Capítulo 15

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Dois dias se passaram, era o dia da prova de Sunny para poder voltar para escola de Tão-Distante, a única da cidade. Sunny saiu de casa para fazer a prova antes mesmo de Basil acordar, já que não queria se atrasar.

Isso acabou surpreendendo Basil de certa forma, já que Sunny sempre dormia cedo para acordar tarde, porém não se acanhou, e logo saiu de casa também.

Ele caminhou um pouco pelas ruas, e chegou na "Conserta-já". Eles tinham uma boa floricultura nos fundos da loja, e por isso Basil era um cliente frequente da loja. Desde que este local foi inaugurado, que Basil comprava sementes e mudas alí com Aubrey, e embora Aubrey tenha se afastado depois do incidente da Mari, Basil continuou vindo.

O aroma das flores preenchia suas narinas, e o som das folhas e pétalas ao vento era calmante, e a única iluminação do local era o sol. Era como um grande paraíso para Basil.

Ele começou a procurar as sementes que precisava, mas sempre parava em um corredor qualquer para admirar uma planta qualquer.

Quando finalmente encontrou as sementes que queria e virou o corredor para ir ao caixa, se deparou com uma presença inesperada.

Seus cabelos rosados voavam com a leve brisa, assim como seu laço ciano que sempre usava. Usava uma camiseta preta com uma estampa da Tv Girl e uma calça jeans rasgada. Também vestia uma gargantilha preto com espinhos e luvas pretas com buracos para os dedos. Estava mais alta que o normal, graças as suas botas de motoqueiro, por isso Basil levou um tempo para associar.

Aubrey estava alí, admirando belos lírios-do-vale brancos. Não era possível ver seu rosto, então Basil não podia tentar presumir o que a amiga estava pensando nesse momento.
Ela ficou na ponta dos pés para tentar pegar um dos vasos bem no topo, o que recebia melhor iluminação e florecia mais, porém perdeu o equilíbrio e quase caiu para traz, se não fosse Basil tentando pegá-la.

Não pegou-a do melhor jeito, já que teve que segura-la pela gola da sua camiseta do Tv Girl. Quem visse a cena de longe pensaria que o loiro queria socar a mais velha.
Entretanto, ele estava satisfeito de ver que ela não havia se espatifado no chão.

A garota se recompôs e levantou-se. Olhou para Basil séria. Ainda não tinham conversado decentemente esse tempo todo, por isso Aubrey não sabia o que dizer, e nem Basil sabia, por isso apenas se permaneceram se encarando por um tempo.

- Que caralho, Basil - falou ela, finalmente, voltando a sua missão de pegar o lírio no topo da prateleira - ficou quieto por que? Estava esperando que eu fosse começar alguma espécie de discurso?!

- Eh...n-na verdade eu tava...- falou, olhando para o lírios-do-vale que Aubrey queria pegar - mas tudo bem... só toma cuidado...

Aubrey pareceu irritada e confusa ao mesmo tempo, e parou para olhar para Basil.

- Qual é a da simpatia? - perguntou, genuinamente. Sempre pensou que por ter praticamente evitado falar com Basil desde o hospital, ele ficaria bravo, assim como ela ficou.

- Eu só não quero que você se machuque... só isso...- disse, olhando para seus próprios pés, e Aubrey levantou o rosto de Basil pela franja, para que ele voltasse a olhar para ela.

Ela o olhou nos olhos por um tempo com aquelas lentes ciano chamativas, como se pudesse ver a verdade pelos olhos naturalmente azuis dele.

- Entendo. Então, tá. Foi mal ai. - e novamente ela voltou a sua missão de pegar o lírio, dessa vez escalando na prateleira para ver se não alcançaria.

Basil já sentia que isso não daria certo, por isso já se preparou para pegar a garota de novo, o que Aubrey não pôde deixar de notar.
Para ela, Basil estaria com raiva de tudo que ela fez. Para ela, ele poderia muito bem ter dado o troco por aquela vez no lago. Para ela, o mundo se baseava em um sistema de raiva sendo passada de um coração para outro.

O que vem depois da Verdade?Onde histórias criam vida. Descubra agora