooky teria dado em alguns dos profetas.

Monse se sentou no banco detrás junto com César, eles praticamente passaram o caminho todo discutindo sobre uma garota que o mesmo teria beijado quando eles estavam separados e o quanto ela estava magoada por aquilo. Eu por outro lado, fui no banco da frente junto com Oscar, coloquei meu fone e fiquei ouvindo calli love, tentando desviar dos meus pensamentos e sentimentos sobre ficar tanto tempo longe do meu pai.

Oscar dirigia em velocidade mediana com cigarro de maconha na boca, em algum momento ele se deu por luxo, ao ficar me observando no banco do carro. Ele tinha percebido que eu estava muito calada, aquilo o deixou intrigado. Ele também ficou reparando a forma como eu ficava ao escutar minha música favorita no meu headphone, balançando minhas pernas, passando meus dedos sobre o vidro do carro, fechando os olhos e afinando minha voz conforme a batida da música pareava sobre meus ouvidos, parecia que eu tinha me desligado do mundo.

(...)
Finalmente tínhamos chegado a praia, escuto o motor do carro se desligar, observando Monse e César saindo do carro como dois loucos. Eles resolveram curtir um pouco, correndo em direção ao mar, brincando de uma mini luta como dois bobos, eles eram assim: brigavam e depois ficavam em clima de romance, como dois adolescentes apaixonados, o que eles eram na verdade, aos quinze anos tudo parece ser mais intenso e inesquecível.

Oscar e eu resolvemos sair do carro, resolvi reparar como ele estava vestido, camisa cinza larga, bermuda enorme preta e as meias brancas até o tornozelo, aquele estilo cholo que combinava perfeitamente com ele. Sem falar na sua barba e as covinhas, era nítido quando ele sorria, não vou mentir, ele era lindo em todos sentidos, eu me sentia atraída? Sim! Mas nunca iria admitir isso.

— ''Ei chica, estou fome, vamos comprar algo pra comer e depois iremos até eles" fazendo gesto com a cabeça, me mostrando barraca que vendia uns sanduíches e alguns frutos do mar.

Revirei os olhos e comecei a falar ironicamente com um mini sorrisinho de canto: —"Você não tem comida em casa, Oscar? Tem sorte que eu não dispenso um bom x-burguer." - soltei alguns suspiros.

Ele riu com o jeito como o meu sotaque não se encaixa muito bem com o meu espanhol, mas ele amava aquilo...

Ao irmos até a barraca, compramos dois sanduíches, logo em seguida caminhamos até a areia, sentando de frente para o mar, aquele azul da cor do céu e o cheiro de praia era tudo que eu precisava naquela tarde. Até perceber a quantidade de cebolas em meu sanduíche, aquilo começou a me dar ânsia, Oscar observou a expressão de nojo em meu rosto e falou: — "Você não gosta de cebolas?'' — ele soltou uma risada.

Segurei o meu riso e falei alto e em bom som: — ''Eu odeio cebola!''

—''Já provou chalota?'' — Disse Oscar com seus olhos quase se fechando e abrindo um sorrisinho ao falar.

Sem entender intrigada por nunca ouvir aquela palavra, falei tentando segurar o riso, mas soltando uma gargalhada doce e suave: — ''O que é chalota, merda?''

Oscar começa a rir ao ver minha cara de indignação por não saber sobre o que ele estava se referindo: — "Você não é a tutora escolar nerd do meu irmão, deveria saber!"

Colocando todos anéis de cebola em seu sanduíche enquanto tentava segurar o riso, Oscar continuo falando sem parar e se gabando por entender de variedades de cebolas.

— "Ok, então acho que você pode muito bem ajudar o césar com as lições de álgebra e ciências, vocês não precisam de mim."  — Falei com ironia enquanto deixava um suspiro junto com um risada baixinha sair da minha boca.

 "Não, a gente ainda precisa de você!"   Oscar percebeu que tinha se incluído e tentou se corrigir com o que havia dito:  "Quer dizer, o César precisa de você!"

Ele voltou a comer o sanduíche,  desviando o olhar em direção ao mar, naquele momento havia um clima calmo e silencioso entre nós, era natural e libertador, tanto que ele me fez esquecer a dor me afligia sobre a saudade e preocupação que eu estava sobre meu pai, ele conseguiu me trazer paz no meio do caos.










































El verano de los santos 🍁Onde histórias criam vida. Descubra agora