Capítulo 39

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– Meu deus...– comentou Kel, cobrindo a própria boca com espanto, encarando o braço quebrado de Sunny – Ele quebrou...?! Tipo, o braço do Sunny simplesmente quebrou?!

– Seu idiota... tá vendo não? – perguntou Aubrey, tão espantada quanto, segurando-se na manga da camisa do Basil – e o que era isso que ele falou de "eu quero uma trégua com você, Omori"?! Por que ele quer uma trégua com a porra da marca do piano da Mari?!

Kel deu de ombros, sem idéia do que fazer agora. Pelo menos haviam esclarecido a questão sobre o que era Omori: um piano, e ainda por cima o piano da Mari.

Isso não ajudou nada a entender o que estava acontecendo, deixando Hero um tanto quanto desesperado. Mas ninguém poderia perceber, ele não esboçava nada. Mesmo que seu coração batesse mais rápido e sua respiração estivesse rarefeita, ou que suas mãos estivessem suando um bocado e talvez até estivessem meio trêmulas. Nada disso importava e ninguem iria reparar. O importante era descobrir o que estava acontecendo. Mas como ele lidaria com os medicos e explicaria que o braço dele quebrou magicamente?

Enquanto Hero pensava, Basil se levantou e sutilmente olhou ao redor. Havia uma câmera atrás de Kel e outro atrás dele e Aubrey. Pelo ângulo, Basil supôs que não dava para ver o braço de Sunny.

Então o bicolor forjou um bocejo e tropeçou nos próprios pés, caindo em cima da máquina usada para medir os batimentos cardíacos de Sunny, fazendo a cair em cima do braço quebrado de Sunny.

– C-caralho! – tentou gritar Aubrey, com um pouco de dificuldade, então ela pegou no braço de Basil com a força que tinha – Basil... você é idiota?! Olha o...braço dele!

– Meu senhor, o que foi que eu fiz?! – falou Basil, fingindo sentir pesar e culpa, o que ele fingia muito bem – Caiu bem no braço dele... não é, Aubrey? – perguntou o bicolor, lançando um olhar de censura para a garota, que imediatamente entendeu o que ele havia feito.

– Você...é doido...muito... Muito doido...–ela sussurrou, surpresa com o quanto ele era um mentiroso compulsivo, mas então ela aumentou a voz e entrou em seu jogo – Kel, Hero... temos que chamar...os médicos... ou a enfermagem, ele pode ter se...machucado...

Kel estava confuso, e ia falar algo, mas Hero sinalizou para que ele não fizesse nada, e assentiu para Aubrey, apertando o botão que chama a enfermagem.

A agitação era tanta que ninguém viu que, em quanto dormia, lágrimas escorreram pelos olhos do moreno.

Ele encarava Omori, tenso, enquanto apertava firmemente aquela faca brilhante entre seus dedos, sem mover um único músculo desde que Omori mandou mata-lo.

Aquilo não parecia certo. Mesmo que seja Omori aquele que assombrou seus piores pesadelos, também era quem havia protagonizado seus maiores sonhos durante 4 longos anos.

"Eu não quero te matar." Pensou ele, com sutis lágrimas em seus olhos negros, lágrimas que ele engoliu sem hesitar. "Eu não consigo te matar".

– Então vamos ficar aqui para sempre.  – declarou Omori, sentando-se no chão com as pernas cruzadas. – Sunny, todo esse papo de eu ser você jovem não passa de ladainha. Quando você implorava em desespero para que o dia que você matou a Mari tenha sido um sonho ruim, eu surgi. Só isso. E se eu pareço você, é por pura conveniência. – ditou Omori, enquanto fechava os olhos, esperando a facada – só você é você mesmo.

Sunny respirou fundo, tentando conter as lágrimas intrusivas. O Basil devia ter percebido tudo isso quando "matou" Omori. Mas agora era vez dele, não era?

Ele deu alguns passos lentos adiante, com a faca em mãos, olhando para baixo com piedade em seus olhos. Não era como se ele soubesse como matar alguém, só havia matado uma vez por acidente, e se remoeria eternamente por esse acidente. Será que Basil, Aubrey, Hero ou até Kel sabiam? Ele queria tanto poder perguntar para alguém o que fazer, alguém que não fosse Omori que não iria dar resposta alguma além de "me mata".

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